AUXÍLIO AO ALUNO EBD
QUARTO TRIMESTRE DE 2015
ADULTOS - O COMEÇO
DE TODAS AS COISAS - Estudos sobre o livro de Gênesis
COMENTARISTA:CLAUDIONOR
CORREA DE ANDRADE
COMENTÁRIO: EV.
CARAMURU AFONSO FRANCISCO
Com
José, Deus inicia a transformação do clã de Jacó em nação.
INTRODUÇÃO
- Terminando o estudo do
livro de Gênesis, estudaremos hoje o chamado “ciclo de Jose”, que ocupa os
capítulos 37 a 50.
- Com José, Deus inicia a transformação do clã de Jacó em nação.
I – A
PREDILEÇÃO DE JACÓ POR JOSÉ E AS SUAS CONSEQUÊNCIAS
- Estamos a terminar não só
mais um trimestre letivo, mas o próprio ano letivo de 2015 da Escola Bíblica
Dominical, agradecendo a Deus pela oportunidade de termos tido a liberdade de
poder estudar a Sua Palavra.
-
Finalizando o estudo do tema “O começo de todas as coisas: estudos sobre o
livro de Gênesis”, estaremos a analisar o chamado “ciclo de José”, que é a
parte final do livro de Gênesis, em que a personagem principal passa a ser
José, o décimo segundo filho de Jacó, o primeiro filho de Raquel, que foi o
instrumento nas mãos do Senhor para que se iniciasse a transformação do clã de
Jacó, que tinha setenta pessoas (Cf. Ex.1:5), em uma nação que, quando saiu do
Egito, tinha seiscentos mil homens em condições de ir à guerra, fora as
mulheres e crianças (Cf. Ex.12:37).
- Como temos salientado nestas três últimas lições, em que o
comentarista optou por dar apenas algumas “pinceladas” na segunda grande parte
do livro de Gênesis, que trata da origem do povo de Israel, narrando a vida dos
patriarcas, faremos uma sucinta análise do tema proposto, que, no presente
caso, abarca treze capítulos, convidando os irmãos a assistirem aos vídeos que
o Portal Escola Dominical disponibilizou ao longo do trimestre onde, em doze
estudos, procura dar maior profundidade à análise dos capítulos 12 a 50 do
livro de Gênesis.
- Consoante vimos no apêndice ao trimestre, que tratou do “ciclo
de Jacó”, tema que foi desconsiderado pelo comentarista neste trimestre, depois
de ter finalmente entrado no centro da vontade de Deus, Jacó teve a ocorrência
de dois fatos que marcariam o seu comportamento dali para a frente, quais
sejam, a morte de Raquel no parto do seu último filho Benjamim (Gn.35:16-21) e
a desonra sofrida por parte de seu primogênito, Rúben, que se deitou com a
concubina de seu pai, Bila (Gn.35:22).
- Jacó, diante desta circunstância, passou a demonstrar uma
predileção pelo seu filho José. O ato de Rúben, extremamente grave, gerou no
velho patriarca a convicção de que não era ele aquele a quem se transferiria a
bênção de Abraão. Os seus dois outros filhos mais velhos, Simeão e Levi, também
haviam cometido horrendo pecado, matando os siquemitas (Gn.34), de sorte que o
patriarca, lembrando do que ocorrera com ele mesmo, passou a acalentar a ideia
de que a bênção de Abraão haveria de ser transferida a José, o primogênito de
Raquel, que, afinal de contas, era a mulher amada por Jacó.
- Dentro desta ideia (equivocada, porquanto não era mais plano
de Deus postergar a multiplicação do clã para a sua transformação em uma
nação), bem como como consequência de seu grande amor por Raquel, Jacó repete o
erro de seus pais e passa a manifestar uma predileção por seu filho José em
detrimento dos outros doze filhos que possuía.
- José era um rapaz muito correto e, por ser mais novo que seus
irmãos, com exceção de Benjamim, sofreu muito menos as nefastas consequências
da má educação que a família de Jacó tinha tido enquanto esteve em Padã-Arã.
Ele e Benjamim, certamente, foram os que mais se beneficiaram com a purificação
da família ocorrida antes de irem a Betel, ainda em Siquém (Gn.35:1-7),
purificação esta que foi consolidada com a morte de Débora, a ama de Rebeca e
que tinha sido a pessoa responsável pela adoção, por parte dos filhos de Jacó,
da cultura arameia.
- José,
diante desta formação mais intensa na doutrina e admoestação do Senhor, trazia
ao seu pai Jacó informações da conduta nada agradável de seus irmãos (Gn.37:2)
e, como Israel amava a José mais do que a todos os seus filhos (Gn.37:3), tais
notícias fizeram com que a predileção por José se aguçasse ainda mais, a ponto
de Jacó, imprudentemente, ter confeccionado uma túnica de várias cores e a
presenteado a seu filho predileto.
- Jacó
repetia, assim, o erro de seus pais Isaque e Rebeca, tratando com parcialidade
os seus filhos. Isto jamais deve acontecer num lar. Os pais devem se
conscientizar que seu papel é de participantes com Deus da criação de novas
vidas e que os filhos, sem exceção, são herança do Senhor (Sl.127:3) e, como
representantes do próprio Deus em relação aos filhos, devem os pais se portar
como o próprio Senhor, ou seja, sem parcialidade, sem fazer acepção de pessoas
(Dt.10:17; At.10:34).
