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Esboço Assembléia de Deus Recife-Pe
Lição 7: Jesus Sumo Sacerdote de uma Ordem superior
O exemplo de Caim não demorou a generalizar-se. Se por um lado, sua descendência destaca-se por empreendedores como Jabal e Jubal, por outro, é corrompida por homens devassos e violentos como Lameque. Primeiro bígamo da história, este viria a se notabilizar também por haver assassinado futilmente duas pessoas. E, para comemorar o feito, compôs um poema. Os pecados de Caim e Lameque alastraram-se de tal maneira que viriam a depravar, inclusive, a linhagem piedosa de Sete. Vivemos dias semelhantes. A devassidão e a violência nunca foram tão exaltadas. Esta geração existe como se não houvesse Deus. Entretanto, perto está o dia do juízo sobre os praticantes da iniquidade. Lameque é o mais perfeito símbolo da depravação total daquele período.
Nesta lição, veremos uma breve biografia de Lameque descendente de Caim, considerado por alguns como um dos personagens mais depravado da Bíblia Sagrada. Faremos uma rápida comparação entre a geração ímpia de Lameque e a geração piedosa de Sete. Estudaremos os maus exemplos deixados pela semente lamequiana, e por fim, concluiremos pontuando que não devemos seguir os maus hábitos da linhagem impura de Lameque.
I – BREVE BIOGRAFIA DE LAMEQUE
Lameque filho de Metusael, um descendente de Caim, foi o primeiro polígamo manchando a instituição divina Do casamento tendo-se unido com Ada do hebraico “beleza” e Zilá significa “sombra” (Gn 4.18-24). Seus filhos foram Jabal(pai dos que habitam em tendas e têm gado), Jubal (pai de todos que tocam harpa e órgão), e Tubalcaim (mestre de toda a obra de cobre e de ferro). Sua impiedade chegou ao auge quando se vangloriou de sua violência no cântico da espada (Gn 4.23,24), assim, em conexão com Lameque, temos o primeiro exemplo de poesia na Bíblia (Gn 4.23,24), e exibe o paralelismo que caracterizava a poesia dos hebreus. Essa vanglória é geralmente entendida como sendo a confiança nas,armas de metal de seu filho, em oposição à confiança em Deus. Estes filhos parecem torná-lo o pai dos nômades, músicos e artífices em metal (WYCLIFFE, 2006, p. 1130). Donald Stamps (1995, p. 39), diz que Lameque foi o primeiro a rejeitar o princípio do casamento monogâmico ordenado por Deus (Ml 2.15; Mt 19.5), que um homem cruel e bárbaro, e foi o primeiro a cometer um duplo homicídio, e ainda fez um poema em sua própria homenagem (Gn 4.23,24).
II – LAMEQUE E A SEMELHANÇA DA DESCENDÊNCIA DE CAIM E SETE
Quanto aos três filhos de Lameque descendente de Caim, Jabal o primeiro, foi um famoso pastor de ovelhas e construtor de tendas (Gn 4.20); Jubal, o segundo, foi um músico e harpista (Gn 4.21); e o terceiro filho Tubalcaim foi artífice de metais (Gn 4.22). É interessante observar um ponto de comparação entre a linhagem de Caim e a linhagem de Sete. O sétimo depois de Caim foi Lameque, que era o epítome (exemplo) da hostilidade furiosa, embora seus três filhos fossem gênios criativos. O sétimo na linhagem de Sete foi o piedoso Enoque, que Deus para si o tomou e seus três filhos começaram uma nova população depois do dilúvio (HENRY, 2010, p. 41). Ao comparar a árvore genealógica de Caim com a de Sete é impossível não observar a semelhança entre os nomes. Vejamos:
2.1 Apenas uma aparente semelhança genealógica. Há um Enoque e um Lameque descendentes de Caim (Gn 4.18) e um Enoque e um Lameque descendentes de Sete (Gn 5.18, 25). O Enoque descendente de Caim não andou com Deus como o de Sete, e nem o Lameque descendente de Caim foi obediente como o de Sete (Gn 4.26; 5.21-32). O mais triste, porém, é que essas duas linhagens, a descendência perversa de Caim e a piedosa de Sete, convergiram e uniram-se (Gn 6.1,2), criando assim, uma sociedade depravada cujos pecados trouxeram o juízo do dilúvio. A árvore genealógica de Caim termina com a família de Lameque (Gn 4.19-24), um homicida arrogante cujos três filhos produziam coisas para este mundo. A linhagem de Sete termina com Noé, cujos três filhos deram ao mundo um recomeço depois do dilúvio (HENRY, 2010, p. 46 – ). Assim, na linhagem de Caim temos o começo da vida urbana; na linhagem de Sete, o começo de uma vida de santificação; e o cainita Lameque, regozijando-se nas armas inventadas por seu filho, mostrou ser o oposto mesmo do Lameque descendente de Sete (CHAMPLIN, 2001, p. 48).
III – A GERAÇÃO ÍMPIA DE LAMEQUE E SEUS MAUS EXEMPLOS
A geração atual em nada se difere dos tempos antediluvianos a não ser em questão de espaço temporal. Notemos pois o que diz o texto: “E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra... O fim de toda a carne é vindo perante a minha face; porque a terra está cheia de violência...
(Gn 6.12,13). O mundo de Lameque era ingrato e cruel e voltando-se contra o Senhor, seus descendentes cometeram os pecados mais hediondos e abomináveis. Vejamos:
3.1 Corromperam a terra com prostituições (Gn 4.19). Os pecados sexuais, agora, eram cometidos como se nada fosse proibido; não havia limites à fornicação nem ao adultério. A maldade aumentava a todo instante e os descendentes de Caim e Lameque ficaram excessivamente ímpios e pagãos. Com o transcorrer do tempo, a separação entre os descendentes de Sete e os de Caim cessou por causa do casamento das duas linhagens (Gn 6.2). A união dos piedosos com mulheres incrédulas foi motivada pela “atração física de tais mulheres”. Sem mães piedosas, a descendência de Sete degenerou-se espiritualmente.
3.2 Corromperam a terra com imoralidades (Gn 6.5). Chegou o momento quando a família de Noé foi a única que cumpria as normas morais e espirituais de Deus. Parece que Satanás, ao ver que não pôde destruir a linha messiânica pela força bruta no caso de Abel, agora procura extingui-la mediante casamentos mistos; e por pouco não teve êxito. Outra característica daquela geração era a corrupção (Gn 6.11). O homem deixou de fazer o bem e, aquela geração vivia mergulhada em práticas pecaminosas e imorais.
3.3 Corromperam a terra com violência (Gn 4.23; 6.11). Os descendentes de Caim deixaram um legado de iniquidade e maldade. Tornaram-se auto-suficientes e a violência cada vez mais se multiplicava gerando uma sociedade hostil e competitiva. Os excessos daquela gente redundaram numa geração truculenta e implacável. O primeiro poema da Bíblia (Gn 4.23,24) serve de ilustração da amargura feroz que envenenou o espírito destes homens. Há quem diga que o significado do versículo 23 é: “Matei um homem [meramente] por me machucar e um jovem [só] por me pisar o pé”. A maldade e a corrupção daquela geração abriram as portas para a violência. Os homens viviam agredindo-se mutuamente, pois as Escrituras afirmam que “... encheu-se a terra de violência” (Gn 6.11 b).
3.4 Corromperam a terra com resistência à graça divina (Gn 6.3). Como se não bastasse a maldade, a corrupção e a violência, aquela geração também era caracterizada pela incredulidade. Por muito tempo, o Espírito de Deus instou junto àquela geração para que se convertesse e deixasse seus maus caminhos. Chegou, porém, o dia em que Deus deu um basta em tudo aquilo. Declarou o Senhor: "Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem, porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos". A graça de Deus, ainda que perfeita e infalível, pode ser resistida, haja vista a geração que saíra do Egito rumo a Canaã. Não obstante os milagres que presenciara, endureceu o seu coração de tal forma, que veio a ser rejeitada pelo Senhor (Hb 3.8; 15).
3.5 Corromperam a terra com desprezo pela moral (Gn 6.5). A geração lamequiana e antediluviana foi marcada pela violência, corrupção, maldade e satisfação carnal. Os homens daquela época viviam circunscritos a benefícios próprios. “... Pois nos dias anteriores ao Dilúvio, o povo vivia comendo e bebendo, casando-se e dando-se em casamento (...) e eles nada perceberam, até que veio o Dilúvio e os levou a todos. Assim acontecerá na vinda do Filho do homem” (Mt 24.37-39). As marcas da violência são vistas por todos os lados; abusos contra crianças e adolescentes, abusos contra a mulher e racismo de toda natureza.
3.6 Corromperam a terra com o hedonismo (Gn 4.24). A palavra hedonismo vem do filósofo grego Epicuro e significa o “prazer pelo prazer”. Os antediluvianos pensavam somente em “comer e beber; casar-se e se dar em casamentos”.
Todas estas expressões revelam a maneira que aquela sociedade encarava a vida; pois para eles tudo girava em torno do prazer, ou seja da satisfação pessoal. Esta geração precisa urgentemente ouvir a voz de Deus ou será submersa pelo dilúvio do juízo divino. Observe o que diz a Bíblia: “E eles nada perceberam, até que veio o Dilúvio e os levou a todos”.
Crendo os homens ou não Jesus virá para arrebatar os salvos e punir os ímpios.
IV - LAMEQUE – UM EXEMPLO A NÃO SER SEGUIDO
Lameque é um exemplo a não ser seguido por algumas razões. Vejamos:
4.1 Lameque se vangloria de ser um homem violento. Lameque tem prazer em alardear sua violência e apresenta-se como o segundo homicida da história. Ele não conhecia que a violência não é força, mas fraqueza, nem nunca poderá ser criadora de coisa alguma, apenas destruidora. “E disse Lameque a suas mulheres Ada e Zilá: Ouvi a minha voz; vós, mulheres de Lameque, escutai as minhas palavras (...) ” (Gn 4.23-a).
4.2 Lameque banaliza a vida humana. Para Lameque as pessoas não valiam nada. A violência é a demonstração mais vil de que a vida humana não tem valor. Matar um jovem por causa de uma pisada no pé é não ter nenhum respeito á vida humana. “E disse Lameque (…) eu matei um homem por me ferir (...)” (Gn 4.23-b).
4.3 Lameque não demonstrou o mínimo de amor. Lameque não gostou de ser pisado, mas pisou as pessoas. Lameque tipifica aquelas pessoas que não gostam de ser machucadas, mas têm prazer em machucar os outros. “... eu matei (...)”
