quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

LIÇÃO 01 – AS OBRAS DA CARNE E O FRUTO DO ESPÍRITO

SUPERINTENDESNCIA DAS EBD'S DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS EM PERNAMBUCO
LIÇÃO 01 – AS OBRAS DA CARNE E O FRUTO DO ESPÍRITO

EBD LIÇÃO 1 - AS OBRAS DA CARNE E O FRUTO DO ESPÍRITO

                         Professor e Teólogo Márcio Mainardes

LIÇÃO Nº1 AS OBRAS DA CARNE E O FRUTO DO ESPÍRITO

PORTAL ESCOLA DOMINICAL

PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2017
ADULTOS - AS OBRAS DA CARNE E O FRUTO DO ESPÍRITO - 
Como o crente pode vencer a verdadeira batalha espiritual travada diariamente
COMENTARISTA: OSIEL GOMES DA SILVA
COMENTÁRIO: EV. CARAMURU AFONSO FRANCISCO
ASSEMBLEIA DE DEUS - MINISTÉRIO DO BELÉM - SEDE - SÃO PAULO/SP




 ESBOÇO Nº 1 
A) INTRODUÇÃO AO TRIMESTRE

Pela graça de Deus, estamos a dar início a mais um ano letivo da Escola Bíblica Dominical, depois de termos passado um ano extremamente difícil, mas onde fomos sustentados pelo Senhor, tendo, ainda, a liberdade de podermos estudar a Palavra de Deus e prosseguirmos a nossa santificação (Jo.17:17), sem a qual não veremos o Senhor (Hb.12:14).

Neste novo ano, estaremos a estudar um trimestre temático, quando estaremos a analisar as obras da carne e o fruto do Espírito, um estudo detido sobre o conflito, a batalha espiritual que todo servo de Cristo trava diariamente, qual seja, a luta entre a sua velha natureza, a natureza pecaminosa, chamada de “carne”, que “foi crucificada com Cristo” (Gl.2:20), e a nova natureza, surgida quando de nossa salvação, a “nova criatura” (II Co.5:17; Gl.6:15), uma luta que foi descrita e elucidada pelo apóstolo Paulo, na carta que escreveu aos crentes da Galácia e de onde vem a noção e o ensino a respeito das “obras da carne” e do “fruto do Espírito”, que é o cerne da temática que enfrentaremos neste trimestre.

A existência destas duas naturezas no interior do ser humano que recebe a Jesus como Senhor e Salvador é algo que deve ser muito bem aprendido pelo discípulo de Cristo, pois é esta consciência que demonstrará a necessidade que temos de nos santificar a cada momento, de a cada instante de nossa peregrinação terrena mantivermos a velha natureza inerte e inoperante, a fim de que alcancemos a glorificação, o estágio final de nosso processo de salvação, a vitória sobre o pecado e a consumação da obra salvífica de Jesus em nós.

Ao termos consciência desta dupla natureza e da necessidade de fazermos com que a “nova criatura” triunfe nesta luta incessante, passamos a compreender o que significa ser um servo de Jesus Cristo, a entendermos qual deva o ser o caráter de quem serve a Deus, algo que, lamentavelmente, tem sido assaz negligenciado em nossos dias, onde pouco se fala desta nova natureza, deste novo caráter, deste “fruto do Espírito”, que é a prova de que alguém está salvo.

O Senhor Jesus foi claríssimo em Seu sermão doutrinário, o sermão do monte, ao mostrar que os homens são identificados pelos seus “frutos” (Mt.7:15-20), ensinamento repetido algumas vezes ao longo de Seu ministério, mui especialmente nas chamadas “últimas instruções”, quando afirmou que nos salva para que demos fruto e fruto permanente (Jo.15:16).

O estudo a respeito, pois, das “obras da carne” e do “fruto do Espírito” é uma riquíssima oportunidade para avaliarmos se, efetivamente, somos súditos do reino de Deus, se fomos realmente salvos pelo Senhor Jesus Cristo e se estamos a caminhar para os céus ou se, infelizmente, não passamos de pessoas religiosas, de verdadeiros “hipócritas”, que ainda carecem de uma transformação, de um novo nascimento.

A capa da revista do trimestre nos apresenta uma árvore que se encontra perto de um curso de água, uma árvore frondosa e que está repleta de frutos, demonstrando estar cheia de vida e cumprindo o propósito para o que foi criada

Esta ilustração faz-nos lembrar de suas passagens bíblicas. A primeira, a do Salmo 1, onde o salmista mostra que aquele que tem prazer na lei do Senhor e medita nela de dia e de noite é como a árvore plantada junto ao ribeiro de águas, que dá o seu fruto na estação própria e cujas folhas não caem e que tudo o que faz prospera (Sl.1:1-3).

Nesta passagem, o salmista deixa bem claro que o segredo para frutificarmos, para cumprirmos a vontade de Deus em nossas vidas, é ter prazer na lei do Senhor, é estar em plena comunhão com Deus e, assim fazendo, obtém a prosperidade, ou seja, atinge-se o propósito divino estatuído para ele.

A ilustração faz-nos, também, lembrar da segunda passagem, a saber, uma mensagem profética de Jeremias, quando o “profeta chorão” diz que aquele que confia no Senhor e cuja esperança é o Senhor será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro, e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde e, no ano de sequidão, não se afadiga nem deixa de dar fruto (Jr.17:7,8).

Nesta passagem, o profeta deixa claro que o homem que confia em Deus e espera n’Ele, também está junto às águas, está bem arraigado e não cessa de dar frutos, independentemente das circunstâncias que o cercarem.

A frutificação, pelo que vemos, pois, depende da nossa postura diante de Deus. Se crermos e esperarmos n’Ele, se meditarmos de dia e de noite na Sua Palavra, teremos condição de produzir fruto, de termos vida abundante, independentemente do que estiver a acontecer ao nosso redor.

Depois de duas lições introdutórias, em que analisaremos a realidade da luta interna do cristão e da luta entre carne e espírito, como também o propósito divino da frutificação para o ser humano — que é o amor —, teremos um segundo bloco, onde analisaremos as “obras da carne”, algo a ser feito numa só lição (lição 3). Em seguida, passaremos, num terceiro bloco, a estudar cada uma das qualidades do fruto do Espírito (lições 4 a 12). Por fim, num último bloco, em conclusão, refletiremos sobre a vida de frutificação (lição 13).

Neste novo ano, também teremos a estreia de um novo comentarista. Trata-se do pastor Osiel Gomes da Silva, presidente das Assembleias de Deus no campo de Tirirical, em São Luís, no Estado do Maranhão. Além de presidir esta igreja local, o comentarista é teólogo, filósofo, jurista, psicanalista, pedagogo e pós-graduado em docência do ensino superior, tendo lecionado grego e hebraico em seminários teológicos. Possui um blog na internet (http://pastorosielgomes.blogspot.com.br/).

B)LIÇÃO Nº 1 – AS OBRAS DA CARNE E O FRUTO DO ESPÍRITO 

Há uma luta interna no cristão entre a carne e o espírito.

INTRODUÇÃO

- Neste trimestre letivo, analisaremos o tem “as obras da carne e o fruto do Espírito”.

- O verdadeiro servo de Deus produz o fruto do Espírito Santo.

I – O NOVO NASCIMENTO

- Estamos a dar início a um novo ano letivo da Escola Bíblica Dominical, e, neste primeiro trimestre de 2017, estaremos a analisar um importante tema, qual seja, as obras da carne e o fruto do Espírito, um estudo em que verificaremos a existência de uma verdadeira luta que existe no interior de cada pessoa que serve a Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, daí porque o subtítulo deste trimestre ser “como o crente pode vencer a verdadeira batalha espiritual travada diariamente”.

- Sabemos que o ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gn.1:26) e, por isso, é distinto de todas as demais criaturas existentes sobre a face da Terra. Tanto assim é que o Senhor não usou apenas da Palavra para criar o homem, como fez com os demais seres, mas, sim, usou de um processo especial, que é denominado de “formar” (Gn.2:7), a palavra hebraica “yasar” (יצר ,(que, consoante a Bíblia de Estudo Palavra Chave significa “comprimir numa forma, moldar numa forma, especialmente como um oleiro” (Dicionário do Antigo Testamento, n. 3335, p.1689).