- Jacó, no entanto, não observou isto e seu comportamento, que
alcançou seu auge ao presentar seu filho com uma túnica de muitas cores, acabou
por gerar nos irmãos de José um ódio de tal maneira que seus irmãos já não
podiam mais falar pacificamente com ele (Gn.37:4).
- Esta situação deteriorou-se ainda mais porque José teve um
sonho e o contou a seus irmãos. Neste sonho, José se via e a seus irmãos atando
molhos no meio do campo e o molho de José se levantava e também ficava em pé e
os molhos de seus irmãos se inclinavam ao seu molho (Gn.37:6,7). Todos
interpretaram este sonho como sendo a previsão de que José dominaria sobre os
seus irmãos e isto fez com que seus irmãos aumentassem ainda mais o ódio contra
José.
- Como se isto fosse pouco, José ainda teve outro sonho e, neste
sonho, sol, lua e onze estrelas se inclinavam diante de José. José, de tenra
idade, ainda sem experiência da vida, contou este sonho também a seu pai e a
seus irmãos. O próprio Jacó, que, de algum modo, já estava a notar o ambiente
hostil contra seu filho predileto, repreendeu José após ter sabido de sonho,
também indagando José se ele haveria de dominar inclusive sobre o próprio Jacó
(Gn.37:10).
- Diante destes sonhos, a inveja e o ódio dos irmãos de José
alcançaram níveis muito intensos. Jacó, ainda que tivesse repreendido seu
filho, verificou que se tratava de sonhos proféticos e, por isso, guardou este
assunto em seu coração, ainda que, sabidamente, não entendia como poderia José
dominar até sobre ele próprio.
- Jacó, então, mandou que José fosse até junto de Siquém, onde
seus irmãos estavam a apascentar o rebanho, mas lá chegando, não os achou,
sendo informado de que tinham ido a Dotã. Quando José se aproximava de seus
irmãos, estes viram uma ocasião para se livrar daquele irmão que tanto odiavam
e invejavam e resolveram matá-lo (Gn.37:14-18).
- Neste episódio, vemos a realidade que seria explicitada pelo
Senhor Jesus no sermão do monte, qual seja, a de que quem odeia seu irmão é um
homicida (Mt.5:21,22), ensino que seria repetido anos mais tarde pelo apóstolo
João (I Jo.3:15). O ódio está por detrás de todo derramamento de sangue e
muitos não derramam o sangue por falta de oportunidade tão somente. Foi o que
ocorreu com os irmãos de José. Eles já o odiavam há muito e, agora, longe dos
olhos de seu pai, tiveram a oportunidade para transformar seu ódio em
derramamento de sangue.
- O ódio que tinham pelo seu irmão era tão grande que o chamaram
de “sonhador mor” (Gn.37:19), a mostrar, claramente, que os sonhos contados por
José haviam sido a “gota d’água” do ódio já acalentado pelos irmãos diante da
predileção de Jacó pelo primogênito de Raquel.
- José foi, então, aprisionado por seus irmãos, que queriam
matá-lo, jogá-lo numa cova e, depois, diriam que uma besta-fera o havia comido
e, assim, queriam invalidar os sonhos tidos pelo irmão (Gn.37:20). Vemos aqui
como aqueles homens estavam movidos pelo inimigo de nossas almas que procurava,
de toda maneira, impedir que a nação de Israel se formasse.
- Por primeiro, estavam todos animados com uma intenção homicida
e o diabo é homicida desde o princípio (Jo.8:44). Por segundo, já haviam
arquitetado a mentira que contariam, dizendo que uma besta-fera o comera e não
podemos nos esquecer que o diabo é o pai da mentira (Jo.8:44). Por fim, queriam
eles desfazer dos sonhos de José, sonhos proféticos, a mostrar, deste modo,
toda uma rebeldia contra o que seria a suposta vontade de Deus, uma
manifestação de soberba e de rebelião contra o Senhor, mais uma característica
típica do diabo (Is.14:13,14; Ez.28:6).
- No entanto, Rúben, o primogênito de Jacó (ainda que só
biologicamente a esta altura dos acontecimentos), tomou a frente de seus
irmãos, impedindo que fosse derramado o sangue de José e consentindo apenas que
fosse ele lançado na cova, mandando, inclusive, que deveria ele tornar a seu
pai. Isto foi feito, mas, como prova da inveja e ódio que tinham seus irmãos,
tiraram dele a túnica de várias cores que recebera de presente de seu pai
(Gn.37:21-24).
- Enquanto José estava na cova, seus irmãos foram comer,
demonstrando toda a sua insensibilidade e falta de amor. Enquanto comiam, viram
a aproximação de uma companhia de ismaelitas, comerciantes ambulantes que
faziam o comércio entre o Egito e as demais nações do Oriente Médio. Judá,
então, teve a ideia de vender José para estes mercadores, tirando assim
proveito de o ter lançado na cova, evitando, deste modo, que, segundo o
conselho de Rúben, se deixasse que retornasse a Jacó, onde, certamente,
contaria tudo o que havia se passado com ele.