(Gn 4.23-c). Além de amar nossos familiares e irmãos, a Palavra de Deus nos ensina a amar a todas as pessoas, inclusive, os nosso inimigos (Mt 5.44; Lc 6.35). Jesus disse que se amarmos a quem nos ama, não teremos nenhuma recompensa, pois os pecadores amam aos que os amam (Lc 6.32). É bem verdade que não é fácil amar a quem nos persegue, mas a Bíblia nos diz que o amor de Deus está derramado em nossos corações, pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5.5).
4.4 Lameque é avesso ao perdão. Lameque não conhecia a palavra perdão. Perdão é uma palavra desconhecida no vocabulário de algumas pessoas. Infelizmente, muitos à semelhança de Lameque preferem retribuir a ofensa na mesma intensidade ou em grau superior do que liberar perdão. Seguimos o exemplo de Lameque quando não perdoamos, antes odiamos ao nosso irmão. “... eu matei um homem por me ferir, e um jovem por me pisar” (Gn 4.23-d; Sl 130.4; Mt 5.43,44; Lc 6.27;35; Rm 12.14, 20).
CONCLUSÃO
À semelhança de Noé, proclamemos a Palavra de Deus a tempo e a fora de tempo; esta é a nossa missão. Se nos conformarmos com o mundo, que esperança haverá aos que ainda anseiam pelo Evangelho?
Levantemo-nos como pregoeiros da justiça. Ainda que soframos zombarias e escárnios, nossa missão não ficará inacabada.
Concluímos esta lição, aprendendo que apesar de sempre existir as gerações ímpias e impuras, Deus sempre contou com as gerações puras e obedientes como a de Sete e Noé.
Por intermédio de Lameque, o pai de Noé, chegou o livramento de Deus para a humanidade. Lembremos de que Jesus de Nazaré é da linhagem de Noé. No Dilúvio, o plano de Deus apontava para o plano maior dEle para o mundo: a Cruz do Calvário.
O COMEÇO DE
TODAS AS COISAS – Estudos
sobre o livro de Gênesis
Comentários da
revista da CPAD: Claudionor de Andrade
LIÇÃO Nº 6
– O IMPIEDOSO MUNDO DE LAMEQUE
A civilização
caimita construiu-se à parte de Deus e contaminou todo o mundo antediluviano.
INTRODUÇÃO
- Na
sequência do estudo do livro de Gênesis, estudaremos do final do capítulo 4 até
o capítulo 6.
- A
civilização caimita construiu-se à parte de Deus e contaminou todo o mundo
antediluviano.
I – A
CIVILIZAÇÃO CAIMITA
- Na sequência
do estudo do livro de Gênesis, estudaremos o final do capítulo 4 até o capítulo
6, quando temos a descrição do mundo antes do dilúvio, ou seja, como se
desenvolveu o mundo durante a chamada dispensação da consciência, ou seja, o
período da história da humanidade que vai da queda do primeiro casal até o
dilúvio.
- Deixamos
Caim, na lição anterior, saindo da presença de Deus e indo habitar na terra de
Node, que ficava na banda do oriente do Éden (Gn.4:16).
- Apesar de
lhe ter sido dado um sinal que o impedia de ser morto por quem quer que o
achasse (Gn.4:15), evidência eloquente de que Deus estava disposto a perdoar
Caim e trazer-lhe a salvação, o fato é que o “homem do maligno” persistiu em
sua incredulidade, entendendo que sua maldade era maior que a podia ser
perdoada (Gn.4:13) e mantém sua decisão de se esconder da face do Senhor
(Gn.4:14), de viver como se Deus não existisse.
- Ao
decidir habitar na terra de Node, que ficava da banda do oriente do Éden, Caim
como que reafirma esta sua incredulidade, pois era desse lado do Éden que
se encontrava a espada inflamada que impedia o acesso à árvore da vida
(Gn.3:24), como que a justificar esta atitude de Caim de que não havia mais
solução para ele.
- Esta atitude
do “homem do maligno” continua nos dias atuais. O homem sem Deus e sem salvação
é, muitas vezes, convencido pelo inimigo de nossas almas de que para ele não há
mais solução, que a salvação é impossível, que pecado é maior do que o Senhor e
que, portanto, não se tem possível a salvação.
- Trata-se de
uma mentira satânica que a Igreja deve sempre combater, pois o apóstolo Paulo
afirma que, embora fosse o maior de todos os pecadores, alcançou a salvação em
Cristo Jesus (I Tm.1:13-16), pois onde abundou o pecado, superabundou a graça
(Rm.5:20). Portanto, não há limite para a ação da graça de Deus, e, enquanto
estivermos nesta peregrinação terrena, podemos ser salvos e receber a vida
eterna.
- Nesta sua
atitude de rejeitar a oferta salvadora de Deus, Caim forma uma família,
casando-se e tendo um filho (Gn.4:17). Muito se pergunta quem tenha sido a
mulher de Caim, indagação que perde a sua razão de ser na medida em que
lembramos que, no mundo, não havia apenas Caim e Abel, mas que o primeiro casal
teve filhos e filhas (Gn.5:4), a mostrar que havia outras pessoas sobre a face
da Terra quando se deu tal casamento de Caim, como, aliás, indica o próprio
Caim em Gn.4:14, isto sem falar da possibilidade de terem existido filhos do
primeiro casal antes da queda
- Alguns indagam que, para Caim ter tido uma mulher, era
forçoso que se tivesse casado com uma irmã ou, então, uma sobrinha, o que seria
inadmissível diante da proibição do incesto. No entanto, temos de compreender
que, no início da humanidade, para que se tivesse o cumprimento do propósito
divino da procriação, a prática do incesto era inevitável, sendo só
posteriormente proibida pelo Senhor diante da desnecessidade superveniente.
Ademais, o incesto, ante a proliferação da raça humana, é prática que pode
trazer enormes distúrbios biológicos.
- O filho
de Caim chamou-se Enoque, nome cujo significado é “iniciado”, “ensino”,
“professor”, “treinado” e “dedicado”, segundo os estudiosos. Caim mostra,
com a nominação de seu filho, a intenção de dar início a uma geração que
vivesse sem precisar de Deus, que mantivesse Deus fora de sua mentalidade. Caim
cria firmemente que podia viver sem Deus, que não havia necessidade alguma de
buscar a Deus. O sinal que Deus lhe havia dado, em vez de levá-lo ao arrependimento,
serviu para endurecer ainda mais a sua cerviz e aproveitar esta imunidade que
lhe havia sido dada pelo Senhor para construir uma descendência que o
perpetuasse na face da Terra, como se fosse possível driblar a soberania
divina.
- Caim,
sabendo que não poderia mais lavrar a terra, ante a maldição divina
(Gn.4:11,12), resolveu edificar uma cidade e temos aí a primeira cidade
criada na história da humanidade, dando à cidade o nome de Enoque, que era o
nome de seu filho. Caim cria estar dando início a uma posteridade que seria
independente de Deus, que não teria satisfações a dar ao Senhor.
- Aparentemente,
Caim foi bem sucedido em seu intento. Sua descendência proliferou e a
civilização foi tomando forma (Gn.4:18). Lembramos que civilização é,
segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, “o conjunto de aspectos
peculiares à vida intelectual, artística, moral e material de uma época, de uma
região, de um país ou de uma sociedade”, é o estabelecimento de um modo de
viver por parte do ser humano, modo este que, como tudo que o ser humano
institui, é passageiro, submetido ao tempo e ao espaço.
- Enoque
teve como filho primogênito a Irade, nome cujo significado é “fugitivo”, a
reforçar a ideia de que este povo viveria alheio ao Senhor, fugindo de Sua
presença.
- Irade,
por sua vez, teve como primeiro filho Meujael, palavra cujo significado é
“destruído de Deus” ou “ferido por Deus”, mais um nome que indica a
persistência da intenção de Caim em sua linhagem, a mostrar uma mentalidade de
descrença em Deus e de consideração de que Deus não Se importava com o ser
humano, não estava disposto a perdoá-lo.
- Meujael
teve como primogênito a Metusael, nome cujo significado é “homem de Deus” ou
“homem de deus”, que Russell Norman Champlin entende ser “…talvez alusivo
ao antigo deus Selah, também chamado Sin (Metusael. In: Enciclopédia
de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.4, p.256). Em tal nome, vemos, pela vez
primeira, uma tendência de se considerar o homem como divino, mais uma
indicação de que se cria, na civilização caimita, que o homem era “igual a
Deus, sabendo o bem e o mal”. Era o predomínio da autossuficiência, da
crença de que se poderia viver sem Deus, independentemente do Senhor.
- Metusael,
por sua vez, teve como primogênito a Lameque, que é considerado o
protótipo, o ícone, o modelo de toda esta civilização, tanto que foi escolhido
para representar este povo no título da lição pelo nosso comentarista. “Lameque”
significa “poderoso”, “moço forte”, “selvagem”, “derrubador”.
- O escritor
sagrado detém-se sobre Lameque, que, na quinta geração de caimitas, bem revela
qual era o estado de coisas espiritual na linhagem do “homem do maligno”.
- Por
primeiro, é dito que Lameque tomou duas mulheres, Ada e Zila. A rebeldia
contra Deus, a construção de uma civilização que se recusava a pôr Deus no
seu contexto gerou a alteração da instituição da família, a distorção do
modelo de família constante do
- Quando Caim resolveu sair da face do Senhor, ainda dentro
dos parâmetros da educação em que fora criado, manteve a instituição familiar
tal qual Deus a havia instituído e, assim, teve apenas uma mulher, pois a
monogamia é o padrão estabelecido pelo Senhor, tendo cada homem a sua mulher e
cada mulher o seu marido (Gn.2:24).
- No entanto,
uma civilização humana que se constrói vivendo como se Deus não existisse,
imersa no maligno (I Jo.5:19), não demora a destruir esta instituição criada
por Deus, visto que não pode admitir tudo quanto pelo Senhor é criado.
- Lameque,
demonstrando toda a sua “selvageria espiritual”, toda sua natureza
“derrubadora” daquilo que instituído por Deus, torna-se o primeiro polígamo da
história da humanidade, casando com suas mulheres. Esta atitude, ademais,
aumenta ainda mais a inferioridade social da mulher e mostra a intensificação
da iniquidade, da injustiça proveniente do pecado.
- Não tem sido
diferente em nossos dias. A nossa sociedade está a se afastar nitidamente dos
padrões bíblicos, que construíram a própria “civilização ocidental” nos últimos
dois mil anos e, como resultado disto, temos visto proliferar em nações que se
dizem cristãs (algumas até já se rotulam como “pós-cristãs”), uma série de leis
que estão a desfigurar o modelo bíblico e divino da família, permitindo uniões
de pessoa do mesmo sexo, uniões alternativas ao casamento e, pasmem todos, a
defender até a poligamia como algo normal, como é o caso de projetos de lei e
iniciativas existentes no Brasil, como a chamada “união poliafetiva” e a
própria descriminalização do crime de bigamia, como consta no projeto de Código
Penal em tramitação no Congresso Nacional.