- Neste “moldar”, o Senhor fez surgir um ser tricotômico, cuja unidade se constitui de três partes: corpo, alma e espírito. Corpo, a parte material, saída do pó da terra (Gn.27) e a alma e o espírito, parte imaterial, resultado do fôlego de vida imprimido por Deus e tornou o homem uma alma vivente.

- Esta estrutura tricotômica do homem já nos revela a necessidade que tinha o ser humano e manter comunhão com o seu Criador para que tivesse vida, entendida a vida não como existência, mas, sim, como esta convivência, esta união com Deus, com quem o homem tinha um momento diário especial, em toda viração do dia (Gn.3:8).

- A vida física do homem dependia, assim, não apenas da alimentação e do ambiente agradável, que lhe foi criado no jardim formado para ele pelo Senhor (Gn.2:8,9), como também de uma atitude de obediência a Deus, cujo referencial era a árvore da ciência do bem e do mal (Gn.2:16), obediência que lhe dava acesso à árvore da vida e, deste modo, lhe impedia de sofrer corrupção na sua estrutura física.

- No entanto, em virtude da queda, o homem perdeu este acesso à árvore da vida, foi separado da comunhão com Deus e teve, como juízo, entre outros, a morte física e a necessidade de ser salvo, visto que o pecado passou a dominá-lo e escravizá-lo(Gn.4:7; Jo.8:34).

- Esta triste situação foi transmitida pelos nossos pais à sua descendência (Gn.5:3). Passamos a ser gerados em iniquidade (Sl.51:5), a ser “imagem e semelhança de Adão”, de modo que, inevitavelmente, ao atingirmos a consciência, a capacidade de discernirmos entre o bem e o mal, escolhermos sempre o mal, rejeitando o bem, daí a necessidade que teve o Senhor Jesus de, Se humanizar, ser o “último Adão” (I Co.15:45), gerado por obra e graça do Espírito Santo (Lc.1:35), para que não tivesse essa natureza pecaminosa que leva cada ser humano à separação de Deus.

- É por isso que Jesus Cristo diz a Nicodemos que a salvação é um novo nascimento (Jo.3:3-6), um nascimento do espírito, algo que o apóstolo Paulo denominou de “nova criação” (II Co.5:17; Gl.6:15). Fazse necessário que surja um “novo homem”, com uma “nova natureza”, para que se tenha a salvação, uma criatura que esteja livre da natureza pecaminosa, livre do pecado, livre desta força que, de modo inevitável, nos faz pecar e ser escravizados pelo pecado, pelo maligno.

- Notamos, portanto, que a salvação é uma “nova criação”, ou seja, quem recebe a Jesus Cristo como seu único e suficiente Senhor e Salvador é “novamente” criado, moldado, formado. Há o surgimento de um novo ser, surgimento este que decorre do fato de que, quando alguém crê em Jesus, arrepende-se de seus pecados, confessa-os e os deixa e, por causa disto, Jesus o perdoa, removendo, retirando o pecado daquela vida, pois Cristo é “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo.1:29).

- Ao retirar os nossos pecados com o seu perdão, ao nos purificar do pecado por meio de Seu sangue (I Jo.1:7), voltamos a ter comunhão com o Senhor, pois é o pecado que faz divisão entre nós e Deus (Is.59:2), de modo que o espírito, que é esta parte do homem que nos faz entrar em ligação com o Senhor, é vivificado, fazendo com que, uma vez em comunhão com o Senhor, recebamos o Espírito Santo e o amor de Deus que Ele derrama sobre nós (Rm.5:5).

- Este ato do processo da salvação é denominado de “regeneração”, ou seja, de “nova geração”, em que surge um “novo homem”, homem este que é chamado de “filho de Deus” (Jo.1:12), daí porque o Senhor Jesus ter dito que de “servos do pecado” passamos a ser “filhos de Deus” (Jo.8:32-36).

- Esta “regeneração”, esta “nova geração” é espiritual, não é biológica, até porque não se está a tratar aqui da “vida biológica”, representada pela palavra grega “bios”, mas, sim, da “vida espiritual”, da “vida eterna”, representada pela palavra grega “dzoé”. Por isso, o Senhor Jesus disse que há o “nascimento da carne” e o “nascimento do espírito” (Jo.3:6).

- O apóstolo Pedro disse que esta geração é uma geração que vem da Palavra de Deus, da semente incorruptível (I Pe.1:23), ensino que é repetido pelo apóstolo João, que diz que esta geração é de Deus (I Jo.5:18). Paulo também diz que esta regeneração se dá pela “lavagem” e “renovação”, i.e., pelo Espírito Santo que foi derramado sobre nós por Jesus Cristo, nosso Salvador (Tt.3:5,6).

- A Palavra de Deus, portanto, chegando ao coração do homem, trazendo-lhe a fé em Cristo (Rm.10:17), faz com que o homem se arrependa dos seus pecados, queira modificar a sua maneira de viver, pedindo, assim, perdão de seus pecados ao Senhor Jesus, que o perdoa. Neste perdão, o homem tem o seu espírito vivificado, reativado, pois os pecados são retirados e volta a ter comunhão com Deus. Neste instante, o Espírito Santo é derramado em seu coração, recebendo o amor de Deus e fazendo surgir uma “nova criatura”, esta, sim, feita à imagem e semelhança de Deus, com corpo, alma e espírito em perfeita comunhão com o Senhor, passando a ter vida, e vida abundante.

- E a natureza pecaminosa, herdada de Adão? Que fim tem ela? Desaparece? Continua existindo? - Quem nos ensina sobre esta realidade é o apóstolo Paulo. Ao escrever aos gálatas, onde procura impedir o desvio espiritual daqueles crentes, que estavam sendo levados por judaizantes a seguir a lei de Moisés, achando que isto era necessário para a salvação, o apóstolo dos gentios mostra como a salvação independe da observância da lei, mas é o resultado da graça de Deus, manifestada por intermédio de Cristo e que basta crermos em Jesus para sermos salvos.

- Ao demonstrar que única e exclusivamente pela fé em Cristo nós somos salvos, o apóstolo revela aos crentes da Galácia que esta velha natureza, esta natureza pecaminosa, que o apóstolo denomina de “carne”, que é a palavra grega “sarx”, esta natureza servil ao pecado, não desaparece do interior do servo de Jesus, mas, sim, é mantida “crucificada” até que sejamos completamente remidos, o que se dará quando da glorificação do nosso corpo, o que ocorrerá no dia do arrebatamento da Igreja.

- O apóstolo diz que foi chamado pela graça de Deus (Gl.1:15) e que teve a revelação do Filho de Deus nele (Gl.1:16), a nos indicar, portanto, que a salvação exige, de pronto, uma revelação do Filho de Deus em nós, o que se dá pela Sua graça. A fé em Jesus advém da Palavra do Senhor e sem esta revelação, algo que é trazido pelo Espírito Santo, que convence o homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo.16:8), não há como se ter uma real salvação.

- Por isso, aliás, o Senhor Jesus disse aos judeus que, embora eles fossem biologicamente, filhos de Abraão, não eram filhos de Deus, mas, sim, filhos do diabo, uma vez que a Palavra não entrava neles (Jo.8:37), a ponto de eles quererem matar o Senhor em vez de n’Ele crer, rejeitando, assim, a verdade para crerem na mentira (Jo.8:43-47).

- Em seu ensino, o apóstolo mostra que somos justificados, ou seja, tornados justos pela fé em Cristo e que, ao sermos salvos, passamos a viver para Deus, enquanto o nosso “eu”, a nossa “carne” tem de estar crucificada com Cristo. Ela não desaparece, não é aniquilada, mas continua a existir até o final da nossa peregrinação terrena. Paulo, inclusive, mostra que isto se deu, de modo tipológico, na casa de Abraão, onde, durante um tempo, houve a convivência entre Ismael, o “filho da escrava”, e Isaque, o “filho da promessa” (Gl.4:21-31).