- Judá convenceu a todos os irmãos e assim se fez, sendo José
vendido por vinte moedas de prata e levado para o Egito pelos ismaelitas. Rúben
estava ausente neste momento e, quando retornou, ao ver a cova vazia, rasgou
seus vestidos, pensando que ele havia sido morto, mas seus irmãos lhe contaram
o que acontecera e forjaram uma mentira, tomando a túnica de José, tingindo-a
com sangue de um cabrito e a levando até Jacó, enganando seu pai, dizendo que
uma besta-fera havia comido o seu filho predileto (Gn.37:29-34).
- Jacó era mais uma vez enganado na sua vida, agora pelos seus
próprios filhos, passando a crer que seu filho predileto José havia morrido.
Verdade é que Jacó não compreendia este fato, máxime ante os sonhos tidos e
contados por José. Mas por que Jacó era assim enganado uma vez mais, mesmo
depois de ter entrado no centro da vontade de Deus? Basicamente por dois
motivos: primeiro, porque, mesmo após sua transformação, havia mentido para seu
irmão Esaú (Gn.33:12-17) e tinha de se submeter à lei da ceifa, máxime sendo,
agora, um fiel servo do Senhor (Cf. Mt.5:23-26); segundo, porque tinha uma
visão equivocada a respeito do prosseguimento do plano divino para a formação
da nação de onde viria o Redentor e a “saída de cena” de José propiciaria ter
ele o correto entendimento sobre isto, inclusive de que a primogenitura
passaria a Judá e não a José.
- Já neste início de vida de José, vemos como este filho de Jacó
se apresenta como um tipo de Cristo Jesus. Assim como José, o Senhor Jesus foi
alvo do ódio e da inveja de Seus irmãos, não apenas dos Seus irmãos carnais
(Cf. Jo.7:3-4), mas dos israelitas como um todo, que eram seus irmãos, já que
eram todos descendentes de Jacó (Cf. Jo.1:11; 8:39-59); assim como José, o ódio
foi tanto que os judeus, por inveja, resolveram matar o Senhor Jesus (Cf.
Mt.12:14; 26:4; 27:1,18; Mc.15:10; Jo.11:53); assim como José, o Senhor Jesus
também foi vendido, só que por trinta moedas de prata e não apenas vinte moedas
como o primogênito de Raquel (Mt. 26:15; 27:3).
II – JOSÉ NO EGITO
- Os ismaelitas foram para
o Egito e levaram José consigo, após tê-lo adquirido por vinte moedas de prata
e, no Egito, o puseram à venda e José foi comprado por Potifar, capitão da
guarda de Faraó (Gn.38:36; 39:1). O texto diz que Potifar era “eunuco”, palavra
que poderia tanto significar um alto funcionário quanto a própria circunstância
de ser uma pessoa castrada (normalmente, os altos funcionários dos reis eram
castrados para evitar que tivessem relacionamento íntimo com as mulheres e
concubinas do rei).
- Antes de prosseguirmos na análise da vida de José, é
interessante notar que, no livro de Gênesis, há uma interrupção em a narrativa
da biografia deste filho de Jacó para se tratar da história de Judá e Tamar, no
capítulo 38. Tal interrupção não deve ser considerada como um erro de algum
copista ou uma incongruência do próprio autor, mas, consoante já dissemos
supra, a primogenitura havia passado a Judá, ante os descalabros cometidos por
Rúben, Simeão e Levi e o texto, então, foca em Judá, para mostrar que, apesar
dos erros cometidos (e foi Judá quem instigou os seus irmãos a vender José),
Judá teve a capacidade de reconhecer seu erro (e isto será mostrado mais
adiante em relação ao próprio José) e, por ter se arrependido, Judá, ao
contrário de seus outros irmãos, não perdeu esta primogenitura e será, por isso
mesmo, de sua linhagem que virá o Salvador, o Messias.
- Mas, retornando à vida de José, vemos que, apesar de
abandonado por seus irmãos e vendido como escravo numa terra estranha, o texto
bíblico é claro ao afirmar que o Senhor estava com ele (Gn.39:2).
- Apesar de toda aquela situação tão adversa e inexplicável,
José não deixou de ter comunhão com Deus e, mesmo sendo um escravo, mesmo tendo
sido traído por seus irmãos, José se manteve fiel a Deus e o Senhor era com
ele, de tal modo que prosperou na casa de Potifar e tudo quanto José fazia o
Senhor prosperava na sua mão (Gn.39:2). Lembramos aqui do que diz o salmista no
Sl.1, dizendo que aquele que medita de dia e de noite na Palavra do Senhor e
tem prazer na Sua lei será bem-aventurado e tudo quanto fizer prosperará
(Sl.1:1-3).
- Muitos triunfalistas irresponsáveis têm tomado a história de
José para apregoar as mentiras da confissão positiva, fazendo questão de usar a
vida de José como uma prova de que “os sonhos se tornarão realidade”, que não
podemos “abrir mão dos nossos sonhos”, que “Deus há de cumprir nos nossos
sonhos”. No entanto, deixam de dizer ao povo o que realmente a Bíblia diz: José
teve, sim, sonhos proféticos, mas viveu agruras imensas, mas, seja como filho
predileto na casa de seu pai, seja como escravo na casa de Potifar, ele se
mantinha o mesmo, fiel ao Senhor e observador da Sua lei. Havia comunhão entre
o Senhor e José, independentemente das circunstâncias vividas por José sobre a
face da Terra.
