domingo, 1 de novembro de 2015

LIÇÃO Nº 6 – O IMPIEDOSO MUNDO DE LAMEQUE



PORTAL ESCOLA DOMINICAL
4º Trimestre de 2015 - CPAD
O COMEÇO DE TODAS AS COISAS – Estudos sobre o livro de Gênesis
Comentários da revista da CPAD: Claudionor de Andrade
LIÇÃO Nº 6 – O IMPIEDOSO MUNDO DE LAMEQUE
A civilização caimita construiu-se à parte de Deus e contaminou todo o mundo antediluviano.
INTRODUÇÃO
- Na sequência do estudo do livro de Gênesis, estudaremos do final do capítulo 4 até o capítulo 6.
- A civilização caimita construiu-se à parte de Deus e contaminou todo o mundo antediluviano.
I – A CIVILIZAÇÃO CAIMITA
- Na sequência do estudo do livro de Gênesis, estudaremos o final do capítulo 4 até o capítulo 6, quando temos a descrição do mundo antes do dilúvio, ou seja, como se desenvolveu o mundo durante a chamada dispensação da consciência, ou seja, o período da história da humanidade que vai da queda do primeiro casal até o dilúvio.
- Deixamos Caim, na lição anterior, saindo da presença de Deus e indo habitar na terra de Node, que ficava na banda do oriente do Éden (Gn.4:16).
- Apesar de lhe ter sido dado um sinal que o impedia de ser morto por quem quer que o achasse (Gn.4:15), evidência eloquente de que Deus estava disposto a perdoar Caim e trazer-lhe a salvação, o fato é que o “homem do maligno” persistiu em sua incredulidade, entendendo que sua maldade era maior que a podia ser perdoada (Gn.4:13) e mantém sua decisão de se esconder da face do Senhor (Gn.4:14), de viver como se Deus não existisse.
- Ao decidir habitar na terra de Node, que ficava da banda do oriente do Éden, Caim como que reafirma esta sua incredulidade, pois era desse lado do Éden que se encontrava a espada inflamada que impedia o acesso à árvore da vida (Gn.3:24), como que a justificar esta atitude de Caim de que não havia mais solução para ele.
- Esta atitude do “homem do maligno” continua nos dias atuais. O homem sem Deus e sem salvação é, muitas vezes, convencido pelo inimigo de nossas almas de que para ele não há mais solução, que a salvação é impossível, que pecado é maior do que o Senhor e que, portanto, não se tem possível a salvação.
- Trata-se de uma mentira satânica que a Igreja deve sempre combater, pois o apóstolo Paulo afirma que, embora fosse o maior de todos os pecadores, alcançou a salvação em Cristo Jesus (I Tm.1:13-16), pois onde abundou o pecado, superabundou a graça (Rm.5:20). Portanto, não há limite para a ação da graça de Deus, e, enquanto estivermos nesta peregrinação terrena, podemos ser salvos e receber a vida eterna.
- Nesta sua atitude de rejeitar a oferta salvadora de Deus, Caim forma uma família, casando-se e tendo um filho (Gn.4:17). Muito se pergunta quem tenha sido a mulher de Caim, indagação que perde a sua razão de ser na medida em que lembramos que, no mundo, não havia apenas Caim e Abel, mas que o primeiro casal teve filhos e filhas (Gn.5:4), a mostrar que havia outras pessoas sobre a face da Terra quando se deu tal casamento de Caim, como, aliás, indica o próprio Caim em Gn.4:14, isto sem falar da possibilidade de terem existido filhos do primeiro casal antes da queda
- Alguns indagam que, para Caim ter tido uma mulher, era forçoso que se tivesse casado com uma irmã ou, então, uma sobrinha, o que seria inadmissível diante da proibição do incesto. No entanto, temos de compreender que, no início da humanidade, para que se tivesse o cumprimento do propósito divino da procriação, a prática do incesto era inevitável, sendo só posteriormente proibida pelo Senhor diante da desnecessidade superveniente. Ademais, o incesto, ante a proliferação da raça humana, é prática que pode trazer enormes distúrbios biológicos.
- O filho de Caim chamou-se Enoque, nome cujo significado é “iniciado”, “ensino”, “professor”, “treinado” e “dedicado”, segundo os estudiosos. Caim mostra, com a nominação de seu filho, a intenção de dar início a uma geração que vivesse sem precisar de Deus, que mantivesse Deus fora de sua mentalidade. Caim cria firmemente que podia viver sem Deus, que não havia necessidade alguma de buscar a Deus. O sinal que Deus lhe havia dado, em vez de levá-lo ao arrependimento, serviu para endurecer ainda mais a sua cerviz e aproveitar esta imunidade que lhe havia sido dada pelo Senhor para construir uma descendência que o perpetuasse na face da Terra, como se fosse possível driblar a soberania divina.