- Ismael nasceu primeiro, fruto de uma desobediência de Abrão em relação ao plano divino, mesmo depois de ter o Senhor feito um pacto com ele (Gn.16). Sarai convenceu Abrão a se deitar com sua serva Agar porque “havia sido impedida de gerar pelo Senhor”, ou seja, tratou-se aqui de se buscar o cumprimento da promessa de Deus por forças exclusivamente humanas, em total incredulidade à Palavra do Senhor. É isto que representa a “carne”, uma natureza de quem “deixa Deus de lado”, não quer saber da vontade de Deus, de crença na mentira satânica de que podemos ser como Deus, sabendo o bem e o mal (Gn.3:5).

- Isaque nasceu depois, fruto de uma intervenção miraculosa do Senhor, que fez uma mulher estéril conceber, cumprindo, assim, a Sua promessa feita a Abrão. É isto que representa o “espírito”, uma natureza feita pelo próprio Deus, que cumpre a Sua promessa de redenção feita ao primeiro casal no dia da queda, algo maravilhoso e que produz uma completa transformação na vida do homem.

- No entanto, Ismael e Isaque não tiveram convivência pacífica. Ismael passou a perseguir Isaque a ponto de ter Abraão sido obrigado a mandar embora Ismael da sua casa, pois era impossível que ambos se mantivessem no mesmo local. De igual maneira, a carne vive perseguindo o espírito, não podendo com ele conviver, chegando um instante em que terá de ser despedido, o que ocorrerá na glorificação, no término desta nova peregrinação terrena. Como diz o apóstolo neste seu ensino: Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava herdará com o filho da livre (Gl.4:30).

- Por isso, Paulo diz aos crentes da Galácia que eles deveriam estar firmes na liberdade com que Cristo os havia libertado e não tornasse a se meter debaixo do jugo da servidão (Gl.5:1), bem como que andassem em Espírito para não cumprirem a concupiscência da carne, porque a carne cobiça contra o Espírito e o Espírito contra a carne, pois um se opõe ao outro, para que não fizessem o que quisessem (Gl.5:16,17).

- Temos, aqui, então, a revelação de uma verdadeira luta espiritual que se instala no interior do ser daquele que crê em Cristo Jesus desde o momento mesmo em que recebemos a salvação. Eis, aliás, a grande diferença entre o que serve a Deus e o que não O serve: o incrédulo tem apenas uma natureza, a natureza pecaminosa, que o faz estar distante de Deus, espiritualmente morto em seus delitos e pecados (Ef.2:1), enquanto que aquele que crê em Jesus, passa a ser uma “nova criatura”, mas o “velho homem” continua existindo, ainda que crucificado com Cristo, passando a perseguir o “novo homem”, a querer vencê-lo.

- Esta realidade de uma dupla natureza no interior daqueles que servem a Deus já havia sido percebida pelos mestres judeus, pelos doutores da lei. Os ensinadores israelitas apontavam a existência de “uma inclinação para o mal” (Ietzer Ha-Ra) e de uma “inclinação para o bem” (Ietzer Tov). Ao se depararem com os conceitos dualistas da religião persa, o zoroastrismo, que acreditava na existência de “dois deuses”, um “deus do bem” (Ormuzd) e um “deus do mal” (Ahriman), os judeus, que sabiam haver um único Deus (Dt.6:4), acabaram por divisar que, no interior do ser humano, haveria “… inclinações naturais dentro dos seres humanos, lutando sem cessar pela supremacia da mente e da alma, dentro do ‘reino do coração’…” (AUSUBEL, Nathan. Ietzer Tov e Ietzer Ha-Ra. In: A JUDAICA, v.5, p.364).

- No entanto, esta realidade somente existe naqueles que recebem a Cristo como Senhor e Salvador das suas vidas, porquanto, nas demais pessoas, como bem nos mostra o apóstolo Paulo, embora se tenha a noção do que seja bom, este bem jamais pode ser realizado, porque há u’a maldade ínsita no ser humano (Mt.7:11), de forma que o bem que se quer fazer, nunca é feito, já que somos completamente dominados pelo pecado (Rm.7:19). É o homem carnal, o homem sem Deus e sem salvação que Paulo tão bem descreve no capítulo 7 da epístola aos romanos.

- Por isso, muitas vezes, o salvo na pessoa de Jesus fica admirado com a facilidade com que algumas pessoas pecam e, ainda, a desfaçatez com que justificam seus atos, sem qualquer rubor ou vergonha. Ora, isto se dá porque não há qualquer conflito interno na vida destas pessoas, que estão completamente dominadas pelo pecado e, embora até saibam que o que fazem não é correto, nem por isso se arrependem, porque são pessoas dominadas pelo maligno, cuja natureza é tão somente má.

- Entretanto, o servo de Jesus Cristo tem, dentro de si, uma batalha. O “velho homem”, que ali ainda está, ainda que crucificado com o Senhor, que persegue e tenta se sobressair, fazendo com que se volte ao jugo da servidão do pecado, enquanto a “nova criatura”, que “não peca” (I Jo.3:9), busca agradar a Deus e a fazerLhe a vontade, aproximando-se do Senhor a cada dia, pela santificação, havendo, então, esta luta já mencionada.

- Saber, portanto, a respeito desta batalha incessante que se trava no interior de cada salvo, a cada dia, entre a carne e o espírito é de fundamental importância para que, tendo consciência disto, possamos crescer e triunfar sobre esta velha natureza, atingindo, assim, o fim de nossas almas, que é a salvação (I Pe.1:9).

II – AS CARACTERÍSTICAS DA CARNE E DO ESPÍRITO

- Verificado que o salvo tem, dentro de si, uma verdadeira batalha espiritual entre a carne e o espírito, devemos, ainda que em linhas gerais, dentro da proposta introdutória desta lição, observar quais são as características da carne e as do espírito, a fim de que saibamos quem está a predominar em nossas vidas e o que fazer para que o espírito prevaleça e consigamos chegar à glorificação.

- Já foi dito que a carne é a natureza pecaminosa, é a “inclinação para o mal”, ou seja, é a natureza que nos faz pecar. Portanto, uma característica fundamental da carne é a prática do pecado, é o domínio do pecado. Como disse o apóstolo Paulo, a carne é a “filha da servidão”, a “filha da escrava” e a servidão, a escravidão é resultado da prática do pecado, como disse o Senhor Jesus (Jo.8:34).

- O Senhor foi bem explícito a Caim quando este, ao descair o seu semblante por ter percebido que o seu sacrifício não havia sido aceito, foi avisado de que o pecado jazia à porta e que poderia dominá-lo (Gn.4:7), o que, efetivamente, ocorreu, e não só Caim mas com toda a geração antediluviana, já que o escritor sagrado diz que a imaginação dos pensamentos do coração da humanidade daquela época era só má continuamente (Gn.6:5).

- Os nascidos da carne formam uma “geração perversa e corrompida” (At.2:40; Fp.2:15) e a natureza pecaminosa faz com que prevaleça o pecado, pois é isto de que o coração pecaminoso do homem está repleto, pois, como ensinou o Senhor Jesus, é do coração maligno do “velho homem” que provêm os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias (Mt.15:19), não sendo, pois, novidade alguma que uma sociedade em que se tenha o predomínio da carne tenhamos a prevalência do perjurar, do mentir, do matar, do furtar, do adulterar, de homicídios sobre homicídios (Os.4:2).

- Quando há o domínio da natureza pecaminosa, tem-se uma inimizade contra Deus (Rm.8:7). Paulo afirma que “andar segundo a carne” é “inclinar-se para as coisas da carne” e “a inclinação da carne é morte” (Rm.8:7) e “os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Rm.8:8).

- Há, pois, uma verdadeira oposição entre a carne e Deus e, por isso mesmo, quem age de acordo com a carne não está em comunhão com o Senhor, ainda que se diga religioso, ainda que se afirme ser “filho de Abraão”, como ocorria com os judeus que, neste ponto, foram contrariados pelo Senhor Jesus. - Quem é nascido da carne é carne e, portanto, quem vive pecando, quem está sob o domínio do pecado, quem não se distancia de uma vida de pecados, não pode dizer que é salvo, pois não está a agradar a Deus, está a revelar a sua verdadeira natureza. O Senhor Jesus disse que nós conhecemos a árvore pelo fruto e se o fruto é mau, isto é sinal de que a árvore é má (Mt.7:17,18).