- Deus fez José prosperar na casa de Potifar, pois o objetivo
divino não era que José permanecesse naquela casa, mas, sim, que viesse a
governar o Egito para, por seu intermédio, levar o clã de Jacó para se tornar a
grande nação que prometera a Abraão. Mas, se esta era a vontade de Deus, algo
que José ainda não sabia, o fato é que, por ser fiel a Deus, José passou a
fazer o que lhe era mandado na casa de Potifar. Deus fez prosperar José, mas
José também sempre fez o que lhe era mandado. Deus prosperava o que José fazia.
Temos feito algo para que o Senhor possa prosperar? Não nos esqueçamos do que
diz o pregador: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas
forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra, nem indústria, nem
ciência, nem sabedoria alguma” (Ec.9:10).
- O resultado do trabalho fiel e dedicado de José, com as bênçãos
do Senhor, foi que Potifar percebeu o valor daquele jovem, que contava com
apenas 17 anos quando foi para o Egito, e o acabou constituindo como seu
mordomo, ou seja, como o principal servo, entregando na sua mão tudo quanto
tinha (Gn.39:4).
- José era formoso de parecer e formoso à vista e seu progresso
logo aguçou a mulher de Potifar, que passou a desejá-lo, iniciando um assédio
ao mordomo de seu marido. José, no entanto, fiel ao Senhor, não aceitou as
ofertas trazidas por aquela mulher. Não era fácil para um jovem, cheio de
virilidade, resistir a este assédio, até porque tudo indica que aquela mulher,
pela própria posição social que ocupava e por se tratar de uma egípcia, com
acesso a todas as formas de embelezamento existentes naquela época, deveria ser
extremamente atraente.
- José, porém, tinha um firme propósito de servir a Deus, de Lhe
ser fiel, como também a seu senhor. A mulher de Potifar, que a tradição judaica
diz que se chamava Zuleica, então urdiu um plano para ficar a sós com José.
Estando só com José, quis força-lo a manter relações sexuais com ela, mas José
fugiu dela, não aceitando trair o seu senhor e mantendo a sua castidade. A
mulher de Potifar ficou apenas com o vestido de José e, diante do malogro de
seu plano, acabou por mentir, dizendo a Potifar que José a havia tentado
abusar, mostrando o vestido de José como prova (Gn.39:7-18).
- José traz-nos uma importante lição neste episódio, máxime para
os jovens. Devemos manter a castidade, ou seja, a pureza sexual, jamais
praticando o sexo antes ou fora do casamento. José tinha tudo, humanamente
falando, para ceder aos encantos da mulher de Potifar, mas preferiu ser fiel ao
Senhor. José fugiu da tentação sexual, pois de tal pecado, que é contra o
próprio corpo, devemos fugir. Por isso, aliás, o apóstolo Paulo nos manda fugir
da prostituição (I Co.6:18).
- Nos dias difíceis em que estamos a viver, quando aumenta
consideravelmente a imoralidade sexual, devem os jovens cristãos fugir disto,
evitando, assim, ambientes e situações que favoreçam a sensualidade e levem à
queda por descontrole da libido, dos instintos sexuais, já que há um verdadeiro
bombardeio satânico para estimular e incentivar tais práticas. José ensina-nos
que só fugindo de tais situações poderemos nos manter puros para que vivamos a
vida sexual nos limites e parâmetros determinados pelo Senhor à humanidade.
- Ao saber da história, Potifar poderia ter simplesmente mandado
matar José. Ele se encheu de ira (Gn.39:19), mas o capitão da guarda de Faraó
devia bem conhecer a mulher que tinha e, por isso, em vez de mandar matar José,
preferiu entregá-lo na casa do cárcere, no lugar onde os presos do rei estavam
presos (Gn.39:20).
- Ficamos a imaginar como estava a mente de José nesta situação.
Depois de vendido por seus irmãos como escravo, agora tinha novo infortúnio.
Acusado falsamente pela mulher de seu senhor, agora se via no cárcere, preso
por um crime que não havia cometido. Como deixar de fazer o cotejo entre os
sonhos que tivera e sua miserável situação? Entretanto, mesmo no cárcere, mesmo
injustiçado, o texto bíblico diz que o Senhor estava com José e estendeu a Sua
benignidade, a ponto de, a exemplo do que havia ocorrido na casa de Potifar,
ter achado graça aos olhos do carcereiro-mor. José tornava-se, assim, um
mordomo do carcereiro-mor, passando José a fazer tudo o que se fazia ali na
casa do cárcere, tendo, nas suas mãos, todos os presos do rei. Mais uma vez o
Senhor prosperava o que José estava a fazer (Gn.39:21-23).
- Os anos se passaram e José já contava com vinte e oito anos de
idade, onze anos no Egito. Um dia, estava a fazer o seu serviço, quando dois
altos oficiais de Faraó que ali estavam aprisionados, o padeiro-mor e o
copeiro-mor de Faraó, tiveram um sonho, que os deixou perturbados. José notou
que estavam atribulados e lhes perguntou o porquê daquela perturbação. Nesta
pergunta de José, vemos como o jovem era uma pessoa que se compadecia dos
outros, tendo aqui mais um traço que põe José como figura de Cristo Jesus.