- A
iniciativa de Lameque de macular o casamento e a família, adotando a poligamia,
foi o primeiro passo para a degeneração completa da humanidade de seu tempo,
que daria como resultado o juízo divino através do dilúvio, pois é a partir da
desintegração da estrutura familiar que se tem a queda de toda uma civilização,
como, aliás, tem testemunhado a história da humanidade. A família é a “célula
mater” da sociedade e, se destruindo a família, ter-se-á a destruição de toda a
sociedade e, por isso mesmo, é a instituição familiar o alvo principal do
inimigo de nossas almas, cujo papel outro não é senão matar, roubar e destruir
(Jo.10:10), matar o ser humano, já que é homicida desde o princípio (Jo.8:44).
- Mas Lameque
não se limitou apenas a “derrubar” com sua “selvageria” a instituição
familiar, mas também trouxe a banalização da violência para a vida social,
pois é dito que “matou um varão por feri-lo e um mancebo, por pisá-lo”
(Gn.4:23). Lameque tornou-se um assassino contumaz, alguém que resolvia seus
litígios e desavenças com o derramamento de sangue.
- A
civilização caimita fora construída com base na soberba, na autossuficiência,
no egoísmo e no individualismo. Caim tinha todos estes predicados e sua
linhagem seguiu o exemplo de seu pai. Dentro de uma perspectiva desta natureza,
que ignora completamente o próximo, o caminho do homicídio é evidente. Não fora
por isso mesmo que Caim havia matado Abel? Lameque, agora, não se contenta em
matar apenas um, mas mata dois homens e ainda se gaba disto diante de suas duas
mulheres.
- Estava-se
diante de uma civilização que, por rejeitar Deus que era o dono da vida,
submetia-se ao inimigo de nossas almas, que é homicida desde o princípio
(Jo.8:44) e que estabeleceu o “império da morte” (Hb.2:14). Lameque dá
início a outra característica que levaria ao juízo divino daquela civilização,
qual seja, a plenitude da violência (Cf. Gn.6:11).
- Não são
diferentes os nossos dias, que o próprio Senhor Jesus denominou de “os dias de
Noé” (Lc.17:26). A violência tem se intensificado grandemente em nossa
sociedade, como resultado de um egoísmo e individualismo que caracterizam os
últimos dias (II Tm.3:1-4). As pessoas pensam somente em si, acham-se o centro
do universo e, quando são contrariadas, não hesitam em tirar a vida daquele que
está a impedir a satisfação de seus interesses. A brutalidade é imensa e não se
pensa duas vezes para eliminar a vida de 4º
alguém. A vida humana tem perdido notavelmente o seu valor e
isto desde a concepção, como, aliás, são testemunhas os milhões de abortos
praticados anualmente em todo o mundo.
- Mas Lameque
ainda registra um outro dado aterrorizante: a arrogância humana levada ao
limite. Com efeito, além de matar dois homens por questões de somenos
importância e disto se gabar, Lameque põe-se no lugar de Deus e exara uma
sentença: “…escutai o meu dito: porque eu matei um varão por me ferir e um
mancebo por me pisar. Porque sete vezes Caim será vingado, mas Lameque setenta
vezes sete” (Gn.4:23,24).
- Lameque,
além de se autoelogiar por ter matado duas pessoas, ainda impõe uma lei
autoprotetora, fazendo verdadeira pilhéria do dito divino de reafirmação do
amor que tinha por Caim, quando o Senhor disse que castigaria quem matasse Caim
sete vezes, o que, como vimos na lição anterior, era uma prova de que Deus
amava Caim tanto quanto havia amado Abel.
- Lameque,
porém, trata esta afirmação divina com descaso e afirma que, por sua vontade,
também não haveria de sofrer qualquer punição por conta dos dois homicídios
praticados, pois estaria “protegido” muito mais do que Caim. Lameque defende
aqui a impunidade, a prevalência pela força humana, era um “valentão” que se considerada
inexpugnável, impassível de qualquer punição. Lameque considera-se maior do que
Deus, capaz de ser mais “protegido” do que Caim o fora pela declaração divina.
- Este gesto
de Lameque mostra como os caimitas desconsideravam a figura divina, como
entendiam ser donos de suas próprias vidas, como o Senhor não lhes poderia
jamais molestar, como se Deus não estivesse no controle de todas as coisas, uma
mentalidade que ainda vigora entre aqueles que rejeitam o senhorio divino em
suas vidas.
- Ao lado
desta degeneração moral e espiritual dos caimitas, havia, porém, um inegável
desenvolvimento material. Ada, uma das mulheres de Lameque, teve como filho
primogênito a “Jabal”, nome cujo significado é “rio torrente” ou
“derramamento”, que é apresentado como sendo “o pai dos que habitam em
tendas e têm gado” (Gn.4:20).
- A
civilização caimita, deixando as coisas espirituais de lado, não querendo
buscar a presença de Deus, focou toda a sua criatividade, toda a sua
racionalidade e inteligência nas “coisas da terra”, nas coisas materiais e,
como Deus fez o homem um ser pensante, não demorou para que alcançassem êxito
em suas habilidades e invenções.
- Jabal deu
início à mais ampla domesticação dos animais e à instituição da pecuária como
atividade econômica. Certo é que Abel já pastoreava ovelhas, mas Jabal
intensificou esta atividade, promovendo a domesticação de outras espécies
animais. Como se isto fosse pouco, também providenciou a tecnologia das tendas,
permitindo condições melhores para a habitabilidade nos deslocamentos, uma
espécie de “aproveitamento” da própria condição nômade que havia sido imposta a
Caim e que a edificação de uma cidade pelo patriarca desta linhagem havia
tentado driblar.
- Percebe-se
que, no seu foco para as coisas materiais, o homem é capaz de criar um
sistema de otimização da economia, de estabelecimento de estratagemas que
permitam um maior aproveitamento da natureza e o aumento de recursos que possam
satisfazer seus desejos e interesses. Não é porventura o que vemos em
nossos dias, de grande incremento da atividade econômica e de mecanismos para a
obtenção de riquezas e recursos que venham a satisfazer desejos e necessidades
materiais?
- Mas Ada teve
outro filho, chamado “Jubal”, nome cujo significado é “torrente região úmida”,
“música”, “riacho”. Entende-se, aliás, que este nome esteja relacionado com a
palavra “Yobel”, que é o “chifre de carneiro”, que era utilizado como
“instrumento de sopro” entre os israelitas (até hoje, no “ano novo judaico”,
toca-se o “shofar”, que é um chifre de carneiro
- Jubal é apresentado como sendo “o pai de todos os que
tocam harpa e órgão” (Gn.4:21), ou seja, o “pai da música”. Isto nos mostra
que o homem, no seu esforço criativo, produz a arte, que é uma atividade em
que o homem mostra toda sua inteligência sentimental, ou seja, desenvolve a sua
sensibilidade. É curioso vermos que, numa civilização alheia a Deus,
desperte-se esta sensibilidade, a mostrar, com clareza, que há um vazio no
homem sem Deus, vazio este que ele procura preencher através da atividade
artística, mui especialmente a música, que é, de todas as atividades
artísticas, aquela que mais se vincula ao imaterial, ao invisível.
- A arte
apresenta-se, assim, como uma atividade que se mostra sempre um veículo que
leva o homem acima do puramente material, que indica a existência de algo além
da matéria e não é por outro motivo que o inimigo de nossas almas, que,
antes de sua queda, era muito provavelmente o encarregado da música na dimensão
celestial (Ez.28:13), procura sempre degradar a atividade artística, pondo-a a
serviço do pecado, como vemos na idolatria através do uso de imagens, sejam
pintadas, sejam esculpidas, ou na utilização da música para rituais de
invocação de espíritos malignos ou para a disseminação da sensualidade.
- Zila, a
outra mulher de Lameque, teve como filho primogênito a Tubal-Caim, nome
cujo significado é “tumulto, o ferreiro”, “produto de forjas”. Ele é chamado de
“mestre de toda a obra de cobre e de ferro”, ou seja, é o “pai da
metalurgia”, o “pai da tecnologia”.
- O homem,
criado por Deus como ser pensante e inteligente, quando se volta para as coisas
desta vida, é capaz de criar uma “tecnologia”, ou seja, como diz o Dicionário
Houaiss da Língua Portuguesa, “teoria geral e/ou estudo sistemático sobre
técnicas, processos, métodos, meios e instrumentos de um ou mais ofícios ou
domínios da atividade humana (p.ex., indústria, ciência etc.)”.
-
Utilizando-se da inteligência que lhe foi dada por Deus e da capacidade de
poder descobrir tudo quanto sucede na dimensão física do Universo, ocupação que
também lhe foi dada pelo Senhor (Cf. Ec.1:13), o homem é capaz de criar
técnicas, processos e métodos que lhe permitem fazer com que suas necessidades
e interesses sejam satisfeitos através da manipulação dos elementos existentes
no universo físico.
- A história
da humanidade tem sido a história de um contínuo progresso tecnológico, como
temos visto, cada vez mais rapidamente, nos últimos anos, como nos dá conta a
telemática.
- O texto
sagrado ainda diz que Zila teve uma filha, chamada “Naamá”, nome cujo
significado é “agradável”, “doce”, “deleite”, “prazer”. A tradição judaica
identifica Naamá como a primeira prostituta da face da Terra. Seu nome
revela o protagonismo que tinha, a civilização caimita, o prazer, a busca da
satisfação dos desejos, dos instintos, ou seja, uma civilização dominada pela
concupiscência, pelos desejos incontrolados, pela vontade da carne, algo típico
de quem vive no pecado (Cf. Ef.2:1-3).
OBS: “…Estudando a Bíblia, pesquisando-a,
deparamos com fatos inimagináveis, sobretudo por adquirirmos o hábito de lê-la
sem buscarmos fundamentos. Em determinados contextos, não há visualização de
fatores que predominam uma textualização esclarecendo dúvidas. Exemplo: A
figura de NAAMA, filha de Lameque, irmã de Tubal-Caim. Sorrateiramente o autor,
Moisés, menciona a irmã de Tubal-Caim. Naamá. Nas genealogias, os autores não
enfatizam, com frequência, nomes de mulheres. Portanto, para este nome ser
citado, haveria algo relevante nesta figura. É daí que descobrimos a
importância desta citação. "No hebraico é Naamah, "A bela, a
graciosa". Em nota de rodapé, os exegetas da Bíblia Loiola, declaram que
"aqui parece significar 'a que se faz de bela', a sirigaita, talvez a
prostituta. Em nota de rodapé, comentando os descendentes de Caim, a Bíblia de
Jerusalém declara sobre este contexto: "Aqui Caim é o construtor da
primeira cidade, o pai dos pastores, dos músicos, dos ferreiros e das
meretrizes (cf.v.22), que provêem às comodidades e aos prazeres da vida urbana".