- Vemos, portanto, como é importante sabermos que frutos estamos a produzir, o que revelam as nossas atitudes diante das pessoas, visto que elas são o resultado do que existe em nosso interior, são a demonstração da nossa própria natureza. As “obras da carne”, que Paulo menciona, e de modo não exaustivo, em Gl.5:19-21, indicam quando a pessoa se encontra sob o domínio do pecado, sendo ainda umservo do pecado e não, um filho de Deus, pois o filho de Deus, a nova natureza, a nova criatura, não comete pecado, como afirma o apóstolo João (I Jo.3:9).

- Mas, então, um salvo em Cristo Jesus jamais pecará? Não é isto que estamos a dizer. O que estamos a afirmar é que o salvo em Cristo Jesus não é dominado pelo pecado, não vive pecando, pois a “nova criatura” não tem a natureza pecaminosa, é livre do pecado, formada por corpo, alma e espírito. A velha natureza, a “carne”, não desaparece, continua no interior do homem, mas está crucificada com o Senhor. Vezes há, porém, que ela “escapa” dos cravos e faz com que o salvo peque, mas isto é um acidente e, imediatamente, ante esta vacilação, há o arrependimento e a restauração espiritual, com a retomada do controle pelo espírito, mediante a ação de Cristo e do Espírito Santo (I Jo.2:1,2).

- No entanto, se alguém vive pecando, mantém-se num estado de pecado continuado, tem-se que tal pessoa não nasceu de novo. Tem apenas a carne como seu norte em seu interior, é tão somente um hipócrita religioso, um homem natural, que ainda não se deixou dominar pelo espírito, que não recebeu o Espírito Santo ou, tendo sido resgatado, acabou por negar a Cristo e retornar à vida pecaminosa (Gl.5:1; II Tm.4:10; II Pe.2:1).

- A identidade do salvo se tem precisamente pelas obras que pratica, pelo fruto que produz. Paulo disse aos filipenses que os sinceros e que não geram escândalo são os que são “cheios de frutos de justiça” (Fp.1:10,11), frutos estes que não provêm dos próprios salvos, mas que são resultado de sua comunhão com Jesus Cristo para glória e louvor de Deus.

- A “nova criatura” é gerada pela “semente incorruptível” e, portanto, é algo “bom”, pois tudo o que Deus faz é bom, muito bom (Gn.1:31; Tg.1:17), pois Deus é bom, o único ser bom (Mt.19:17; Mc.10:18; Lc.18:19). Por isso, esta “nova criatura” não peca, não faz o que é mau, estando sempre em Cristo Jesus e, portanto, inclinando-se para as coisas do espírito, para a vida e paz (Rm.8:5,6).

- Quando esta “nova criatura” predomina no ser humano, temos a produção do fruto do Espírito, pois fomos gerados para produzir fruto e fruto permanente (Jo.15:16). Ora, este fruto nada mais é que o desenvolvimento, a manifestação do amor de Deus, que é derramado no salvo pelo Espírito Santo, que passa a habitar com o servo de Cristo Jesus e estar nele quando da salvação (Jo.14:17). O Espírito Santo põe no salvo a marca de Cristo, sela-o para o dia da redenção (Ef.1:13; 4:30).

- Por isso, a “nova criatura” é identificada por ser alguém que tem, em seu DNA, o amor de Deus. O fruto do Espírito nada mais é que o amor, amor este que é desdobrado em nove qualidades, como se lê em Gl.5:22: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, mansidão, fé e temperança. OBS; Assim se manifesta a respeito o príncipe dos pregadores britânicos, Charles Haddon Spurgeon (1834-1892): “…Como alguns frutos são facilmente divisíveis em várias partes, assim você percebe que o fruto do Espírito, embora seja apenas um, é tríplice, não, ele se constitui de “três vezes três”

- "amor, alegria, paz; longanimidade, mansidão, bondade; fé, mansidão, temperança"- todos! Talvez o "amor" seja posto em primeiro lugar não só porque é o verdadeiro rei das virtudes, a mais próxima da perfeição divina, mas porque é uma graça abrangente e que contém todos as outras” (Alegria – o fruto do Espírito. Sermão pregado na manhã do domingo do dia 6 de fevereiro de 1881 no Tabernáculo Metropolitano em Newington. Disponível em: http://www.spurgeongems.org/vols25-27/chs1582.pdf Acesso em 11 nov. 2016) (tradução nossa de texto em inglês).

- Estas nove qualidades, que são os bons frutos da árvore boa, foram também mencionados na descrição que o Senhor Jesus faz de Seus discípulos no sermão do monte, em seu introito, o chamado “sermão das bemaventuranças”, onde também são apontadas nove características que fazem do servo de Jesus alguém mais do que feliz, um “bem-aventurado”.

- Bem se vê, pois, que não há como se afirmar que alguém alcançou a salvação na pessoa de Jesus se não ostentar estas características, se não se comportar como “nova criatura”, pois é isto que atesta a sua salvação, é isto que indica estarmos diante de um “filho de Deus” e não de um “servo do pecado”.

- Não podemos, por isso, julgar as pessoas segundo a aparência, como, infelizmente, é comum fazermos, até porque isto é próprio do ser humano, como nos mostra o profeta Samuel, o homem mais santo de seu tempo,mas que, nem por isso, deixava de ser homem (I Sm.16:6,7). Como somente Deus pode ver o coração, para que não sejamos enganados, devemos prestar atenção aos frutos, às obras que são praticadas pelos nossos semelhantes e por nós mesmos, para que, então, tenhamos a convicção de se estamos, ou não, diante de um “filho de Deus”, de uma “ovelha do Senhor Jesus” e não diante de um lobo devorador vestido em pele de cordeiro (Mt.7:15).

- Devemos, também, nos julgar a nós mesmos, nos examinarmos, à luz da Palavra de Deus, para sabermos se temos vivido como “novas criaturas” ou se estamos a nos enganar a nós mesmos, não tendo uma real e sincera vida com Deus. Este autoexame, explicitado por Paulo ao nos ensinar sobre a ceia do Senhor (I Co.11:28), não é algo a ser feito apenas na semana da Santa Ceia ou na celebração da morte do Senhor, mas um exercício contínuo, ininterrupto, para que não venhamos a ser enganados pelo pecado, pelo mundo e pelo diabo (II Co.13:5; Gl.6:4).

- Nessa luta incessante, Paulo diz que devemos estar “firmes na liberdade com que Cristo nos libertou” (Gl.5:1). - É interessante notar que a notícia que as Escrituras nos dão de que Ismael começou a perseguir Isaque se deu precisamente quando do banquete que Abraão deu quando o filho da promessa desmamou (Gn.21:8).

- Temos aqui, portanto, um primeiro elemento para que venhamos a ter a vitória sobre a carne, que é o ”desmame”, ou seja, o aprendizado dos rudimentos da doutrina de Cristo (Hb.6:1,2), aprendizado este que nos faz sair do “leite racional não falsificado” (I Pe.2:2), do “leite” (I Co.3:2; Hb.5:13) para o “manjar” (I Co.3:2), para o “mantimento sólido” (Hb.5:14).

- Quando alguém nasce de novo é, primeiramente, um recém-nascido, alguém que depende ser alimentado com o “leite”, com a base doutrinária da Palavra de Deus, a fim de que possa adquirir maturidade espiritual, a fim de que possa dar os passos com o Senhor Jesus na sua jornada para o céu. - Este recém-nascido espiritual tem de ter um tratamento especial na igreja, porque ainda é “carnal” (I Co.3:3), ou seja, não tem o desenvolvimento necessário para enfrentar a natureza pecaminosa que acabou de ser crucificada com Cristo e que está ainda robusta e pode mais facilmente se desvencilhar dos cravos e pôr tudo a perder.