- Os dois prisioneiros, então, contaram o sonho para José. O
copeiro-mor foi o primeiro que contou o sonho, dizendo que sonhara com três
sarmentos numa vide, que brotavam, davam flores e frutos e os cachos madureciam
e que o copo de Faraó estava n sua mão e tomava as uvas e as espremia no copo
de Faraó e dava aquele copo a Faraó. José, então, interpretou o sonho dizendo
que, dentro de três dias, o copeiro-mor seria restaurado à sua função
(Gn.40:9-13).
- Animado com a interpretação do sonho do copeiro-mor, o
padeiro-mor também contou o seu sonho, que eram três cestos brancos que estavam
sobre a sua cabeça, sendo que no cesto mais alto havia os manjares de Faraó e
as aves do céu comiam do cesto sobre a sua cabeça. José, então, interpretou o
sonho dizendo que, dentro de três dias, o padeiro-mor seria morto por ordem de
Faraó e as aves do céu comeriam da sua carne (Gn.40:17-19).
- Assim como José havia interpretado, aconteceu, pois, três dias
depois, dia do aniversário de Faraó, o copeiro-mor foi restituído ao seu posto
e o padeiro-mor, executado.
- José havia pedido ao copeiro-mor que, uma vez restituído na
sua função, intercedesse por José, para o retirar da prisão, já que estava ali
injustamente (Gn.40:14,15), mas o copeiro-mor se esqueceu de José (Gn.40:23).
- Dois anos se passaram e parecia que José não teria como sair
daquela prisão. No entanto, no tempo de Deus, Faraó teve um sonho que muito o
perturbou, Faraó vira sete vacas que subiam do rio Nilo, formosas à vista e
gordas de carne, que pastavam no prado e, depois, surgiam outras sete vacas,
feias à vista e magras de carne que vinham e engoliam as sete primeiras vacas,
mantendo-se feias e magras. Faraó, então, teve outro sonho, em que via sete
espigas cheias e boas, mas, depois, delas brotavam sete espigas miúdas, que
devoravam as espigas grandes e cheias (Gn.41:1-6).
- Faraó, perturbado com estes sonhos, chamou todos os sábios de
sua corte para que houvesse a interpretação, mas ninguém pôde fazê-lo. Em meio
àquela perplexidade no palácio de Faraó, o copeiro-mor lembrou-se de José e
falou a respeito dele para Faraó, que mandou que José fosse chamado até a sua
presença. José foi, então, à presença de Faraó e interpretou o sonho dizendo
que os dois sonhos eram um só e que havia sido repetido porque aquilo era algo
que vinha de Deus, era um sonho profético. O Senhor estava a dizer a Faraó que
haveria sete anos de fartura sem igual no Egito, mas, depois dos sete anos,
sobreviria uma grande fome também por sete anos, que aniquilaria toda a fartura
anterior e que, por isso, deveria Faraó se cercar de alguém que, durante os
sete anos de fartura, auferisse provisões para que o povo pudesse suportar os
sete anos de fome (Gn.41:7-37).
- Diante de tal interpretação precisa, acompanhada de solução
para o problema, Faraó não teve dúvidas de que a pessoa mais preparada para
lidar com aquela situação era o próprio José e, em razão disto, o constituiu
como governador do Egito, como a segunda autoridade no reino, inferior somente
a Faraó. Retirou seu anel do seu dedo e o pôs na mão de José, fê-lo vestir de
vestidos de linho e pôs um colar de ouro no seu pescoço, determinando que todos
se prostrassem diante de José, tendo, ademais, dado a José o nome de
Zafenate-Paneia, cuja tradução é o “salvador do mundo” (Gn.41:38-45).
- Depois de treze anos de agruras e sofrimentos, José era guindado
da casa do cárcere à condição de governador do Egito. Era tão somente
e apenas o começo do
cumprimento dos sonhos proféticos que José tivera.
- Neste episódio, também, vemos aqui mais uma demonstração de
que José é tipo de Jesus Cristo. Assim como José foi guindado da casa do
cárcere para ficar junto ao trono de Faraó, o Senhor Jesus da mansão dos mortos
foi guindado até o trono do Pai nos céus (Cf. At.3:18,20,21); assim como José
recebeu toda a autoridade da parte de Faraó, o Senhor Jesus também recebeu todo
o poder nos céus e na terra (Cf.Mt.28:18); José recebeu o nome de
Zafenate-Paneia, ou seja, “o salvador do mundo”, prefigurando Aquele que seria
o Salvador da humanidade, Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
III – JOSÉ, O GOVERNADOR DO
EGITO
- Faraó deu Asenate, filha
de Potífera, sacerdote de Om para esposa a José que, assim, pôde constituir
família, tendo tido a dois filhos: o primogênito, Manassés, nome cujo
significado é “que faz esquecer”, porquanto Deus o havia feito esquecer de todo
o seu sofrimento e da casa do seu pai; o segundo, Efraim, cujo significado é
“duplamente frutífero”, porque Deus o fizera crescer na terra da sua aflição
(Gn.41:50-52).