- Caim, sabendo que não poderia mais lavrar a terra, ante a maldição divina (Gn.4:11,12), resolveu edificar uma cidade e temos aí a primeira cidade criada na história da humanidade, dando à cidade o nome de Enoque, que era o nome de seu filho. Caim cria estar dando início a uma posteridade que seria independente de Deus, que não teria satisfações a dar ao Senhor.
- Aparentemente, Caim foi bem sucedido em seu intento. Sua descendência proliferou e a civilização foi tomando forma (Gn.4:18). Lembramos que civilização é, segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, “o conjunto de aspectos peculiares à vida intelectual, artística, moral e material de uma época, de uma região, de um país ou de uma sociedade”, é o estabelecimento de um modo de viver por parte do ser humano, modo este que, como tudo que o ser humano institui, é passageiro, submetido ao tempo e ao espaço.
- Enoque teve como filho primogênito a Irade, nome cujo significado é “fugitivo”, a reforçar a ideia de que este povo viveria alheio ao Senhor, fugindo de Sua presença.
- Irade, por sua vez, teve como primeiro filho Meujael, palavra cujo significado é “destruído de Deus” ou “ferido por Deus”, mais um nome que indica a persistência da intenção de Caim em sua linhagem, a mostrar uma mentalidade de descrença em Deus e de consideração de que Deus não Se importava com o ser humano, não estava disposto a perdoá-lo.
- Meujael teve como primogênito a Metusael, nome cujo significado é “homem de Deus” ou “homem de deus”, que Russell Norman Champlin entende ser “…talvez alusivo ao antigo deus Selah, também chamado Sin (Metusael. In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.4, p.256). Em tal nome, vemos, pela vez primeira, uma tendência de se considerar o homem como divino, mais uma indicação de que se cria, na civilização caimita, que o homem era “igual a Deus, sabendo o bem e o mal”. Era o predomínio da autossuficiência, da crença de que se poderia viver sem Deus, independentemente do Senhor.
- Metusael, por sua vez, teve como primogênito a Lameque, que é considerado o protótipo, o ícone, o modelo de toda esta civilização, tanto que foi escolhido para representar este povo no título da lição pelo nosso comentarista. “Lameque” significa “poderoso”, “moço forte”, “selvagem”, “derrubador”.
- O escritor sagrado detém-se sobre Lameque, que, na quinta geração de caimitas, bem revela qual era o estado de coisas espiritual na linhagem do “homem do maligno”.
- Por primeiro, é dito que Lameque tomou duas mulheres, Ada e Zila. A rebeldia contra Deus, a construção de uma civilização que se recusava a pôr Deus no seu contexto gerou a alteração da instituição da família, a distorção do modelo de família constante do

- Quando Caim resolveu sair da face do Senhor, ainda dentro dos parâmetros da educação em que fora criado, manteve a instituição familiar tal qual Deus a havia instituído e, assim, teve apenas uma mulher, pois a monogamia é o padrão estabelecido pelo Senhor, tendo cada homem a sua mulher e cada mulher o seu marido (Gn.2:24).
- No entanto, uma civilização humana que se constrói vivendo como se Deus não existisse, imersa no maligno (I Jo.5:19), não demora a destruir esta instituição criada por Deus, visto que não pode admitir tudo quanto pelo Senhor é criado.
- Lameque, demonstrando toda a sua “selvageria espiritual”, toda sua natureza “derrubadora” daquilo que instituído por Deus, torna-se o primeiro polígamo da história da humanidade, casando com suas mulheres. Esta atitude, ademais, aumenta ainda mais a inferioridade social da mulher e mostra a intensificação da iniquidade, da injustiça proveniente do pecado.
- Não tem sido diferente em nossos dias. A nossa sociedade está a se afastar nitidamente dos padrões bíblicos, que construíram a própria “civilização ocidental” nos últimos dois mil anos e, como resultado disto, temos visto proliferar em nações que se dizem cristãs (algumas até já se rotulam como “pós-cristãs”), uma série de leis que estão a desfigurar o modelo bíblico e divino da família, permitindo uniões de pessoa do mesmo sexo, uniões alternativas ao casamento e, pasmem todos, a defender até a poligamia como algo normal, como é o caso de projetos de lei e iniciativas existentes no Brasil, como a chamada “união poliafetiva” e a própria descriminalização do crime de bigamia, como consta no projeto de Código Penal em tramitação no Congresso Nacional.