- É mister que os “pais na fé” destas pessoas estejam sempre ajudando e alimentando este novo convertido, a fim de que ele possa adquirir a necessária maturidade, a fim de que ele alcance o “desmame”. Por isso, o Senhor Jesus mandou que fizéssemos discípulos de todas as nações, que ensinássemos aqueles que ganhássemos para Ele na pregação do Evangelho (Mt.28:19). Este é o trabalho do discipulado, importantíssimo para que o salvo possa enfrentar a batalha espiritual e ser vitorioso.

- As estatísticas são fartas ao mostrar que, em todos os conflitos e guerras, as maiores vítimas são as crianças. Na guerra civil da Síria, o mais terrível conflito armado atualmente em curso, pesquisas indicam que 27% (vinte e sete por cento) das vítimas em bombardeios são de crianças. Na luta espiritual não é diferente. As “crianças espirituais” sempre são as principais vítimas e, por isso, devemos ter todo o cuidado com os “bebês espirituais”, levando-os até o “desmame”, para que, devidamente alimentados, tenham condições de, por si sós, enfrentarem a árdua e ininterrupta batalha interna vivida por todo crente. OBS: “…Os civis são o principal alvo dos armamentos e sofrem uma parte desproporcional do ônus dos bombardeios. Se estamos procurando as causas profundas da crise de migrantes e refugiados na Europa de hoje, este é sem dúvida um fator principal.” Com estas palavras os autores de um estudo que analisa as mortes de civis na guerra da Síria resumem seu trabalho, dissecando as causas, a situação e outros dados demográficos. Entre seus dados, um se destaca: os bombardeios golpeiam crianças e mulheres com maior crueldade. De cada 100 mortes causadas por um ataque, 27 são de menores de idade.…” (SALAS, Javier. El País. Crianças são 27% dos mortos em bombardeios em guerra na Síria. 01 out,. 2015. Disponível em: http://brasil.elpais.com/brasil/2015/09/29/internacional/1443551966_191417.html Acesso em 01 nov. 2016).

- Superada esta fase, porém, é o exato instante em que se inicia a “perseguição” da carne contra a “nova criatura”. O “desmame” se, por um lado, traz a autonomia do servo de Deus, por outro, fá-lo entrar na lutaaberta, na “perseguição”, na “zombaria” da velha natureza contra o “novo ser”, que terá de “se virar sozinho” nesta batalha.

- É aí que temos a lição do apóstolo no sentido de estarmos firmes na liberdade com que Cristo nos libertou. Quando cremos em Jesus, somos libertos do pecado, o pecado não passa a ter mais domínio sobre nós. Esta é a liberdade que Jesus nos trouxe, a liberdade do pecado. Quando cremos em Cristo, nascemos de novo, e, assim, ficamos libertos da natureza pecaminosa. Agora, no dia-a-dia, temos de nos manter firmes nesta liberdade de natureza para que nos mantenhamos livres do poder do pecado, não “tornando a nos meter no jugo da servidão”.

- Quando nos mantemos firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, não vivemos a pecar. Pelo contrário, passamos a viver separados do pecado, em santidade, nos aproximando a cada dia do Senhor, e isto nada mais nada menos é o que chamamos de santificação.

- Viver em santificação é viver separado do pecado, é nos aproximar a cada dia do Senhor, distanciandonos do pecado cada vez mais. Isto é o que Paulo denomina de “andar em Espírito (Rm.8:1)”, de “não cumprir a concupiscência da carne” (Gl.5:16), de “estar no espírito” (Rm.8:9).

- “Estar firmes na liberdade com que Cristo nos libertou” é manter o Espírito Santo habitando em nós. Quando cremos em Cristo, o Espírito Santo vem habitar em nós (Jo.14:17), tornamo-nos “templo do Espírito Santo” (I Co.6:19) e, em virtude disso, vivemos única e exclusivamente para Deus (Rm.6:10; Gl.2:20).

- Se o Espírito Santo habita em nós e não mais vivemos a não ser para Deus, o nosso corpo deve ser instrumento de justiça (Rm.6:13) e não podemos mais querer satisfazer os desejos incontrolados da natureza pecaminosa, ou seja, a “concupiscência da carne”. Devemos, pois, moldar os nossos pensamentos, as nossas palavras e as nossas ações de modo que tudo seja feito segundo o querer de Deus, segundo a Sua vontade.

- As “obras da carne” são atitudes que visam satisfazer estes desejos incontrolados da natureza pecaminosa, que buscam fazer sobrepujar o “eu”, aquele “velho homem” que quer “ser como Deus, sabendo o bem e o mal”. Na lista meramente exemplificativa trazida pelo apóstolo Paulo, vemos atitudes que revelam bem este descontrole dos desejos carnais, como a prostituição, impureza, lascívia, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, invejas, homicídios, bebedices e glutonarias, como também ações que revelam a rebeldia contra a soberania divina, como a idolatria, feitiçarias e heresias. Todas estas práticas escravizam os seus agentes, que ficam sob o domínio do pecado, sob o tacão do maligno.

- “Estar firmes na liberdade com que Cristo nos libertou” é crescer espiritualmente. Não basta se afastar do pecado, mas é preciso ir em direção a Deus. Precisamos ser mais justos e mais santos a cada momento (Ap.22:11), aproximarmo-nos continuadamente de Deus (Sl.73:28). Precisamos “andar em novidade de vida” (Rm.6:4) e isto exige de nós que cresçamos na graça e no conhecimento de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (II Pe.3:18).

- Este crescimento exige de nós que estejamos em contínuo desfrute dos meios de santificação, ou seja, da meditação diária da Palavra de Deus (Sl.1:1,2; Jo.17:17; I Tm.4:4,5), da oração (Lc.18:1; Ef.6:18; I Tm.4:4,5), reforçada pelo jejum (Mt.9:15; Mc.2:20; Lc.5:35; Mt.17:21; Mc.9:29; At.13:2), do temor de Deus (II Co.7:1) e da participação digna na ceia do Senhor (II Co.11:27-30).

- Quando tanto mais nos aproximamos do Senhor, da fonte das águas vivas, mais força teremos para produzir frutos, mais vida teremos, mais frutificaremos, pois o segredo para produzirmos o fruto do Espírito é estarmos em Cristo, a videira verdadeira (Jo.15:1-5).

- Nada disso ocorrerá, porém, se não formos gerados pela “semente incorruptível” e se, quando do semear, nos mantivermos em terrenos que não permitam a frutificação. Torna-se necessário que a semente não caianem à beira do caminho, onde nem chegará a germinar; nem no terreno pedregoso, onde não se desenvolverá; nem no terreno pedregoso, onde será sufocada. É mister que esteja na boa terra, onde terá condições de produzir o devido fruto, como nos ensinou o Senhor Jesus na parábola do semeador (Mt.13:1- 23; Mc.4:1-20; Lc.8:4-15).

- O que estamos a produzir? Obras da carne ou o fruto do Espírito? Qual é a nossa verdadeira identidade espiritual? São estas importantíssimas questões que teremos de enfrentar ao longo deste trimestre.