Mais uma vez associa-se o nome de Naamá à prostituição. Os exegetas desta
versão bíblica assumem a interpretação que associa Naamá com
prostituição." "Uma antiga tradução judaica (bereshith Rabba XXIII,
3) a identifica como tendo sido a esposa de Noé. E a considera como tendo sido
musicista em cultos idolátricos. Um renomado estudioso judeu, Cassuto, apoia
essa ideia e a vê como líder de mulheres cantoras e instrumentistas, com base
no Targum de Jonathan. Estas interpretações judaicas não estariam tão fora de propósito,
portanto. Fica o registro da teoria. Não se deve dogmatizar, pois não temos
elementos bíblicos." O mais importante é que, para a conclusão de um
texto, é necessário aduzirmos fatos pormenorizados, para que possamos conhecer
bem a Palavra de Deus. O apóstolo Paulo nos exorta que "Toda Escritura
divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir,
para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e
perfeitamente instruído para toda boa obra" II Tm 3:16-17.” (COELHO
FILHJO, Isaltino Gomes. Gênesis I – Juperp apud A filha de Lameque.
Disponível em:
- Notamos, portanto, que a degeneração moral se aprofunda,
com o surgimento da prostituição e da utilização da mulher como mero objeto
sexual, como mercadoria, era a intensificação da corrupção espiritual do
ser humano, uma consequência direta do abandono do modelo bíblico de família.
- Não é,
porventura, o que presenciamos em nossos dias, onde prolifera a indústria do
sexo, o tráfico de pessoas e tantas outras mazelas desta natureza, havendo,
ainda, quem queira “regulamentar” a profissão de prostituta e, mais, trazer
incentivos a quem vive na prostituição (como é o caso do “bolsa travesti”
criado em 2014 pelo prefeito de São Paulo, o petista Fernando Haddad)?
- Esta
descrição do texto sagrado mostra-nos que o desenvolvimento material de uma
civilização nada tem que ver com seu progresso espiritual. A civilização
caimita era a mais desenvolvida do mundo, alcançava níveis invejáveis, mas, nem
por isso, agradava a Deus. Muito pelo contrário, ao mesmo tempo em que crescia
do ponto de vista material, também aumentava em pecado. É um tipo eloquente da
sociedade que recusa Jesus Cristo, no meio da qual vivemos.
- Esta
civilização alcançou tamanho grau de desenvolvimento que acabou por dominar
todos os descendentes do primeiro casal. Afinal de contas, o egoísmo, a
violência e a degeneração moral são características que levam, mesmo, a este
domínio político. Tinha-se, assim, um predomínio do modo de viver caimita em todo
o planeta.
OBS: Esta posição é defendida inclusive
pelos que, como o pastor Ailton Muniz de Carvalho, creem ter havido
descendentes do primeiro casal anteriores à queda. Eis o que diz este estudioso
das Escrituras: “…Os filhos de Sete se preocupavam mais em teintegrarem-se com
seu Criador do que em se reparar para dominar o mundo; com isto os filhos de
Caim ganharam a dianteira em tecnologia e ciência. Por onde passavam dominavam
o povo nativo [parte dos descendentes anteriores à queda, na concepção do pastor
Ailton Muniz de Carvalho – observação nossa] com certa facilidade que não
demoravam chegar onde quisessem.…” (Deus e a história bíblica dos seis
períodos da criação. 4. ed., p.193). Ou ainda: “…Sem dúvida Caim foi o
primeiro imperador da terra, que mais tarde ficou conhecida como terra do
império sumério; ele tinha sede de poder. (…) Certamente Caim tinha acesso à
tecnologia de todo tipo de armas convencionais (…). Na medida em que Caim vinha
destruindo todo aquele povo sem piedade, porque nele não havia esse sentimento,
vê-se que o que Caim queria mesmo era ser o primeiro ditador do mundo, de modo
que fazia qualquer coisa paa atingir o seu objetivo.…” (Conheça-me: eu era
como você, cheio de dúvidas!, pp.331-3).
II – A
LINHAGEM DE SETE
- O texto sagrado,
depois de ter descrito a civilização caimita, dá notícia de que o primeiro
casal teve um outro filho, que lhes foi dado por Deus em substituição a Abel.
Este filho foi chamado de Sete, cujo significado é “compensação”, “fundador”,
“broto” ou “designado”.
- Ao ter este
outro filho, Eva, mais uma vez atribuindo a Deus a bênção da maternidade, disse
que Deus lhe havia dado uma semente em lugar de Abel. Vemos, pois, de pronto,
que, quando Sete nasceu, Caim já havia iniciado a sua civilização, de modo que não
chegou a conviver com Sete.
- Não é
desarrazoado imaginar que, pelo próprio nome dado a Sete, cria o primeiro casal
que, com Sete, se reiniciara a esperança de que se teria o cumprimento da vinda
da “semente da mulher” que restabeleceria a comunhão entre Deus e o homem, já
que Abel morrera e Caim se mostrara um “homem do maligno”, um homem avesso ao
relacionamento com o Senhor.
- Sete
mostrou-se, mesmo, ser a “compensação” da perda de Abel. Construiu uma vida em
que deu prioridade a Deus, em que buscou servir ao Senhor, seguindo o exemplo
deixado por Abel. Certamente instruído sobre o que acontecera, resolver
“fazer bem” e, neste ponto, foi aceito por Deus. Tanto assim é que, quando
teve o seu primeiro filho, deu-lhe o nome de Enos, nome cujo significado é
“homem”, “humanidade”, “mortal”, “decadência”, tendo, a partir de então, se
começado a invocar o nome do Senhor (Gn.4:26).
- O nome dado
por Sete a seu filho era a demonstração desta mentalidade justa e que tinha
como objetivo pôr Deus em primeiro lugar na vida sobre a face da Terra. Sete,
diz o texto sagrado, foi criado à imagem e semelhança de Adão (Gn.5:3) e a
busca da presença de Deus
consciência que Sete tinha da necessidade de dependermos de
Deus, da impossibilidade de vivermos por nós mesmos, de querermos ser
independentes de Deus.
- Sete tinha
consciência plena de que o homem era mortal, não tinha como escapar da morte
física, diante do juízo divino estabelecido quando da queda, como também da
impossibilidade de acesso à árvore da vida e, em vez de tentar viver “sem
Deus”, voltado única e exclusivamente às coisas terrenas, entendeu que a
solução estava em buscar a Deus, em invocar o Seu nome, em construir um
relacionamento com o Senhor e, confiando na promessa da vinda da “semente da
mulher”, obedecer ao Criador.
- Sete dá
origem, assim, ao primeiro “povo de Deus” sobre a face da Terra, um povo que
aceitava o senhorio divino, a proeminência da vida espiritual sobre a vida
material, um povo que reconhecia sua condição pecaminosa e a indispensável
necessidade de se completar em Deus, de ter comunhão com o Senhor para que
pudesse cumprir o propósito estabelecido para a sua existência, que desse
sentido à própria existência.
- O filósofo
judeu Fílon de Alexandria (20 a.C. – 50 d.C.) considerou Enos como sendo o
“primeiro amante da esperança”, o “…o primeiro homem que viveu na expectativa
de coisas boas e que se estabeleceu na esperança (…). O escritor sagrado nos
diz que ele foi o primeiro que esperou no Pai e Criador do Universo…” (Sobre
Abraão, II. Disponível em:
http://www.earlychristianwritings.com/yonge/book22.html Acesso em 31 ago. 2015)
(tradução nossa de texto em inglês).
- Sete
demonstrou, assim, ter não somente crido na promessa da redenção, mas ter
despertado a esperança de seu cumprimento, que poderia ser o seu filho
Enos, daí ter lhe dado o nome de “homem” ou de “mortal”. Criando seu filho
nesta esperança, começou a construir uma linhagem de pessoas piedosas, uma
civilização que punha Deus em primeiro lugar na vida, que entendia que a vida
só tem sentido se houver um relacionamento com Deus, se se buscar superar esta
existência terrena mediante uma eternidade juntamente com o Criador.
- Por isso,
muito propriamente, o pastor Ailton Muniz de Carvalho chama Sete de o “primeiro
religioso voluntário”, pois é o primeiro que usa seu livre-arbítrio com o
objetivo de buscar a Deus, de ter uma religação com Deus, mas não uma religação
guiada pelo homem, e, sim, uma intenção de se religar com Deus com o
reconhecimento da incapacidade do homem e da sua condição de degeneração em
virtude do pecado. Sete reconhecia a depravação do gênero humano mas, também, a
graça de Deus que era ofertada a todos os seres humanos.
- Fílon,
ainda, considera que “…o homem que é cheio de boa esperança é também santo e digno
de louvor, enquanto que, a contrário, aquele que não tem esperança alguma é
maldito e culpável, sendo sempre associado com o medo, que é um mau conselheiro
em qualquer emergência; pois é dito que não há algo tão hostil como o medo e a
esperança e, talvez, possa ser dito corretamente que tanto o medo quanto a
esperança são uma expectativa, mas uma é a expectativa de coisas boas e a
outra, pelo contrário, de coisas más e as naturezas do bom e do mau são
irreconciliáveis e jamais podem andar juntas…” (ibid.).
- Vemos, nesta
afirmação de Fílon, um retrato bem evidente da distinção que havia entre a
linhagem de Sete e a de Caim. Enquanto Caim saíra da presença de Deus
totalmente desesperançado de que pudesse ser perdoado, não crendo na graça de
Deus e, por isso, nada esperando em termos de salvação, a linhagem de Sete
firmava-se pela esperança, pela crença na redenção, pela busca de um contato
com Deus através da fé na vinda da “semente da mulher”.
- O povo de
Deus sempre deve crer na Palavra de Deus e manter a esperança de ver cumpridas
as promessas do Senhor. Não é, pois, coincidência alguma que, na galeria dos
heróis da fé, esteja Enoque, que era da descendência de Sete, além de
israelitas fiéis, bem como que o apóstolo João tenha dito que o segredo para a
nossa santificação é, precisamente, a esperança que temos (I Jo.3:1-3). Paulo,
aliás, mostra que a fé e a
esperança são as virtudes teologais que nos são dadas durante
a nossa peregrinação terrena (Rm.5:1-4; I Co.13:13).
- Enos teve
como filho primogênito a Quenã (Gn.5:9), nome cujo significado é “fixo”,
“adquirido” ou “gerado”, uma variação do próprio nome de Caim. Temos aqui a
ideia, já presente no primeiro casal, de que os filhos são “herança do Senhor”
e de que havia uma intenção de se buscar sempre a presença do Senhor, de tudo
se atribuir a Deus.