- A iniciativa de Lameque de macular o casamento e a família, adotando a poligamia, foi o primeiro passo para a degeneração completa da humanidade de seu tempo, que daria como resultado o juízo divino através do dilúvio, pois é a partir da desintegração da estrutura familiar que se tem a queda de toda uma civilização, como, aliás, tem testemunhado a história da humanidade. A família é a “célula mater” da sociedade e, se destruindo a família, ter-se-á a destruição de toda a sociedade e, por isso mesmo, é a instituição familiar o alvo principal do inimigo de nossas almas, cujo papel outro não é senão matar, roubar e destruir (Jo.10:10), matar o ser humano, já que é homicida desde o princípio (Jo.8:44).
- Mas Lameque não se limitou apenas a “derrubar” com sua “selvageria” a instituição familiar, mas também trouxe a banalização da violência para a vida social, pois é dito que “matou um varão por feri-lo e um mancebo, por pisá-lo” (Gn.4:23). Lameque tornou-se um assassino contumaz, alguém que resolvia seus litígios e desavenças com o derramamento de sangue.
- A civilização caimita fora construída com base na soberba, na autossuficiência, no egoísmo e no individualismo. Caim tinha todos estes predicados e sua linhagem seguiu o exemplo de seu pai. Dentro de uma perspectiva desta natureza, que ignora completamente o próximo, o caminho do homicídio é evidente. Não fora por isso mesmo que Caim havia matado Abel? Lameque, agora, não se contenta em matar apenas um, mas mata dois homens e ainda se gaba disto diante de suas duas mulheres.
- Estava-se diante de uma civilização que, por rejeitar Deus que era o dono da vida, submetia-se ao inimigo de nossas almas, que é homicida desde o princípio (Jo.8:44) e que estabeleceu o “império da morte” (Hb.2:14). Lameque dá início a outra característica que levaria ao juízo divino daquela civilização, qual seja, a plenitude da violência (Cf. Gn.6:11).
- Não são diferentes os nossos dias, que o próprio Senhor Jesus denominou de “os dias de Noé” (Lc.17:26). A violência tem se intensificado grandemente em nossa sociedade, como resultado de um egoísmo e individualismo que caracterizam os últimos dias (II Tm.3:1-4). As pessoas pensam somente em si, acham-se o centro do universo e, quando são contrariadas, não hesitam em tirar a vida daquele que está a impedir a satisfação de seus interesses. A brutalidade é imensa e não se pensa duas vezes para eliminar a vida de
alguém. A vida humana tem perdido notavelmente o seu valor e isto desde a concepção, como, aliás, são testemunhas os milhões de abortos praticados anualmente em todo o mundo.
- Mas Lameque ainda registra um outro dado aterrorizante: a arrogância humana levada ao limite. Com efeito, além de matar dois homens por questões de somenos importância e disto se gabar, Lameque põe-se no lugar de Deus e exara uma sentença: “…escutai o meu dito: porque eu matei um varão por me ferir e um mancebo por me pisar. Porque sete vezes Caim será vingado, mas Lameque setenta vezes sete” (Gn.4:23,24).
- Lameque, além de se autoelogiar por ter matado duas pessoas, ainda impõe uma lei autoprotetora, fazendo verdadeira pilhéria do dito divino de reafirmação do amor que tinha por Caim, quando o Senhor disse que castigaria quem matasse Caim sete vezes, o que, como vimos na lição anterior, era uma prova de que Deus amava Caim tanto quanto havia amado Abel.
- Lameque, porém, trata esta afirmação divina com descaso e afirma que, por sua vontade, também não haveria de sofrer qualquer punição por conta dos dois homicídios praticados, pois estaria “protegido” muito mais do que Caim. Lameque defende aqui a impunidade, a prevalência pela força humana, era um “valentão” que se considerada inexpugnável, impassível de qualquer punição. Lameque considera-se maior do que Deus, capaz de ser mais “protegido” do que Caim o fora pela declaração divina.
- Este gesto de Lameque mostra como os caimitas desconsideravam a figura divina, como entendiam ser donos de suas próprias vidas, como o Senhor não lhes poderia jamais molestar, como se Deus não estivesse no controle de todas as coisas, uma mentalidade que ainda vigora entre aqueles que rejeitam o senhorio divino em suas vidas.