Colaboração para o Portal Escola Dominical – Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco

SLIDE 1º Trimestre de 2017 – As obras da carne e o fruto do Espírito

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ESBOÇO LIÇÃO Nº1 AS OBRAS DA CARNE E O FRUTO DO ESPÍRITO

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Pré-aula_Lição 1: As obras da carne e o fruto do Espírito

               EV. CARAMURU AFONSO FRANCISCO

terça-feira, 29 de novembro de 2016

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Pré-aula_Lição 10: Adorando a Deus em meio à calamidade (sem edição)

Pastor Caramuru


Neste 1º trimestre de 2017, estudaremos: As Obras da Carne e o Fruto do Espírito - Como o crente pode vencer a verdadeira batalha espiritual travada diariamente 
Comentário: Osiel Gomes 
Sumário 
Lição 1 - As Obras da Carne e o Fruto do Espírito 
Lição 2 - O Propósito do Fruto do Espírito 
Lição 3 - O Perigo das Obras da Carne 
Lição 4 - Alegria, Fruto do Espírito; Inveja, Hábito da Velha Natureza 
Lição 5 - Paz de Deus: Antídoto contra as Inimizades 
Lição 6 - Paciência: Evitando as Dissensões 
Lição 7 - Benignidade: um Escudo Protetor contra as Porfias 
Lição 8 - A Bondade que Confere Vida 
Lição 9 - Fidelidade, Firmes na Fé 
Lição 10 - Mansidão: Torna o Crente Apto para Evitar Pelejas 
Lição 11 - Vivendo de Forma Moderada 
Lição 12 - Quem Ama Cumpre plenamente a Lei Divina 
Lição 13 - Uma Vida de Frutificação

terça-feira, 7 de junho de 2016

Pré-aula_Lição 11: A tolerância cristã

Pastor Caramuru

LIÇÃO 11 - A TOLERÂNCIA CRISTÃ


Romanos 14.1-12
Ora, quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas. Porque um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come legumes. O que come não despreze o que não come; e o que não come não julgue o que come; porque Deus o recebeu por seu. Quem és tu que julgas o servo alheio? Para o seu próprio senhor ele está em pé ou cai; mas estará em firme, porque poderoso é Deus para o firmar. Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em seu próprio ânimo. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz. O que come para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e o que não come para o Senhor não come e dá graças a Deus. Porque nenhum de nós vive para si e nenhum morre para si. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor. Foi para isto que morreu Cristo e tornou a viver; para ser Senhor tanto dos mortos como dos vivos. Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo. Porque está escrito: Pela minha vida, diz o Senhor, todo joelho se dobrará diante de mim, e toda língua confessará a Deus. De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.

Buscando a Maturidade
“Ora, quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas” (14.1). O apóstolo introduz aqui uma nova discussão — o relacionamento entre crentes maduros e imaturos. Essa seção revelará como deve ser o convívio entre os “fracos” e os “fortes” na fé. Essa não é uma peculiaridade da igreja de Roma. Nenhuma igreja é nivelada, possuindo somente crentes fortes ou somente crentes fracos. Essas duas modalidades de crentes estão presentes em qualquer discipulado cristão. As vezes incorremos no erro de achar que a igreja deve ter somente os “fortes”, e acabamos relegando os débeis na fé para segundo plano. Diante de Deus todos são importantes. O que precisamos ter é amor e paciência para descer até ao nível do irmão mais fraco para ajudá-lo a crescer.
O cristão “débil”, tradução do grego astheneo, possui o sentido de “fraco”, “doente”. Esse termo era usado tanto para enfermidades físicas como espirituais (Lc 5.15; 1 Co 11.30). Godet destaca que o sentido nesse texto é de alguém que enfraquece num dado momento e num caso especial. Já destacamos que a igreja de Roma era formada por judeus e em grande maioria por gentios. O problema não era com os gentios adotando práticas pagãs, pois não vemos aqui as mesmas recomendações que Paulo deu à igreja gentílica de Corinto (1 Co 8). Os judeus — com suas tradições milenares, como por exemplo, a observância de vários ritos cerimoniais — eram mais propensos a entrar em choque com a nova fé. Toda essa carga cultural vinha junto quando um deles se convertia ao evangelho. Como conciliar a tradição com os princípios do evangelho? Evidentemente que essa foi sem dúvida uma fonte de tensão na igreja de Roma. Não se tratava de uma prática judaizante, pois não vemos o apóstolo enfatizando isso em seu discurso como fez, por exemplo, com a igreja da Galácia. A referência à guarda de dias especiais e a observância a regras alimentares se ajusta melhor com a cultura judaica.
Esse conflito estava gerando debates acalorados na igreja, e essas “opiniões” (gr. dialogismos) estavam gerando muitos questionamentos. Em qualquer igreja viva, onde há a presença de novos manifestos, esses questionamentos aparecem. A orientação apostólica é no sentido de que isso não venha a causar tropeço naquele que é mais fraco. À propósito, lembro-me de que quando eu e minha família recebemos Jesus como Salvador nos anos 80, um amigo nosso também se converteu. Ele era muito dinâmico e possuía o hábito de tudo questionar. Ele não questionava por questionar, mas por queria saber de tudo de forma muito rápida. Nesse propósito ele se debruçou na leitura da Bíblia. Certa noite, ele chegou em nossa casa com uma pergunta. Dirigindo-se a meu irmão, perguntou: “De onde veio Deus?” Meu irmão, que havia se convertido alguns meses antes, respondeu que Deus não tinha origem, visto que era isso o que a Bíblia afirmava em Salmos 90.2: “Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu és Deus”. Aquele amado irmão não se deu por satisfeito porque, segundo ele, também havia lido na Bíblia que “Deus veio de Temã” (Hc 3.3). Estava formada a polêmica! Por cerca de uma hora eles discutiram de forma acalorada. Eu ficava apenas observando de longe. Em determinado momento, já com os ânimos alterados, meu irmão pediu que nosso amigo se retirasse para sua casa. Dias depois procuramos aquele irmão para uma reconciliação. Mais de trinta anos já se passaram e continuamos amigos.
Não tenho dúvidas de que em Roma havia também debates assim.
“Porque um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come legumes” (14.2). Aqui o crente “forte” aparece como aquele que acredita que está livre para comer de tudo. De acordo com o versículo 21, o comer carne está em evidência nessa discussão. Por outro lado, o crente “débil” não possuía estrutura para fazer o mesmo que seu irmão mais “forte” fazia. Em vez disso, ele ficava escandalizado. Mudou o cardápio, mas as controvérsias continuam hoje. Conheci um estimado irmão em Cristo que não conseguia usar camisa de mangas curtas porque achava que as mesmas o deixavam mundano. Outro achava que crente nenhum devia ir à praia. Isso parece tolice, mas são fatos reais e que precisam ser vistos com amor para que não haja um aleijão na formação cristã.
“O que come não despreze o que não come; e o que não come não julgue o que come; porque Deus o recebeu por seu” (14.3). Aqui está o ponto de equilíbrio — o respeito pelas convicções de cada um. Paulo não entra em um juízo de valor, decidindo por um dos lados. Mas procura mostrar que acima de tudo a lei do amor fraternal deve imperar nesses casos. O que comia carne não deveria desprezar o que não comia e o que não comia carne também não deveria desprezar o que comia. À propósito, lembro que no início da minha fé éramos exortados a não usar bermudas e jogar futebol. Agora imagine que nesse tempo eu tinha 18 anos e jogava em um time de futebol amador. Sofri por conta da força do hábito, mas me ajustei às normas da igreja naqueles dias. Tantos anos se passaram que não sinto nem a falta da bermuda nem tampouco do futebol. Hoje eu sei que esses usos e essas práticas não são pecaminosas em si e nunca foram. Mas como obediência à comunidade que abracei naqueles dias, abandonei essas práticas.
“Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em seu próprio ânimo” (14.5). Os comentaristas destacam que o prosélito tinha por hábito considerar sagrado alguns dias, como por exemplo, o Dia da Expiação. Evidentemente que isso estava fixo de tal forma em sua mente que a não observância era um motivo de escândalo. Todavia, um novo convertido vindo do paganismo rejeitava essa prática por não achá-la mais necessária. Elvis Carballosa, em seu comentário de Romanos, observa que a ideia aqui é a de que qualquer prática cristã deve visar à glória de Deus. Evidentemente que aqui não está em foco a guarda do sábado como fazem determinados grupos heterodoxos em nossos dias, pois Paulo tinha convicção de que essa prática era apenas uma sombra que se cumpriu em Cristo (Cl 2.16).
“Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que despregas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo” (14.10). Há algumas coisas que são centrais na fé cristã enquanto outras são periféricas. A maioria das controvérsias entre irmãos em Cristo se dá por conta de coisas não essenciais. Muitos debates se fundamentam em futilidades sem fundamentação bíblica. O grande humanista do século XVI, Erasmo de Roterdã, em sua avassaladora sátira ao catolicismo medieval, mostrou esse fato com uma retórica impecável: “Escutei outro igualmente divertido: era um velho octogenário, teólogo da cabeça aos pés, e tão teólogo que o teriam tomado por Scotus ressuscitado. Explicando um dia o mistério do nome de Jesus, ele demonstrou com maravilhosa sutileza que tudo o que se pode dizer do divino Salvador está oculto nas letras do seu nome: ‘De fato, dizia, o nome de Jesus em latim tem apenas três casos, o que designa claramente as três pessoas da Santíssima Trindade. Observai, além disso, que o nominativo termina em S, JesuS, o acusativo em M, JesuM, e o ablativo em U,JesU. Ora, essas três terminações, S, M, U, encerram um mistério inefável; pois, sendo as primeiras letras das três palavras latinas Summum (zénite), Médium(centro) e UItimum (nadir), elas significam claramente que Jesus é o princípio, o centro e o fim de todas as coisas’. Restava ainda um mistério bem mais difícil de explicar que todos esses, mas nosso doutor encontrou uma solução inteiramente matemática. Ele dividiu a palavra Jesus em duas partes iguais, de maneira que a letra S ficou sozinha no meio. ‘Essa letra T, disse em seguida, que suprimimos do nome de Jesus, chama-se Syn entre os hebreus; ora, Syn é uma palavra escocesa que, ao que eu saiba, significa pecado. Isso nos mostra então claramente que foi Jesus que tirou o pecado do mundo’. Todos os ouvintes, sobretudo os teólogos, atentos a um exórdio tão maravilhoso, estavam paralisados de admiração; por pouco não teriam se transformado em pedra como outrora Níobe, depois que Apoio matou seus filhos. [...] Mas nossos sábios doutores [...] julgam que esses preâmbulos, como os chamam, são obras-primas de eloquência quando neles nada se pode perceber que os ligue ao resto do discurso, e quando o ouvinte, cheio de espanto e admiração, pergunta a si próprio: ‘Onde ele quer chegar?’”.