- Nestes nomes dados por José a seus filhos, notamos que o
governador do Egito ainda não compreendera o que estava a se passar. Ao ter
Manassés, demonstra que havia entendido que o tempo do sofrimento havia
passado, mas que deveria se esquecer da casa do seu pai. Havia, também,
esquecido dos sonhos proféticos que tivera, achava que nada mais tinha que
realizar em prol da realização das promessas de Abraão a seu pai Jacó. Quando
teve Efraim, veio-lhe, ainda, com maior intensidade este sentimento, porquanto
tinha entendido que a bênção divina estava tão somente relacionada a sua estada
no Egito, que seria a terra da sua bênção. Como José estava equivocado...
- Assim como José havia dito, o Egito teve sete anos de fartura
e, durante este tempo, José se encarregou de armazenar o mantimento para os
sete anos de fome que haveriam de vir. No entanto, findos os sete anos,
sobreveio a fome, conforme a interpretação do sonho dado a José e, então, forma
abertos os armazéns e José começou a vender mantimento para os egípcios e não
só para os egípcios, mas também dos povos em volta, pois a fome prevalecia em
todas as terras.
- Esta fome também atingiu Canaã e Jacó, então, mandou que seus
filhos fossem ao Egito, pois havia notícia de que ali havia comida para ser
adquirida. José era encarregado da venda dos mantimentos e, ao ver seus irmãos,
reconheceu-os e, como todos os que vinham ao seu encontro, também eles se
inclinaram ante ele com a face na terra. José via, assim, o cumprimento do
sonho profético que tivera muitos anos antes.
- José reconheceu seus irmãos, mas eles não o reconheceram
(Gn.42:8). Temos aqui mais uma demonstração de José como figura de Cristo
Jesus. Quando o Senhor Jesus veio para os judeus, estes também não O
reconheceram como o Messias (Cf. Jo.1:11).
- José os tratou asperamente, mostrando-se estranho para com
eles e lhes perguntou de onde vinham, tendo eles dito que tinham vindo de
Canaã, o que confirmou a José que se tratava de seus irmãos. José fê-los contar
toda a sua história e, então, disse deles desconfiar, considerando-os espiões e
determinou que não saíssem do Egito enquanto o seu irmão mais novo não fosse
levado até o Egito. José prendeu seus irmãos e, três dias depois, mudou de
parecer, dizendo para que um só ficasse preso e o restante levasse mantimento
para a casa do seu pai.
- José agia sob direção de Deus e esta aspereza nada mais era
que a retribuição pelo que seus irmãos haviam feito com ele. Entendamos bem
isto: não se tratava, em absoluto, de uma vingança de José, mas, sim, de
circunstâncias criadas por Deus para que os irmãos de José reavaliassem o que
haviam feito e dissipassem o ódio que haviam tido para com José.
- Tanto assim é que, ante a ordem de José para que um dos irmãos
ficasse preso, de imediato veio à consciência de seus irmãos o que haviam feito
com José. Reconheceram a culpa no episódio, lembrando de quando haviam sido
insensíveis ao clamor de José. Rúben, inclusive, fez questão de afirmar que,
naquele instante, o sangue de José era requerido. José tudo ouviu e saiu dali
para chorar, numa prova de que não estava a se vingar de seus irmãos, mas via a
mão de Deus atuando naquelas circunstâncias. Escolheu, pois, Simeão para ficar
preso no Egito e os mandou de volta para Canaã, não antes de determinar que,
quando voltassem, deveriam trazer o seu irmão mais novo e mandar devolver o
dinheiro que eles haviam levado para adquirir a comida, algo que foi feito
sorrateiramente, com a colocação do numerário nos sacos de mantimento. José
tomava, assim, o preço do mantimento de sua família, em mais um gesto que o faz
ser tipo de Cristo Jesus, que também tomou o preço dos nossos pecados sobre Si
(Gn.42:25-34).
- Ao chegar a Canaã, os irmãos de José tudo relataram a Jacó,
que se sentiu desfilhado, já que, depois de ter perdido José, agora via Simeão
mantido preso no Egito e, mais, com a obrigação de, ao tornar ao Egito, deverem
os seus filhos levar Benjamim, o outro filho de Raquel (Gn.42:36). Jacó também
não estava entendendo o que lhe acontecia, diante da promessa divina dada a
Abraão e a ele próprio. Diante disto, Jacó resolveu não permitir a ida de
Benjamim para o Egito (Gn.42:38).
- O que aconteceu com Jacó também acontece conosco. Há
circunstâncias em nossa vida tão adversas, tão terríveis que, se olharmos para
elas, certamente desfaleceremos em nossa fé. Ao fazermos um cotejo entre as
promessas de Deus e a o que estamos a passar, não vemos como vislumbrarmos o
cumprimento daquilo que foi dito pelo Senhor. No entanto, devemos andar por fé
e não por vista (Cf. II Co.5:7) e, nestes instantes, temos de pedir ao Senhor
que acrescente a nossa fé, não se deixando abalar, pedindo a Deus que sejamos
como os montes de Sião (Sl.125:1).