- Quenã
teve como filho primogênito a Maalalel, nome cujo significado é “louvor de
Deus”, a reafirmar o intento de se construir uma civilização baseada no
senhorio de Deus e na absoluta necessidade que se tem de ter Deus como
prioridade na nossa peregrinação terrena.
- Maalael
teve como filho primogênito a Jarede, nome cujo significado é “descida”,
“terra baixa”, nome que dá a ideia de permanência da ideia da incapacidade
humana e da absoluta necessidade que o homem tem de Deus. Era um princípio
deste povo reforçar a dependência de Deus na vida humana sobre a face da Terra.
Uma das características do povo de Deus deve ser sempre a humildade. Por isso,
o Senhor Jesus disse que devíamos aprender d’Ele que é manso e humilde de
coração (Mt.11:29) e de sempre as Escrituras recomendarem que devemos nos
humilhar diante de Deus (Tg.4:10; I Pe.3:6). Como diz a poetisa sacra Frida
Vingren: “…às alturas santas ninguém voa sem as asas da humilhação…” (terceira
estrofe do hino 126 da Harpa Cristã).
- Jarede,
então, teve como filho primogênito a Enoque, nome que, como vimos,
significa é “iniciado”, “ensino”, “professor”, “treinado” e “dedicado”,
segundo os estudiosos. Ao contrário do primogênito de Caim, no entanto, este
início aqui não tem a ver com uma vida independente de Deus mas, bem ao
contrário, com o início da comunhão com o Senhor. Na sexta geração desta
linhagem de Sete, chegava-se a uma intimidade com Deus, pois o texto sagrado
nos diz que “Enoque andou com Deus” (Gn.5:22).
- Muito
provavelmente é neste período que os filhos de Sete começam a ser contato com
os filhos de Caim, que os dois povos iniciam uma mistura (Cf. Gn.6:1), que
seria deletéria não só para a linhagem de Sete mas para toda a humanidade.
- Enoque,
no entanto, diante desta nova perspectiva, de união de ambas as linhagens,
dentro da proposta de dominação da civilização caimita, preferiu andar com Deus,
não abandonar os princípios estabelecidos desde Sete. Há, aliás, quem diga que
o nome de seu pai, Jarede, indique precisamente a “descida” espiritual dos
setitas, que, assim, teriam iniciado a sua miscigenação com os caimitas. Ora,
tal mistura, tal convivência comprometeu toda a santidade e boa esperança dos
setitas pois, como disse Fílon, “…as naturezas do bem e do mau são
irreconciliáveis e jamais podem andar juntas” (ibid.).
- Enoque é
o primeiro profeta (Cf. Jd.14,15), aquele que primeiro foi constituído em
porta-voz de Deus entre os homens, a indicar, assim, uma elevação na
espiritualidade que experimentou a linhagem de Sete, precisamente no momento em
que se iniciava uma mistura que seria fatal para este primeiro povo de Deus na
face da Terra. Enoque, em sua profecia, acrescia à esperança que caracterizara
a linhagem piedosa desde o início, a perspectiva de punição aos ímpios, de
juízo sobre todos quantos recusassem a graça de Deus.
- Fílon afirma
que “…o passo seguinte da esperança é o arrependimento dos erros cometidos e o
aperfeiçoamento” (op.cit., III, end.cit) e o homem que demonstrou esta nova
situação espiritual teria sido precisamente Enoque, que seria, assim, o
“início” de um sistema de vida melhor, um “homem da mudança” de situação
espíritual.
- Enoque
viveu trezentos e sessenta e cinco anos sobre a face da Terra e não foi mais
visto, pois Deus para Si o tomou (Gn.5:23,24). Enoque foi trasladado para
não ver a morte, pois alcançou testemunho de que agradara a Deus (Hb.11:5,6). Deus
faz de Enoque um sinal eloquente para toda a linhagem de Sete
de que o caminho para a vida, para o restabelecimento
da comunhão com o Senhor era o da busca da intimidade com Deus, jamais o da
mistura com a linhagem de Caim.
- Deus falara
com o Seu povo através de Enoque, o primeiro profeta, e, é através do próprio
Enoque, que o Senhor dá um sinal aos setitas de que eles não poderiam se
misturar com os caimitas, que deveriam buscar servir ao Senhor, pôr Deus em
primeiro lugar. Trasladando Enoque da face da Terra, não permitindo que ele
experimentasse a morte, o Senhor deixa claro aos setitas de que a promessa da
redenção estava de pé e que não se poderia abandonar esta esperança por uma
vida melhor sobre a face da Terra, pelo desfrute dos prazeres terrenos, sem
esta esperança, que era o modo de vida seguido pelos caimitas.
- Fílon afirma
que “…pois o transporte [i.e., a trasladação – observação nossa] mostra uma
mudança e alteração; tal mudança é para melhor porque tem lugar através da
Providência de Deus, pois tudo que está com Deus é honroso e vantajoso, já que
o que destituído de qualquer superintendência divina é inútil e sem proveito. E
a expressão ‘não foi achado’ é muito apropriadamente relacionada a ele [Enoque
– observação nossa] cuja posição foi mudada, seja pelo fato de que sua vida
culpável antiga ter sido quitada e cancelada, e não mais fosse encontrada, seja
por não ter nunca existido, ou ainda porque aquele cuja posição foi mudada está
arrolado em uma classe melhor, é naturalmente difícil de ser descoberto. Pois a
maldade é algo muito extensivo e multiforme e, por isso, conhecida por muitas
pessoas, as a virtude é rara, de modo que não é compreendida senão por muito
poucas pessoas.…” (ibid.).
- Enoque
manteve uma contínua comunhão com Deus, tornando-se profeta e gerando uma
intimidade tal com o Senhor que obteve de Deus a superação da morte física,
passando a ser um tipo daqueles que, no dia do arrebatamento da Igreja, tiverem
o mesmo comportamento, e que, por isso, serão trasladados sem experimentar a
morte física (I Co.15:51,52; I Ts.4:17).
- Notamos,
aqui, algo que persiste até os dias de hoje. No meio do povo que se diz ser de
Deus, há aqueles que se dedicam a servir a Deus, que buscam comunhão com Ele e
que, por isso mesmo, serão tomados para Ele e os que, ao contrário, preferem se
misturar com os incrédulos, ter comunhão com o mundo e que, por isso mesmo,
terão o mesmo destino daqueles que não creem em Deus. É o que ocorrerá com os
que se dizem cristãos no dia do arrebatamento da Igreja: os que guardarem a
Palavra de Deus serão arrebatados (representados pela igreja de Filadélfia); os
que se misturarem com o mundo, terão revelada a sua verdadeira natureza má e
sofrerão com os incrédulos declarados o juízo divino (representados pela igreja
de Laodiceia). A que grupo pertencemos, amados irmãos?
- Enoque
teve como filho primogênito a Metuselá ou Matusalém, nome cujo significado é
“homem do dardo”, “quando morrer isso virá”, nome que indica que Enoque estava
a profetizar que o juízo divino não tardaria sobre os ímpios. Enoque,
assim, mostrava que a decisão dos setitas de se misturarem com os caimitas não
era da vontade de Deus e que tal miscigenação representaria a perda da
santidade da nação setita e a consequente vinda do juízo divino. Com efeito,
vemos que Metuselá, que foi o homem que mais tempo viveu sobre a face da Terra
após a queda, morreu precisamente no ano do dilúvio. Deus avisava o povo setita
da necessidade de arrependimento desde então, da necessidade de se ter uma vida
separada do pecado, de uma vida de santificação, sem a qual ninguém verá o
Senhor (Hb.12:14).
- Metuselá
teve como filho primogênito a “Lameque” e vemos aqui como já se desenhava o
comprometimento da linhagem de Sete. Lameque, o descendente de Caim, é
“homenageado” por Metuselá, que dá o seu nome a seu filho. Há aqui a nítida
aliança que se firmava entre os dois povos, um elogio à violência, à
imoralidade e tudo quanto representava a civilização caimita. Os setitas já
estavam definitivamente absorvidos pela civilização caimita, passaram a
integrá-la para desgraça da humanidade.
- Lameque
teve como filho primogênito a Noé, noem cujo significado é “consolo”, “alívio”,
“descanso”. Lameque já via o quadro difícil que se apresentava no mundo e,
- Esta afirmação de Lameque mostra, claramente, que a
situação já se encontrava fortemente degenerada quando do nascimento de seu
primogênito e que o prognóstico para a humanidade não era nada bom. Lameque
teve a esperança de que, através de seu filho, se mantivesse a promessa da
redenção, a promessa da vinda da “semente da mulher”, que restauraria a comunhão
perdida com o Senhor e que se apresentava cada vez mais distante.
III – A
DEGENERAÇÃO COMPLETA DA HUMANIDADE
- Moisés,
então, revela-nos explicitamente a tragésia que foi a mistura entre a linhagem
de Sete e a linhagem de Caim.
- Conforme já
vimos, a civilização caimita era dominadora, algo bem apropriado para
uma sociedade que se constrói deixando Deus de lado. No entanto, a dominação
não se operou através da conquista militar. Alguns estudiosos, como o pastor
Ailton Muniz de Carvalho, até defendem que tenha havido uma tentativa de
dominação pela força das armas, mas que teria sido repudiada por uma
intervenção divina, mas o fato é que a dominação se deu pela sedução, pela
sensualidade.
- Com efeito, ante
o crescimento populacional e o inevitável contato entre caimitas e setitas, a
sensualidade dominante na sociedade da linhagem de Caim falou mais alto e
começou a haver a miscigenação entre os “filhos de Deus” (os descendentes de
Sete) e “as filhas dos homens” (descendentes de Caim) (Gn.6:1,2).
- O primeiro
resultado desta miscigenação foi o abandono dos princípios piedosos da linhagem
de Sete e a absorção da mentalidade materialista e profana construída pela
linhagem de Caim. Surgiu, então, uma contradição em que o faziam os homens
e o que Deus queria, a ponto de o Senhor ter estabelecido um limite de idade
para os homens, cento e vinte anos, algo bem inferior ao que até então haviam
vivido os homens (Gn.6:4).
- Esta
mistura de civilizações trouxe o surgimento dos gigantes na terra, bem como o
início da admiração pela valentia, pelo uso de violência, tanto que tais
gigantes passaram a ser “varões de fama” (Gn.6:4). Era a prevalência do terreno
sobre o celestial, do material sobre o espiritual, a degradação moral da
linhagem de Sete.
- Não pode
haver comunhão entre luz e trevas (II Co.6:14), de sorte que, quando alguém que
serve a Deus, mistura-se com quem não serve, o resultado outro não é senão a
perda da santidade por parte dos “filhos do dia”, a sua decadência moral e
espiritual. Foi o que ocorreu com os setitas, com os israelitas e o que ocorre
hoje com todos quantos se dizem cristãos se deixam iludir pelo engano dos
falsos mestres e do mundo. Tomemos cuidado, amados irmãos!