- Ao lado desta degeneração moral e espiritual dos caimitas, havia, porém, um inegável desenvolvimento material. Ada, uma das mulheres de Lameque, teve como filho primogênito a “Jabal”, nome cujo significado é “rio torrente” ou “derramamento”, que é apresentado como sendo “o pai dos que habitam em tendas e têm gado” (Gn.4:20).
- A civilização caimita, deixando as coisas espirituais de lado, não querendo buscar a presença de Deus, focou toda a sua criatividade, toda a sua racionalidade e inteligência nas “coisas da terra”, nas coisas materiais e, como Deus fez o homem um ser pensante, não demorou para que alcançassem êxito em suas habilidades e invenções.
- Jabal deu início à mais ampla domesticação dos animais e à instituição da pecuária como atividade econômica. Certo é que Abel já pastoreava ovelhas, mas Jabal intensificou esta atividade, promovendo a domesticação de outras espécies animais. Como se isto fosse pouco, também providenciou a tecnologia das tendas, permitindo condições melhores para a habitabilidade nos deslocamentos, uma espécie de “aproveitamento” da própria condição nômade que havia sido imposta a Caim e que a edificação de uma cidade pelo patriarca desta linhagem havia tentado driblar.
- Percebe-se que, no seu foco para as coisas materiais, o homem é capaz de criar um sistema de otimização da economia, de estabelecimento de estratagemas que permitam um maior aproveitamento da natureza e o aumento de recursos que possam satisfazer seus desejos e interesses. Não é porventura o que vemos em nossos dias, de grande incremento da atividade econômica e de mecanismos para a obtenção de riquezas e recursos que venham a satisfazer desejos e necessidades materiais?
- Mas Ada teve outro filho, chamado “Jubal”, nome cujo significado é “torrente região úmida”, “música”, “riacho”. Entende-se, aliás, que este nome esteja relacionado com a palavra “Yobel”, que é o “chifre de carneiro”, que era utilizado como “instrumento de sopro” entre os israelitas (até hoje, no “ano novo judaico”, toca-se o “shofar”, que é um chifre de carneiro

- Jubal é apresentado como sendo “o pai de todos os que tocam harpa e órgão” (Gn.4:21), ou seja, o “pai da música”. Isto nos mostra que o homem, no seu esforço criativo, produz a arte, que é uma atividade em que o homem mostra toda sua inteligência sentimental, ou seja, desenvolve a sua sensibilidade. É curioso vermos que, numa civilização alheia a Deus, desperte-se esta sensibilidade, a mostrar, com clareza, que há um vazio no homem sem Deus, vazio este que ele procura preencher através da atividade artística, mui especialmente a música, que é, de todas as atividades artísticas, aquela que mais se vincula ao imaterial, ao invisível.
- A arte apresenta-se, assim, como uma atividade que se mostra sempre um veículo que leva o homem acima do puramente material, que indica a existência de algo além da matéria e não é por outro motivo que o inimigo de nossas almas, que, antes de sua queda, era muito provavelmente o encarregado da música na dimensão celestial (Ez.28:13), procura sempre degradar a atividade artística, pondo-a a serviço do pecado, como vemos na idolatria através do uso de imagens, sejam pintadas, sejam esculpidas, ou na utilização da música para rituais de invocação de espíritos malignos ou para a disseminação da sensualidade.
- Zila, a outra mulher de Lameque, teve como filho primogênito a Tubal-Caim, nome cujo significado é “tumulto, o ferreiro”, “produto de forjas”. Ele é chamado de “mestre de toda a obra de cobre e de ferro”, ou seja, é o “pai da metalurgia”, o “pai da tecnologia”.
- O homem, criado por Deus como ser pensante e inteligente, quando se volta para as coisas desta vida, é capaz de criar uma “tecnologia”, ou seja, como diz o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, “teoria geral e/ou estudo sistemático sobre técnicas, processos, métodos, meios e instrumentos de um ou mais ofícios ou domínios da atividade humana (p.ex., indústria, ciência etc.)”.
- Utilizando-se da inteligência que lhe foi dada por Deus e da capacidade de poder descobrir tudo quanto sucede na dimensão física do Universo, ocupação que também lhe foi dada pelo Senhor (Cf. Ec.1:13), o homem é capaz de criar técnicas, processos e métodos que lhe permitem fazer com que suas necessidades e interesses sejam satisfeitos através da manipulação dos elementos existentes no universo físico.