- A fome era gravíssima na terra e a situação da família de Jacó
se tornou insustentável. Jacó mandou que seus filhos fossem ao Egito comprar
mantimento, mas Judá lembrou seu pai que não poderiam ir até lá sem que
levassem Benjamim. Judá, então, pôs-se como fiador de Benjamim, repetindo,
assim, o que já dissera Rúben anteriormente. Ante a situação premente, Jacó
aquiesceu e mandou que Benjamim fosse com os seus irmãos, como também fossem
levados presentes ao governador do Egito bem assim o dinheiro que havia sido
devolvido (Gn.43:1-14).
- Ao ver novamente seus irmãos, que estavam acompanhados de
Benjamim (e, assim, José teve certeza de que seus irmãos nenhum mal haviam
feito a Benjamim, que, por ser também filho de Raquel, poderia ter sido tratado
com predileção por Jacó, que, no entanto, não repetira o erro anteriormente
cometido com José), mandou que se preparasse um jantar, mandando que seus
irmãos fossem conduzidos à sua casa. Tal gesto fez com que seus irmãos ficassem
temerosos, achando que seriam punidos pelo governador por causa do dinheiro do
mantimento anteriormente adquirido. Por isso mesmo, assim que se apresentaram a
José, contaram-lhe a respeito do dinheiro, querendo, com isto, evitar qualquer
punição. Os irmãos de José estavam mudados, agora mudavam de comportamento,
mostrando-se honestos e verdadeiros.
- José tranquilizou-os, dizendo que não estava preocupado com
qualquer dinheiro, levou-os para comer com ele e perguntou a respeito de seu
pai, bem como contemplou a Benjamim. Levantou-se, então, e saiu a chorar,
tendo, depois de se recompor, voltado e participado da refeição com eles.
- José, a esta altura, já tinha entendido o plano de Deus para a
sua vida e da sua família. Sabia que deveria sustentar a sua família e dar os
meios para que a bênção de Abraão se realizasse (Cf. Gn.45:5-8; 50:20,21) e,
assim, arquitetou um plano para que seus irmãos pudessem com ele ficar no
Egito, garantindo, deste modo, a sobrevivência do seu clã, que haveria de se
tornar a grande nação como Deus havia prometido a Abraão, seu bisavô.
- José, então, mandou que se devolvesse novamente o dinheiro aos
seus irmãos, pondo-os nos sacos de mantimento, mas que pusesse um copo de prata
seu no saco de Benjamim. Quando eles foram embora, José mandou que fossem eles
perseguidos e que se denunciasse o furto do referido copo e que se buscasse o
referido copo e o copo foi achado no saco de Benjamim.
- Quando o copo foi achado, todos os irmãos de José rasgaram os
seus vestidos e foram todos até à casa de José e lá chegando, prostraram-se
diante de José (Gn.44:14), confirmando-se, assim, o segundo sonho profético de
José. Judá, então, confessou a José todo o pecado cometido quando da prisão e
venda do próprio José, bem como a promessa que fizera a seu pai Jacó, pondo-se
à disposição para ocupar o lugar de Benjamim (Gn.44).
- Vemos aqui, aliás, como Judá havia se arrependido de tudo
quanto fizera de errado e, por isso, a primogenitura não lhe foi tirada,
precisamente porque, apesar de ter pecado, arrependeu-se. Será por esta causa
que, na sua bênção final, Jacó confirmará que o cetro não se arredaria de Judá
nem o legislador dentre seus pés até que viesse Siló e a ele se congregassem
todos os povos (Gn.49:10), predizendo, assim, que o Salvador do mundo viria da
tribo de Judá.
- Ante tal confissão e gesto de Judá, José não mais suporta e se
dá a conhecer a seus irmãos e lhes explica o plano de Deus para as suas vidas,
dizendo que ainda haveria mais cinco anos de fome e que todos deveriam vir para
o Egito, habitando na terra de Gósen, para serem conservados em vida e, desta
maneira, continuassem a se formar como nação segundo o projeto divino iniciado
com Abraão (Gn.45:1-14).
- Mais uma tipologia de Cristo Jesus na vida de José. Assim como
José se fez reconhecer a seus irmãos somente depois que Judá confessou seus
pecados, Jesus somente Se fará conhecido do povo judeu quando ele, acossado
pelo Anticristo, clamar pelo Senhor e reconhecer que Jesus é o Messias, na
iminência da batalha do Armagedom (Cf. Zc.12).
- Faraó, ao saber da existência dos irmãos de José, aquiesceu
com o plano de José e autorizou a vinda de sua família para o Egito. Os irmãos
de José voltaram para Canaã e tudo contaram para Jacó, que, assim, passou a
entender tudo, teve seu espírito revivido e ansiou por ver novamente o seu
filho predileto (Gn.45:26-28).
- Ao saber desta notícia, Jacó mostrou que era realmente um
homem de Deus, totalmente transformado. Foi até Berseba e lá ofereceu
sacrifícios a Deus e o Senhor, então, em visões de noite, disse a Jacó para que
descesse ao Egito, porque ali ele faria do clã de Israel uma grande nação
(Gn.46:1-4). Só depois de Deus autorizar sua ida ao Egito é que Israel resolveu
mudar-se para lá, apesar de toda a vontade que tinha de rever a José. Que
grande lição nos dá Israel: devemos agir não segundo nossa vontade, mas sempre
de acordo com a vontade de Deus!