Romanos 14.13-23
Assim que não nos julguemos mais uns aos outros; antes, seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão. Eu sei e estou certo, no Senhor Jesus, que nenhuma coisa é de si mesma imunda, a não ser para aquele que a tem por imunda; para esse é imunda. Mas, se por causa da comida se contrista teu irmão, já não andas conforme o amor. Não destruas por causa da tua comida aquele por quem Cristo morreu. Não seja, pois, blasfemado o vosso bem; porque o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo. Porque quem nisto serve a Cristo agradável é a Deus e aceito aos homens. Sigamos, pois, as coisas que servem para a paz e para a edificação de uns para com os outros. Não destruas por causa da comida a obra de Deus. E verdade que tudo é limpo, mas mal vai para o homem que come com escândalo. Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou enfraqueça. Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova. Mas aquele que tem dúvidas, se come, está condenado, porque não come por fé; e tudo o que não é de fé é pecado.

Desmamando a Criança
“Assim que não nos julguemos mais uns aos outros; antes, seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão” (14.13). Essa seção de Romanos 14.13-23 mostra que tolerância, crescimento e conhecimento devem andar juntos. Paulo já deixou claro que a responsabilidade de manter a fraternidade cristã é responsabilidade tanto do crente “fraco” como do “forte”. A passagem de Génesis 21.8 serve como metáfora que ilustra a necessidade do crescimento. Isaque cresceu e foi desmamado. Todos nascemos como bebés em Cristo, e nessa fase de nossa vida adotamos alguns comportamentos que são peculiares a essa faixa-etária. Não há nada errado com isso. Todavia, chegará o dia em que precisaremos ser desmamados! A. W. Tozer mostrou que precisamos sair da infância espiritual e crescer. O cristão que não cresce é carnal. Tozer mostra algumas características do crente carnal: egocêntrico, temperamental, dependente de fatores externos, carente de propósitos, improdutivo, alheio as próprias falhas e alimenta-se com restrição.
E preciso, portanto, tirar a mamadeira do crente. Warren W. Wiersbe comentou com muita propriedade: “Tanto o cristão mais forte quanto o mais fraco precisam crescer. O mais forte precisa crescer em amor, enquanto o mais fraco precisa crescer em conhecimento. Enquanto um irmão for débil na fé, devemos tratá-lo com amor em meio a sua imaturidade. No entanto, se realmente o amarmos, o ajudaremos a crescer. E errado um cristão permanecer imaturo e com consciência hipersensível [...] Os cristãos recém-convertidos precisam de comunhão que os proteja e estimule seu crescimento. No entanto, não podemos tratá-los como ‘bebés’ a vida toda! Os cristãos mais velhos devem usar de amor e paciência e cuidar para não fazê-los tropeçar. Todavia, esses cristãos mais novos devem crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (2 Pe 3.18)”.

Romanos 15.1-13
Mas nós que somos fortes devemos suportar as fraquezas dos fracos e não agradar a nós mesmos. Portanto, cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificação. Porque também Cristo não agradou a si mesmo, mas, como está escrito: Sobre mim caíram as injúrias dos que te injuriavam. Porque tudo que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito, para que, pela paciência e consolação das Escrituras, tenhamos esperança. Ora, o Deus da paciência e consolação vos conceda o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus, para que concordes, a uma boca, glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, recebei-vos uns aos outros, como também Cristo nos recebeu para glória de Deus. Digo, pois, que Jesus Cristo foi ministro da circuncisão, por causa da verdade de Deus, para que confirmasse as promessas feitas aos pais; e para que os gentios glorifiquem a Deus pela sua misericórdia, como está escrito: Portanto, eu te louvarei entre os gentios e cantarei ao teu nome. E outra vez diz: Alegrai-vos, gentios, com o seu povo. E outra vez: Louvai ao Senhor, todos os gentios, e celebrai-o todos os povos. E outra vez diz Isaías: Uma raiz em Jessé haverá, e, naquele que se levantar para reger os gentios, os gentios esperarão. Ora, o Deus de esperança vos encha de todo o gozo e paz em crença, para que abundeis em esperança pela virtude do Espírito Santo.

Cristãos Amadurecidos
“Mas nós que somos fortes devemos suportar as fraquezas dos fracos e não agradar a nós mesmos” (15.1). O contexto de Romanos 14 mostra o apóstolo falando sobre os “fracos” em contraste com os “fortes”. Somente aqui em Romanos 15.1 aparece pela primeira vez nessa seção a palavra “forte” em referência aos cristãos mais maduros na fé. A palavra “forte” traduz o termo grego dynatos, que nesse contexto tem o sentido de cristãos mais firmes ou amadurecidos. O contexto revela que esses crentes mais “fortes’, entre os quais o apóstolo se incluiu, eram aqueles que haviam compreendido o sentido da Nova Aliança em Cristo. Para esses cristãos, os rudimentos do antigo pacto já haviam passado, não sendo exigido deles nenhuma observância quanto aos seus preceitos. Para os crentes mais “fracos”, formado por judeus vindos do judaísmo e convertidos ao cristianismo, o desapego a essas tradições não era tão fácil assim.
Nessa situação, aqueles crentes que já possuíam um maior discernimento da fé cristã deveriam demonstrar amor e paciência para com esses crentes mais lentos na fé. Eles deveriam suportar as fraquezas dos mais fracos. Paulo já havia escrito sobre esse assunto na Carta aos Gálatas, quando exortou os crentes da Galácia: “Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo” (G1 6.2). Há um momento na nossa caminhada cristã em que precisamos levar o outro nas costas, talvez não por muito tempo, mas enquanto for necessário.
“Porque também Cristo não agradou a si mesmo, mas, como está escrito: Sobre mim caíram as injúrias dos que te injuriavam” (15.3). Paulo mostra que o exemplo máximo de tolerância veio do Senhor Jesus Cristo. Essa lição já havia sido mostrada pelo apóstolo em Romanos 5.8: “Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores”. Ora, se Cristo nos amou na condição de pecadores, totalmente rebelados contra Deus, então por que não deveríamos suportar as debilidades dos mais fracos? Todos nós conhecemos alguma história envolvendo cristãos que no início da fé demonstraram lentidão no seu crescimento espiritual e como a paciência e o amor de quem o discipulou ajudou nesse processo.
“Portanto, recebei-vos uns aos outros, como também Cristo nos recebeu para glória de Deus” (15.7). Paulo se dirige diretamente aos cristãos de origem gentílica. Ele pede que eles olhem para sua própria história. Eles não faziam parte da oliveira verdadeira, como já havia sido demonstrado em Romanos 9—11, mas graças à misericórdia e bondade de Deus, haviam sido enxertados. Agora estavam produzindo frutos para a vida eterna. Por que não esperar pelos seus irmãos que demonstravam um pouco de lentidão na compreensão das verdades espirituais? Eles deveriam aprender com a própria Escritura que mostrava como a misericórdia de Deus o levou a acolhê-los no plano da salvação. Era uma lição para não ser esquecida.