- Tem
início, então, a apostasia por parte do primeiro povo de Deus, apostasia que
lança o começo do fim da dispensação da consciência.
- O
resultado disto foi a multiplicação da maldade do homem sobre a Terra. O
homem não só passou a praticar o mal indiscriminadamente, como também a
imaginação dos pensamentos de seu coração passaram a ser continuamente má
(Gn.6:5). Era a multiplicação da iniquidade, a intensificação do pecado.
- Temos,
então, os chamados “dias de Noé” em que há uma deterioração da instituição
familiar que, assim como não era mais levada em conta pelos caimitas,
passou também a ser desconsiderada pelos setitas, a ponto de o Senhor Jesus ter
dito que, nesta época, os homens “casavam-se e davam-se em casamento”
(Mt.24:38; Lc.17:27), mostrando-nos que o casamento, elemento fundante da
família segundo o modelo bíblico, era totalmente desrespeitado e
desconsiderado, tendo prevalência os instintos sexuais, o culto
prazer, a concupiscência. Qualquer semelhança com o mundo em
que vivemos na atualidade (mui especialmente entre os que cristãos se dizem
ser) não é mera coincidência…
- Este
predomínio da concupiscência também é evidenciada pelo Senhor Jesus, porquanto,
no Seu sermão escatológico, é dito que os homens desse tempo “comiam e bebiam”,
ou seja, buscavam tão somente satisfazer seus desejos e necessidades relativos
às coisas desta vida, esquecendo-se completamente do que era espiritual, do que
estava além da matéria.
- Este
estado de coisas motivou o juízo divino. Deus, em virtude de ser justiça,
não poderia ficar inerte em meio a esta circunstância e deliberou destruir a
humanidade (Gn.6:6:6,7). A terra estava corrompida e se encheu de violência
(Gn.6:11,12).
- No
entanto, Noé achou graça aos olhos do Senhor (Gn.6:8), porque era varão
justo e reto, já que andava com Deus, seguindo, assim, o exemplo de seu
ancestral Enoque (Gn.6:9).
- Fílon vê em
Noé o terceiro degrau da espiritualidade. Após a esperança (representada por
Enos) e do amor à virtude (representado por Enoque), tem-se a justiça,
considerada a maior de todas as virtudes. Noé resolveu andar com Deus,
manter-se separado do pecado e, por isso, ao contrário de todos os outros
homens, agradou a Deus.
- O Senhor,
tendo deliberado destruir a humanidade, resolveu revelar isto a Noé,
reafirmando, assim, a própria profecia de Enoque. Vemos, então, que Noé
passa a ser, também, um profeta, pois recebeu esta mensagem de Deus e a
transmitiu para o povo de seu tempo, motivo pelo qual é chamado de “pregoeiro
da justiça” (II Pe.2:5).
- Deus
revela a Noé que haveria de destruir a Terra com água, com um dilúvio, e manda
que Noé construísse uma arca para ser poupado do juízo (Gn.6:13-17), pois o
Senhor estabeleceria um pacto com ele e sua família e, através dele, seriam
também poupados os animais terrestres (Gn.6:18-21).
- Noé creu
na Palavra de Deus e começou a construir a arca, o que durou cem anos,
visto que tinha Noé quinhentos anos quando o Senhor lhe falou (Gn.5:32) e o
dilúvio veio sobre a terra quando Noé tinha seiscentos anos de idade (Gn.7:6).
- Durante
cem anos, Noé pregou que Deus haveria de destruir a terra com um dilúvio,
que cairia água dos céus e isto faria com que se desfizesse a humanidade e toda
a criação terrena, pregação esta que não fazia o menor sentido lógico, já que
não chovia sobre a Terra (Cf. Gn.2:5,6).
- Mais uma
vez, Deus mostra que não tinha prazer na morte do ímpio, mas antes em que ele
se convertesse (Ez.18:23; 33:11). Deus oferecia, por meio de Noé, uma
oportunidade para o arrependimento, para que toda a humanidade se voltasse para
Deus, abandonando o pecado e crendo na redenção por intermédio da “semente da
mulher”. Noé não só pregava, como também construía a arca, esta grande
embarcação que, com certeza, causava admiração por parte de todos os homens.
Noé não só falava, mas também vivia de acordo com o que cria. Agia pela fé (Cf.
Hb.11:7), uma fé frutífera, uma fé acompanhada de obras, obras que acabaram por
condenar o mundo que, na sua incredulidade, não deram crédito à mensagem da
salvação, à mensagem do perdão, ao “evangelho da dispensação da consciência”.
- Por isso, Noé
é chamado de “o herdeiro da justiça segundo a fé”, pois, pela sua vida justa,
justiça esta que se traduziu no amor ao próximo, mediante a pregação. Por
isso, amados irmãos, a exemplo de Noé, devemos também pregar o Evangelho e
somente quem o faz, através de palavras e de atitudes, herdará o reino de Deus,
será poupado do juízo divino. Temos sido como Noé? Pensemos nisso!
- O Senhor Jesus, pessoalmente, reconheceu o empenho de Noé,
tanto que, ao vencer o pecado e a morte, descendo ao Hades, fez questão de
pregar àquela geração que não creu nas palavras de Noé, lançando-lhes em rosto
a sua incredulidade (I Pe.3:19,20).
- A geração
de Noé, no entanto, preferiu seguir a mentalidade caimita de recusa de se
apresentar diante de Deus. Toda a humanidade estava corrompida e desprezava
o chamado ao arrependimento e, assim, o juízo tornou-se inevitável, como
haveremos de estudar na próxima lição.
“[...] Que nos amemos uns aos outros. Não como Caim, que era do maligno e matou a seu irmão [...]”(1Jo 3.11,12). [Comentário:O amor por outros cristãos é tanto uma característica da nova natureza dos crentes quanto da vida justa (Jo 13.35).]
VERDADE PRÁTICA
Quem ama de verdade não se deixa dominar nem pela inveja nem pelo ódio.
LEITURA DIÁRIA
Segunda — Gn 4.1
Caim, o primogênito de Adão, era mau
Terça — Gn 4.2
Caim, foi um importante lavrador da terra
Quarta — Gn 4.5
Caim e sua oferta foram rejeitados por Deus
Quinta — Gn 4.6
Caim tinha o seu coração tomado pelo rancor
Sexta — Gn 4.8
O ódio e o rancor fizeram de Caim um homicida
Sábado — 1Jo 3.12
Caim foi dominado pelo pecado, pois seu coração era mau
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Gênesis 4.1-10.
1 —E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu, e teve a Caim, e disse: Alcancei do Senhor um varão.
2 —E teve mais a seu irmão Abel; e Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra.
3 —E aconteceu, ao cabo de dias, que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao SENHOR.
4 —E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura; e atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta.
5 —Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o seu semblante.
6 —E o SENHOR disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante?
7 —Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti? E, se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e para ti será o seu desejo, e sobre ele dominarás.
8 —E falou Caim com o seu irmão Abel; e sucedeu que, estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel e o matou.
9 —E disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão?
10 —E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra.
HINOS SUGERIDOS
75, 126 e 330 da Harpa Cristã.
OBJETIVO GERAL
Conscientizar dos perigos de se deixar dominar pela inveja e pelo ódio.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I. Explicar porque Caim era do maligno;
II. Compreender porque Deus rejeitou o sacrifício de Caim;
III. Explicar que ódio e a inveja de Caim o levaram a matar seu irmão.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
O capítulo 4 do livro de Gênesis nos mostra que o pecado de Adão e Eva não afetou somente eles, mas trouxe sérios infortúnios para seus descendentes. A história do pecado de Caim, muito se assemelha a de seus pais, pois podemos ver um ato de violação (4.8), uma cena de julgamento (4.9-15) e a execução da sentença divina sobre o pecador (4.16).
Caim tinha um coração mau, dominado pelo ódio e a inveja, por isso, teve o seu sacrifício rejeitado. Deus não olhou e não olha para a oferta em si, mas o mais importante é o coração do ofertante, por isso, Jesus declarou: “Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem, e apresenta a tua oferta” (Mt 5.23,24). Jamais poderemos comprar a Deus ou impressioná-lo com as nossas ofertas, pois tudo que existe nos céus e a Terra pertence ao Senhor. Ele é o dono da prata e do ouro. Sejamos fiéis ao Senhor em nossas ofertas, mas que jamais venhamos a permitir que nossos corações sejam contaminados pelo pecado.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O capítulo 4 de Gênesis apresenta a triste história do primeiro homicídio da Terra. Caim, o primeiro homem nascido de mulher, matou o próprio irmão depois que teve sua oferta recusada por Deus. O que deveria ser uma ocasião de ações de graças enlutou a família de Adão. Caim demonstrou, dessa forma, que era do maligno, que tinha um coração e atitudes que desagradavam a Deus. [Comentário:No capítulo 3 de Gênesis, o homem estava em perfeita comunhão com Deus, no capítulo 4 a raça humana já não tem comunhão com Deus, antes está completamente morta e tende para o mal. Este capítulo também revela como o pecado se espalhou na primeira família e então na sociedade. Verdadeiramente a depravação bem cedo floresceu e se espalhou. A oferta de Caim foi rejeitada porque ele mesmo não era justo diante de Deus. A Bíblia toda ensina que nada do que nós oferecemos a Deus é aceito se não estivermos corretos diante dEle [Gn 4.5, Hb 11.6; Is 1.10-15]. Caim se achou no direito te tirar a vida do próprio irmão por pura inveja. O pecado do capítulo 3 está tomando uma nova cara. Vemos em Caim inveja, cobiça, ódio, ira… Triste realidade: a violência cresce! Vemos claramente a violência crescendo a cada dia. A crueldade dos homens parece não ter fim.] Vamos pensar maduramente a fé cristã?
PONTO CENTRAL
O coração de Caim era mau, por isso, Deus rejeitou a sua oferta.
I. CAIM, SEGUIDOR DE SATANÁS
1. A semente da mulher. O nascimento de Caim foi acolhido com ações de graças a Deus. Ao contemplar o filhinho, exclamou Eva: “Alcancei do Senhor um varão” (Gn 4.1). Eva considerou que seu primeiro filho foi um presente de Deus. A seguir, nasceu Abel, o segundo filho, e a partir daí a narrativa bíblica vai apresentar as profissões de cada um dos irmãos: Caim se tornou um lavrador, e Abel, um pastor.