- José encontrou-se com seu pai e este encontro deve ter sido
maravilhoso, um encontro depois de vinte e dois anos, em que tanto Jacó achava
ter perdido seu filho José para sempre, como José achava ter perdido o convívio
de sua família para sempre. Entretanto, ambos entenderam o plano de Deus e
podiam ver um ao outro, tendo a oportunidade de se fortificar na fé e
compreender que o propósito do Senhor se mantinha firme e que Deus estava a
cumprir à risca o que havia prometido a Abraão.
- Este episódio faz-nos pensar como deve ter sido o encontro do
Senhor Jesus com o Pai, quando vitorioso, entrou novamente diante do trono da
graça de forma solene como nos mostra o Sl.24:7,8. Vemos mais uma tipologia de
Jesus Cristo em José, pois, assim como José se encontrou sozinho com seu pai
Jacó, Jesus, também, pela vez primeira, apresentou-Se solitário diante do Pai,
mas, como mostra o próprio salmista, voltará para nos levar com Ele para nos
apresentar ao Pai após ter vindo buscar a Sua Igreja (Sl.24:9,10; Hb.2:13).
- Jacó é levado à presença de Faraó e, instruído por José, diz
que era pastor de ovelhas e, por causa disso, como tal atividade era abominável
aos egípcios, foi determinado que morasse na terra de Gósen, que era propícia
para a criação de ovelhas, tudo conforme o plano arquitetado pelo próprio José.
Deus dava ao clã de Israel a melhor terra para a criação de ovelhas, o ambiente
propício para a grande multiplicação que se seguiria e que tornaria setenta
pessoas numa nação de seiscentos mil homens prontos para a guerra, fora as
mulheres e crianças, num espaço de apenas 215 anos.
- Jacó viveu ainda dezessete anos na terra do Egito (Gn.47:28).
Já velho e cansado, adoeceu e, pressentindo a morte, chamou José e pediu para
abençoar os filhos de José, que tomou como seus próprios filhos, tendo
abençoado Efraim como se fosse o primogênito de José, profetizando que Efraim
seria maior que Manassés. Também abençoou seus filhos, também sendo usado pelo
Espírito Santo para descrever o futuro de cada uma das tribos de Israel, vindo
a falecer, tendo sido sepultado na sepultura da família na terra de Canaã.
- Depois de sua morte, os irmãos de José, temerosos de que o
governador do Egito aproveitasse a morte do seu pai para se vingar deles,
mentiram para José, dizendo que, antes de morrer, Jacó havia determinado que
José não lhes fizesse mal, mas José lhes mostrou que tinha plena consciência de
que não lhes poderia fazer mal, que ele havia sido o “salvador” do seu clã, o
instrumento para que o povo se multiplicasse no Egito e se tornasse uma grande
nação.
- José mostra-se perdoador, sem qualquer rancor ou
ressentimento, como também tinha, na sua comunhão com Deus, bem entendido o
plano divino para Israel. Por isso mesmo, disse aos seus irmãos que eles seriam
conservados em vida e multiplicados no Egito, mas que seu destino não era o
Egito e, sim, a terra de Canaã, que havia sido prometida a Abraão pelo Senhor.
- Tamanha era a confiança de José a este respeito que fez seus
irmãos jurarem que não deixariam o seu corpo no Egito, mas que, quando de lá
saíssem para Canaã, deveriam levar os seus restos mortais, para que eles fossem
sepultados na terra que Deus prometera dar a Abraão. Seus irmãos assim juraram
e, com efeito, tendo José morrido na idade de cento e dez anos (Gn.50:26), seu corpo
não foi sepultado, como ocorria com os governadores do Egito, mas foi mantido
num caixão, caixão que seria levado por Moisés, cerca de 144 anos depois, para
Canaã (Ex.13:19), restos mortais que, finalmente, seriam sepultados, muito
provavelmente por Josué, ele próprio um descendente de José, cerca de 185 anos
depois da morte do próprio José (Js.24:32). Quase dois séculos depois, José viu
realizada a sua última profecia, porque, a exemplo de seus pais, morreu na fé,
sem ter recebido as promessas, mas, vendo-as de longe, e crendo-as, e
abraçando-as, confessou que era estrangeiro e peregrino na terra (Hb.11:13).
- Também nesta afirmação de José, vemos mais uma demonstração da
tipologia de Jesus Cristo. Assim como José não ficou na terra do Egito, Jesus
também não ficou neste mundo; assim como José pediu para ser sepultado em
Canaã, a terra prometida por Deus, Jesus foi levado aos céus, à Canaã
celestial; assim como José acompanhou o povo de Israel na sua ida a Canaã,
Jesus também nos acompanha em nossa ida aos céus, jamais nos deixando (Cf.
Mt.28:20).
- Assim termina o livro de Gênesis, com a morte de José, mas não
somente a sua morte, mas a fé e a esperança do governador do Egito de que a
promessa feita por Abraão se cumpriria e que estava a nascer a nação da qual
viria Aquele que tornaria todas as famílias da terra benditas. Gênesis termina
com a certeza de que Deus haveria de redimir a humanidade e que o plano
original de Deus, aparentemente transtornado com a entrada do pecado no mundo,
haveria de prevalecer.
Feliz 2016!
Caramuru Afonso Francisco