Autor: José Gonçalves

(Adultos) Dinâmica da Lição 11: A Tolerância Cristã


Professores e professoras observem alguns pontos importantes e valiosos para o bom crescimento e desenvolvimento de seu aluno e de sua sala:
1– Procure manter os dados pessoais de seus aluno(a)s sempre atualizados (endereço, telefone, e-mail, redes sociais, etc)
2– Antes de iniciar a aula procure se aproximar de cada aluno de sua classe:
- Cumprimente-os, abrace-os.
- Procure saber como foi a semana de cada um deles, e escute-os.
- Preste bastante atenção se há alguém que precise de algum tipo de atenção ou oração especial.
- Observe se existe algum visitante e/ ou aluno novato e faça-lhes uma apresentação muito especial para que ele sinta-se desejoso de voltar a sua sala.
3– Aconselhamos que antes da aula procure ver com seu secretário o nome dos aniversariantes para que após a aula você possa parabeniza-los, dando-lhes um abraço, oferecendo um versículo ou quem sabe uma simples lembrancinha.
4– Ao final da aula procure ver com o secretário de sua sala o nome das pessoas ausentes e durante a semana separe um momento onde você possa entrar em contato com ele(a), por meio de uma visita, um telefone ou rede sociais.
5– É importante que você como professor entenda a importância de cada atitude como a que recomendamos logo acima, a fim de que você possa desenvolver um vínculo afetivo com cada aluno, ele compreenderá o quanto você o ama e se importa com ele.
- Ao preparar a aula, você precisa lembrar que seu alvo é ensinar a palavra de Deus a fim de transformar a vida dos alunos. Para isso, tenha sempre em mente o que eles precisam saber, sentir e agir.
- Este é um momento de grande importância, quando você deverá atrair a atenção e o interesse da classe para o que será ensinado.
6 - Não esqueça que ministrar uma aula não significa apenas transmitir um amontoado de informações teológicas ou conhecimentos puramente pessoais sem a interação com a classe. É importante que os alunos sejam incentivados a participar no processo de aprendizagem.
- Apresentem o título da lição: A Tolerância Cristã.
– Agora, trabalhe o conteúdo da lição. – Para isso é importante que você apresente estratégias que estimule a participação dos alunos, valorize o conteúdo, reforce as aplicações e facilite a aprendizagem. Portanto, para não perder de vista o alvo da lição, use a criatividade, apresente domínio da matéria e observe se os alunos estão entendendo o assunto. Só assim você saberá adaptar algumas sugestões apresentadas aqui.
- Para o encerramento da aula, aplique a dinâmica “Discutindo sobre a intolerância cristã”.



Dinâmica: Discutindo sobre a intolerância cristã

Objetivo:
Refletir a respeito da forma como podemos melhorar em nossa tolerância cristã.
Material didático:
O texto de reflexão
Atividade didática:
Antes da aula:
Tire várias cópias do texto de reflexão
Durante a dinâmica:
Entregue uma cópia do artigo citado logo abaixo a cada aluno, em seguida diga que irá ser feito uma leitura reflexiva do texto, logo após realize uma discussão sobre a intolerância cristã (abaixo do texto temos algumas sugestões que poderá ser acrescentada de acordo com a realidade de sua igreja).

Texto para reflexão: RJ registra mil casos de intolerância religiosa em 2 anos e meio
O Centro de Promoção da Liberdade Religiosa & Direitos Humanos (Ceplir), ligado à Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, recebeu em dois anos e meio quase mil denúncias de casos de intolerância religiosa. Os números constam de um relatório apresentado em audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio de janeiro (Alerj) na terça-feira (18). Entre julho de 2012 e dezembro de 2014, foram registradas 948 queixas, 71% delas sobre intolerância contra religiões, mostra o relatório.
Criado em 2012 e coordenado pela Superintendência de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, o Ceplir tem como objetivo defender e garantir os direitos humanos e de expressão da liberdade de crença e filosofia de indivíduos e instituições religiosas e comunidades tradicionais.
O presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj, deputado Marcelo Freixo (PSOL), informou que vai pedir ao presidente da Casa, deputado Jorge Picciani (PMDB), a implantação da Lei 5.931/11, que criou a Delegacia de Combate aos Crimes Raciais e Intolerância. ..
Já o presidente da Comissão de Combate às Discriminações e ao Preconceito da Alerj, e autor da lei de 2011 que cria a delegacia especializada, o deputado Átila Nunes (PSL), disse que quase todo mês um ou dois casos de intolerância são registrados.
"Temos um pequeno estado islâmico encravado no Rio de Janeiro", disse.
Segundo o presidente da Comissão de Combate a Intolerância Religiosa (CCIR), Ivanir dos Santos, até janeiro de 2016 a comissão vai finalizar um relatório, com o objetivo de fazer uma denúncia internacional.
"Vamos condensar um documento com depoimentos para fazer uma denúncia sobre intolerância religiosa às cortes internacionais. Os casos persistem e crescem na sociedade brasileira e o que nos chama a atenção é a morosidade da investigação desses episódios. Há má vontade em olhar esses casos como crime", disse Ivanir dos Santos.
Temos um pequeno estado islâmico encravado no Rio de Janeiro"
Átila Nunes
A mãe de santo Káthia Marinho, avó da menina Kayllane Campos, de 11 anos, apedrejada em junho, ao sair de um culto de candomblé, afirmou que os agressores ainda não foram identificados:
"Enquanto não forem punidos, a violência não vai parar".

Já a professora de português Denise Bonfim, que é muçulmana, disse que foi ameaçada de morte na mesma rua onde Kayllane foi agredida.
"Estava usando o Hijab (véu islâmico) e disseram que iam me matar. Fiquei com muito medo e passei vários meses sem usar o véu e sem entender o motivo de tamanha intolerância", lamentou.

Para o representante da Associação Beneficente Muçulmana, Sami Isbelle, os casos de violência no exterior acabaram influenciando o aumento da intolerância no Brasil.
"Sofremos muitas agressões pela internet, e as mulheres são muito discriminadas no mercado de trabalho, principalmente por causa das suas vestimentas", disse.
A presidente do Conselho de Igrejas Cristãs do Rio (Conic), Lusmarina Campos Garcia, diz que “é importante que ter consciência de que esses casos não são isolados e que isso precisa ser enfrentado”.

Fonte do texto: g1.globo.com

Perguntas para discussão:
- A vaidade, o orgulho e a soberba pode levar um cristão a ser intolerante? Por que?
- Não tolerar um fraco na fé, julgar os outros, e ser impaciente pode ser visto como intolerância? Explique?
- Quais os tipos de intolerância existente entre nós?
- Como resolver os conflitos e intolerâncias entre os crentes?



Professor, antes de dar esta aula pesquise com muito afinco todos os pontos abordados em seu Plano de Aula, pois não adianta falar só de achismo, ou porque conheceu este Blog e acha suficiente para dar aula. Entenda que eu não conheço a realidade social, psicológica, física e espiritual de seus alunos, por isso, tente chegar no âmago das dúvidas de seus alunos, não os faça de meros espectadores de um "show" de conhecimento, pois isso não será suficiente, o conteúdo precisa de aplicabilidade para a situação de vida de seus alunos e isso é o mais importante. Deguste à vontade o conhecimento, mas não ache que irá inculcá-lo de uma hora pra outra nos seus alunos, por isso procure ser criativo na exposição do assunto.

Desejamos que esta aula seja portadora de grandes frutos para vida de seus alunos!

Adaptado por Roberto José

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