Satanás, pelo que inferimos dos fatos, não teve muito esforço em aliciar o primeiro filho de Adão. Dessa forma, Caim entra para a História Sagrada como o primeiro discípulo declarado do Diabo, cuja lista seria longa e enfadonha: Faraó, Herodes, Stalin, e alguns contemporâneos nossos. [Comentário:Aqui nós temos o relato inspirado do nascimento das primeiras crianças no mundo. O primeiro recebeu o nome de Caim, que significa "adquirido" ou "obtido". Alguns acreditam que Eva pensou que ele seria o Messias prometido em Gênesis 3.15. Entretanto, parece que ela cedo aprendeu o triste fato de que este mundo é um lugar de tristeza e vazio. O segundo filho se chamou Abel, que quer dizer "vaidade" ou "vapor." Eva deve ter se tornado cada vez mais consciente da destruição que o pecado produziu. Entretanto, o nome de Caim parece mostrar que ela acreditava nas promessas de Deus. Caim foi a primeira pessoa que mostrou o quão perverso o homem poderia ser após os efeitos da entrada do pecado no mundo pelo evento conhecido como “A Queda”; ele não conseguiu dominar sua natureza caída, convidou seu irmão Abel a ir para o campo e lá o atacou matando-o. Como entender que Caim era filho do malígno? “e conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu e deu à luz a Caim, e disse: Alcancei do SENHOR um homem.” (Gn 4.1), “não como Caim, que era do maligno, e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas.” (1Jo 3.12), a resposta é que ele era filho fisicamente de Adão e espiritualmente de Satanás: “vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.” (Jo 8.44), “disse: Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os retos caminhos do Senhor?” (At 13.10), mesmo filiação chamada também de filho da desobediência: “em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência;” (Ef 2.2), “estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos),” (Ef 5.6); “pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência;” (Cl 3:6). Todo aquele que comete pecado tem filiação com o diabo: “Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio...”. (1 Jo 3.8). Isto posto, não apenas Caim, Faraó, Herodes, Stalin, e alguns contemporâneos nossos, mas muitos “crentes” em nosso meio!]
2. O agricultor. Já homem feito, pôs-se Caim a trabalhar a terra, conforme o Senhor havia ordenado (Gn 1.26-28). E, pelo que depreendemos, ele foi muito bem-sucedido como agricultor. A Terra, embora amaldiçoada pela transgressão de seu pai, não lhe negou colheita alguma. Solo arável não lhe faltava naquele mundo sem fronteira. [Comentário:Geralmente é aceito que o nome “Caim” significa “adquirido” (do hebraico gana), porém no original a sua forma exata é “qayin” e também pode significar “lança” ou “ferreiro”. A profissão de Caim era lavrador da terra.]
3. A apostasia de Caim. Apesar de seu sucesso profissional, Caim não se voltou a Deus em espírito e em verdade (Jo 4.23). Antes, deixou-se cooptar pelo Diabo. Este, sempre oportunista, fez daquele jovem o seu principal aliado, objetivando frustrar a redenção da humanidade.
Mas Satanás estava enganado. Embora sagaz, pouco sabia dos reais planos de Deus para a nossa salvação. Enquanto isso, ia o jovem Abel tangendo o seu gado na graça divina. [Comentário:A oferta de Caim foi rejeitada porque ele mesmo não era justo diante de Deus. A Bíblia toda ensina que nada do que nós oferecemos a Deus é aceito se não estivermos corretos diante dEle [Gn 4.5, Hb 11.6; Is 1.10-15]. Caim errou no que deveria fazer, especialmente por lhe ter faltado fé: “pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala.” (Hb 11.4), ou seja, por não crer, ele fez diferente do que lhe foi requerido e com isso reprovado.]
SÍNTESE DO TÓPICO (I)
Caim entrou para a história de uma maneira triste, ele se tornou o primeiro homicida da humanidade.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“A história dos primeiros dois rapazes nascidos a Adão e Eva realça as repercussões do pecado dentro da unidade familiar. Caim e Abel, tinham temperamentos notavelmente opostos. Caim gostava de trabalhar com plantas. Abel gostava de estar com animais. Ambos tinham uma disposição de espírito religioso.
Os filhos de Adão levaram sacrifícios ao Senhor, o primeiro incidente sacrificial registrado na Bíblia. Que Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura não quer dizer necessariamente que animais são superiores a plantas para propósitos sacrificiais. Por que atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta fica evidente à medida que a história se desenrola. A primeira pista aparece quase imediatamente. Caim não suportava que algum outro ficasse em primeiro lugar. A preferência do Senhor por Abel encheu Caim de raiva. Só Caim podia ser o ‘número um’.
O Senhor não estava ausente na hora da adoração. Ele abordou Caim e lhe deu um aviso. Deus não o condenou diretamente, mas por meio de um jogo de palavras informou Caim que ele estava em real perigo. Em hebraico, a palavra aceitação é, literalmente, levantamento, e está em contraste com descaiu. Um olhar abatido não é companhia adequada de uma consciência pura ou de uma ação correta. O ímpeto das perguntas de Deus era levar Caim à introspecção e ao arrependimento” (Comentário Bíblico Beacon. 1ª Edição. Volume I. RJ: CPAD, 2005, p.43).
II. O CULTO DE CAIM
A Escritura diz que, passado algum tempo, Caim e Abel trouxeram, do fruto do seu trabalho, uma oferenda ao Senhor.
1. O sacrifício rejeitado. “E aconteceu, ao cabo de dias, que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor” (Gn 4.3). É provável que ele tenha aprendido a cultuar a Deus com o seu pai, Adão, pelo menos, exteriormente. Do fruto de sua colheita, separou uma oferta ao Criador. Podem ter sido frutas, legumes ou cereais, oferendas válidas (Lv 23.10). [Comentário:Note o seguinte texto:“e a Sete também nasceu um filho; e chamou o seu nome Enos; então se começou a invocar o nome do SENHOR.” (Gn 4.26); aparentemente, há uma contradição, não é? Como se explica isso? “E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao SENHOR. E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta.” (Gn 4.3,4); a resposta é simples, de fato, sempre houveram verdadeiros adoradores a Deus, começando pelos nossos pais, Adão e Eva, passando por outros tantos, ocorre que o que houve de especial em Gn 4.26 é que agora a população já estava maior, se fala em adoração pública, distinta das realizadas anteriormente, quando era restrita ao seio do lar, esta é a diferença, uma é reservada, a outra é pública.]
Abel também pôs-se a cultuar o Senhor, oferecendo-lhe as primícias do rebanho (Gn 4.4). Diz o texto sagrado que Deus atentou para o sacrifício de Abel, mas rejeitou o de Caim (Gn 4.5). O problema não estava na oferta, mas no ofertante. Tanto a oferta de animais, como a de frutos da terra, eram igualmente aceitáveis no culto divino. Não nos esqueçamos de que o Senhor viria a reprovar até mesmo a oferta animal ao tornar-se esta formal e impiedosa (Jr 6.20). [Comentário:No texto de Gênesis o único indício que temos sobre o motivo de Deus não aceitar a oferta de Caim está no versículo 7: “Se você fizer o bem, não será aceito? Mas se não o fizer, saiba que o pecado o ameaça à porta; ele deseja conquistá-lo, mas você deve dominá-lo”. O problema de Caim era “não fazer o bem”. Muitos interpretes tentam explicar essa recusa e três possibilidades são as mais sugeridas:
a. A primeira sugestão é que Abel ofereceu o melhor que possuía, ao contrário de Caim. Curiosamente essa é a sugestão mais conhecida, porém não existem indicações bíblicas que defendam essa hipótese no texto.
b. A segunda é que Caim trouxe uma oferta onde não houve um “derramamento de sangue”, e, desta forma, se passou por um homem justo e sem necessidade de qualquer sacrifício pelos pecados. Essa hipótese assume que Deus previamente havia instruído sobre o tipo de oferta que deveria ser apresentada para fazer a expiação pelos pecados, logo, Caim desobedeceu a essa instrução. O versículo 3 do mesmo capítulo é utilizado para defender essa interpretação, afirmando que o sacrifício já era habitual para eles.
c. A terceira possibilidade defende que a atitude de Caim estava errada, em seu interior em relação a sua comunhão com Deus. Em Hebreus 11.4 é relatado que “foi pela fé” que Abel ofereceu um sacrifício maior que o de Caim, e, por sua ira invejosa, Deus censurou Caim.]
2. A atitude interior reprovada. Por que o Senhor reprovou o sacrifício de Caim? Porque o seu culto não passava de uma mera formalidade. Como se não bastasse, apresentava-se a Deus com a alma tomada pelo ódio. Naquele instante, indaga-lhe o Senhor: “Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante?” (Gn 4.6). Por esse motivo, recomenda-nos Paulo: “Quero, pois, que os homens orem em todo o lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contenda” (1Tm 2.8).
Na Igreja de Deus não pode haver espaço para homens iracundos e contenciosos, que farão da obra do Senhor uma causa de ganho pessoal. Deus não se agrada de pessoas que agem dessa forma. [Comentário:O sacrifício deve ser oferecido com fé, pois, sem fé é impossível agradar a Deus, indiferente do sacrifício. Os dois filhos de Adão trouxeram sacrifício ao Senhor. O Senhor se agradou de um e desagradou-se do outro. E o que levou o Senhor agradar-se de um e do outro não agradar-se está diretamente ligado ao procedimento de fé de cada um dos irmãos. Havia no sacrifício de Abel um ingrediente muito importante chamado fé, ao passo que, Caim, talvez estivesse apenas cumprindo um ritual religioso. O que separa uma vida religiosa de uma vida de intimidade com Deus é o ingrediente “fé” no que fazemos diante de Deus e para Deus. Note que a razão do sacrifício é evidenciar a fé do ofertante: Hebreus 11.4 assevera: “Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala.”.]
3. O pecado sempre presente. Se Caim o quisesse, poderia reverter aquela situação, dominando o seu coração homicida. Eis o que lhe aconselha o amoroso Deus: “Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti? E, se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e para ti será o seu desejo, e sobre ele dominarás” (Gn 4.7).
Caim racionaliza o seu pecado. Recusando-se a fazer o bem, permitiu que Satanás lhe tornasse mal o coração. Neste, o homicídio foi um processo que, germinado pela inveja, frutificou numa ira assassina (Tg 1.13-15). Se não quisermos pecar contra Deus, não permitamos que o pecado nos germine na alma. Arranquemos, pois, as ervas daninhas que Satanás nos lança no íntimo. [Comentário:A diferença entre Caim e Abel pode ser vista em todas as épocas. Os Publicanos e Fariseus nos dão um retrato disto no Novo Testamento [Lc 18.9-14]. O "caminho de Caim" [Judas 11] é o caminho da salvação através das obras e da religião. Deus alertou a Caim, porém, ele não deu ouvidos. Eva foi induzida a pecar e agora Caim não podia o resistir.]
SÍNTESE DO TÓPICO (II)
O coração de Caim era mau, por isso, sua oferta foi rejeitada pelo Senhor.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“‘E irou-se Caim fortemente’ (4.5). A ira de Caim mostra quão decidido ele estava em agir por conta própria, sem se submeter a Deus. A ira é uma emoção destruidora. Nunca poderemos nos desculpar por ter ofendido alguém dizendo: ‘Tenho um temperamento agressivo’. Precisamos considerar a ira como pecado e conscientemente nos submeter à vontade de Deus” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia:Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.28).
III. CAIM NÃO GUARDOU O SEU IRMÃO
O crime de Caim foi doloso. Além de mover um ódio doentio contra o irmão, dissimuladamente levou-o até a cena do crime, onde veio a matá-lo.
1. O crime. Narra o autor sagrado que, estando ambos no campo, longe dos olhos dos pais, Caim insurgiu-se contra Abel e o matou (Gn 4.8). Assassino dissimulado e cruel, aproveitou-se da confiança de seu irmão para matá-lo. Esse fato deve nos servir de aviso: até que ponto estamos nutrindo sentimentos perniciosos contra nossos irmãos a ponto de planejar contra eles o mal ou coisa pior? Que Deus nos faça refletir sobre nossas atitudes e não nos deixe ser pessoas como Caim. [Comentário:Caim não teve pensamentos de arrependimento, nutriu apenas pensamentos de vingança. O Senhor questionou Caim para que ele tivesse oportunidade de se arrepender do seu pecado. Infelizmente o assassino então mentiu. Quando nós seguimos o diabo, agimos da mesma forma que ele [Jo 8.44]. O primeiro homem á morrer sobre a terra foi um filho de Deus, que foi assassinado. Na verdade o ódio de Satanás pelos filhos de Deus é antigo [Gn 3.15; Gl 4.29]. Caim matou Abel porque ele era justo e conhecia o evangelho [1Jo 3.11-13]. O que nos traz conforto é saber que o primeiro homem ao morrer, foi para o céu.]
2. O álibi. Quando inquirido por Deus acerca do paradeiro do irmão, Caim desculpa-se, como se estivesse noutro lugar, quando da morte de Abel: “Não sei; sou eu guardador do meu irmão?” (Gn 4.9). O seu álibi é energicamente destruído pelo justo Senhor: “Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra” (Gn 4.10).
Há muito sangue clamando no mundo. A pergunta não haverá de ser emudecida: “Onde está Abel, teu irmão?” (Gn 4.9). O que responderemos? De fato, somos chamados a demonstrar amor e respeito uns pelos outros, pois somos guardadores de nossos irmãos. [Comentário:O tema do amor fraterno ocorre muito cedo na Escritura; desde o início, fica claro que Deus coloca uma alta prioridade na maneira como irmãos se relacionam. Nest5a passagem, a questão da responsabilidade de um pelo outro surge pela primeira vez. Caim pergunta: “Sou eu guardador do meu irmão?” O termo usado para guardador (Hb shamar) significa “guardar, proteger, prestar atenção, ou considerar.” Somos nós responsáveis pelos outros? “Sem sombra de dúvida” é a resposta de Deus. Nós não somente somos guardadores do nosso irmão, como também somos responsáveis pelo nosso tratamento e pela nossa maneira de relacionar-se com os nossos irmãos (de sangue e espirituais). Em virtude do pecado de Caim contra o seu irmão, Deus o amaldiçoa em toda a terra, retira a sua habilidade para o cultivo da terra e o sentencia a uma vida como fugitivo e errante. Isto indica claramente que a falta de amor fraterno destina a pessoa à esterilidade e ausência de propósito na vida. Extraído de DINÂMICA DO REINO-Bíblia de Estudo Plenitude, SBB, pág 10]
3. A marca do crime. Como a administração da justiça ainda não havia sido delegada à comunidade humana, o Senhor põe um sinal em Caim, para que ninguém viesse reivindicar-lhe o sangue de Abel (Gn 4.15).
Caim, de fato, não foi penalizado com a morte, mas ficou marcado para o resto de seus dias, dando início a uma geração de assassinos, devassos e inimigos de Deus. [Comentário:O sinal de Caim não é identificável, mesmo porque seus descendentes pereceram no dilúvio. O sinal não era um estigma; antes, tratava-se de uma proteção para Caim e mostrava o incrível amor de Deus até mesmo pelos pecadores impenitentes. Deus demonstrou a gravidade do pecado de Caim e deu-nos a entender que ele era digno de morte, ao declarar: “A voz do sangue de teu irmão clama [por vingança] da terra a mim” (v. 10). Não obstante, até mesmo Caim parece ter reconhecido que ele era merecedor da morte, e pediu proteção a Deus (v. 14).]
SÍNTESE DO TÓPICO (III)
O ódio e a inveja levaram Caim a matar o seu irmão.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Caim foi amaldiçoado por Deus no sentido de Deus já não abençoar seus esforços para extrair da terra o seu sustento (vv.2,3). Caim não se humilhou com tristeza e arrependimento diante de Deus, pois afastou-se do Senhor e procurou viver sem a sua ajuda (v.16).
O sinal na testa de Caim (4.15) talvez deva ser entendido como posto em Caim para assegurá-lo da promessa de Deus. Caim não sofreu pena de morte nesse tempo. Posteriormente, quando a iniquidade e a violência da raça humana tornou-se extrema na terra, a pena de morte foi instituída (9.5,6).
Caim e seus descendentes foram os cabeças da civilização humana até hoje desviada de Deus. A motivação básica de todas as sociedades humanistas está em superar a maldição, buscar o prazer e reconquistar o ‘paraíso’, sem submissão a Deus. Noutras palavras, o sistema mundial fundamenta-se no princípio da autorredenção da raça humana na sua rebelião contra Deus” (Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, p.39).
CONCLUSÃO
O exemplo de Caim deve nos fazer lembrar de que precisamos ter uma vida íntegra diante de Deus e demonstrar amor e respeito para com o nosso próximo.
Abel foi o primeiro crente a ser arrolado entre os heróis da fé. Quanto a Caim, foi o primeiro ser humano a ter o nome riscado do Livro da Vida.
O que lhe faltava? Uma vida que agradasse a Deus e o exercício do amor fraternal. Quando não se ama como Jesus amou, o homicídio torna-se corriqueiro na vida do homem. Por isso, há tantos homicídios em nosso meio. Homicídios espirituais, morais e emocionais. Lembremo-nos das palavras de João: “Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio: que nos amemos uns aos outros. Não como Caim, que era do maligno e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas” (1Jo 3.11,12). [Comentário:Caim e Abel foram pessoas gratas a Deus. Isso num tempo em que nenhuma lei prescrevia que devessem algum tipo de oferta, ou seja, ambos deram voluntariamente (o que também demonstra que não é porque a oferta é voluntária que ela é melhor). Cada um deles ofertou conforme o fruto do seu trabalho. Note que o texto diz que Caim deu um fruto da terra, enquanto Abel ofertou as primícias e a gordura (a melhor parte). Deus se agrada de quem o coloca no lugar certo - o primeiro lugar. De quem lhe oferece o que tem de melhor. Não de quem paga as contas e, se sobrar oferece algo. Não de quem vai à Igreja só quando não tem um programa melhor. Não de quem doa aquilo que ocupa espaço na sua casa e precisa se livrar. Nem aceita a desculpa de que "não é o melhor, mas é sincero"... aqui cabe muito bem o dito popular que reza: “de boas intenções, o inferno está cheio!”. Diante de tudo o que foi exposto, entendo que, uma vida de entrega a Deus só conduz a mais entrega, uma vida afastada de Deus só leva a mais pecados. Não podemos jogar a culpa da rejeição em Deus, se somos rejeitados é porque provocamos isso e, como Deus alerta Caim, há tempo de se corrigir, mas se não houver correção, vai pecar ainda mais - que foi exatamente o que aconteceu.] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Outubro de 2015
PARA REFLETIR
A respeito do livro de Gênesis:
O que levou Caim a odiar Abel?
O fato da oferta de Abel ser aceita e a dele não.
Como era o culto de Caim?
O culto de Caim era para satisfazer o seu ego.
Por que o ofertório de Caim foi reprovado?
Porque seu coração era mau, cheio de inveja e ódio.
Que desculpa deu Caim ao Senhor?
Ele afirmou estar em outro lugar quando da morte de Abel.
Quais as características da geração de Caim?
Uma geração perversa e contumaz.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
Caim era do Maligno
O capítulo 4 do livro do Gênesis apresenta a consumação do pecado e sua história de implicações práticas para o gênero humano. O assassinato de Abel por seu irmão, Caim, é o símbolo do alcance do mal quando este domina o coração humano. E o consequente banimento de Caim da presença de Deus mostra o quanto o homem se afasta da presença do Altíssimo quando decide em seu coração fazer o mal.
O caminho de Caim se torna o caminho de todos nós, quando desejamos em nosso coração a vingança, o “dar o troco”, o revide, ou seja, tudo o que passa na contramão do filtro de Jesus Cristo: ame o vosso inimigo.
Tudo começa bem na vida do ser humano. Assim, Caim nasceu e cresceu numa família que devotava a vida a Deus, tanto que a sua mãe, Eva, devotou a Deus ação de graças: “Alcancei do Senhor um varão” (Gn 4.1). A vida de Caim para os seus pais era uma bênção de Deus. Um presente.
Adulto, Caim tornara-se um agricultor, pois trabalhava a terra, administrava-a e assim cumpria o plano de Deus estabelecido para a humanidade (Gn 1.26-28). Fazendo assim, Caim obedecia a Deus. Até que, num belo dia, o ciúme, a inveja e o desejo egoístico tomaram o coração de Caim. Seu sacrifício fora rejeitado por Deus e o de seu irmão, aprovado e aceito por Ele. A razão de o Senhor aceitar o sacrifício de Abel e rejeitar o de Caim, embora não esteja totalmente claro nas Escrituras, pelo menos deixa claro que o Senhor olhava e olha com atenção e justiça para o interior do ser humano, de modo que nada lhe escapa o olhar divino.
Caim não se achou aprovado, muito menos aceito, pelo olhar de Deus. Entretanto, essa reprovação de Deus não significava que Caim seria banido de sua presença, pois bastava outro sacrifício com a motivação correta, espontânea e voluntária que o Senhor não haveria de rejeitá-lo. Mas Caim não escolheu o caminho do bem. Ele matou o seu irmão covardemente. O resultado: Caim foi banido da presença de Deus.
O caminho de Caim é muito fácil de trilhar. Basta dar vazão ao ódio, à inveja, ao rancor, à raiva e a tudo que não esteja de acordo com o nosso interesse. O caminho de Caim está a cada dia próximo de nós, quando rejeitamos considerar o nosso próximo superior a nós mesmos. O caminho de Caim está mais próximo das nossas vidas, quando procuramos fugir da realidade inventando desculpas para não fazermos a nossa parte com retidão.
Qual o caminho que você deseja trilhar: o de Caim ou o de Jesus?