- A história da humanidade tem sido a história de um contínuo progresso tecnológico, como temos visto, cada vez mais rapidamente, nos últimos anos, como nos dá conta a telemática.
- O texto sagrado ainda diz que Zila teve uma filha, chamada “Naamá”, nome cujo significado é “agradável”, “doce”, “deleite”, “prazer”. A tradição judaica identifica Naamá como a primeira prostituta da face da Terra. Seu nome revela o protagonismo que tinha, a civilização caimita, o prazer, a busca da satisfação dos desejos, dos instintos, ou seja, uma civilização dominada pela concupiscência, pelos desejos incontrolados, pela vontade da carne, algo típico de quem vive no pecado (Cf. Ef.2:1-3).
OBS: “…Estudando a Bíblia, pesquisando-a, deparamos com fatos inimagináveis, sobretudo por adquirirmos o hábito de lê-la sem buscarmos fundamentos. Em determinados contextos, não há visualização de fatores que predominam uma textualização esclarecendo dúvidas. Exemplo: A figura de NAAMA, filha de Lameque, irmã de Tubal-Caim. Sorrateiramente o autor, Moisés, menciona a irmã de Tubal-Caim. Naamá. Nas genealogias, os autores não enfatizam, com frequência, nomes de mulheres. Portanto, para este nome ser citado, haveria algo relevante nesta figura. É daí que descobrimos a importância desta citação. "No hebraico é Naamah, "A bela, a graciosa". Em nota de rodapé, os exegetas da Bíblia Loiola, declaram que "aqui parece significar 'a que se faz de bela', a sirigaita, talvez a prostituta. Em nota de rodapé, comentando os descendentes de Caim, a Bíblia de Jerusalém declara sobre este contexto: "Aqui Caim é o construtor da primeira cidade, o pai dos pastores, dos músicos, dos ferreiros e das meretrizes (cf.v.22), que provêem às comodidades e aos prazeres da vida urbana". Mais uma vez associa-se o nome de Naamá à prostituição. Os exegetas desta versão bíblica assumem a interpretação que associa Naamá com prostituição." "Uma antiga tradução judaica (bereshith Rabba XXIII, 3) a identifica como tendo sido a esposa de Noé. E a considera como tendo sido musicista em cultos idolátricos. Um renomado estudioso judeu, Cassuto, apoia essa ideia e a vê como líder de mulheres cantoras e instrumentistas, com base no Targum de Jonathan. Estas interpretações judaicas não estariam tão fora de propósito, portanto. Fica o registro da teoria. Não se deve dogmatizar, pois não temos elementos bíblicos." O mais importante é que, para a conclusão de um texto, é necessário aduzirmos fatos pormenorizados, para que possamos conhecer bem a Palavra de Deus. O apóstolo Paulo nos exorta que "Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra" II Tm 3:16-17.” (COELHO FILHJO, Isaltino Gomes. Gênesis I – Juperp apud A filha de Lameque. Disponível em:
- Notamos, portanto, que a degeneração moral se aprofunda, com o surgimento da prostituição e da utilização da mulher como mero objeto sexual, como mercadoria, era a intensificação da corrupção espiritual do ser humano, uma consequência direta do abandono do modelo bíblico de família.
- Não é, porventura, o que presenciamos em nossos dias, onde prolifera a indústria do sexo, o tráfico de pessoas e tantas outras mazelas desta natureza, havendo, ainda, quem queira “regulamentar” a profissão de prostituta e, mais, trazer incentivos a quem vive na prostituição (como é o caso do “bolsa travesti” criado em 2014 pelo prefeito de São Paulo, o petista Fernando Haddad)?
- Esta descrição do texto sagrado mostra-nos que o desenvolvimento material de uma civilização nada tem que ver com seu progresso espiritual. A civilização caimita era a mais desenvolvida do mundo, alcançava níveis invejáveis, mas, nem por isso, agradava a Deus. Muito pelo contrário, ao mesmo tempo em que crescia do ponto de vista material, também aumentava em pecado. É um tipo eloquente da sociedade que recusa Jesus Cristo, no meio da qual vivemos.
- Esta civilização alcançou tamanho grau de desenvolvimento que acabou por dominar todos os descendentes do primeiro casal. Afinal de contas, o egoísmo, a violência e a degeneração moral são características que levam, mesmo, a este domínio político. Tinha-se, assim, um predomínio do modo de viver caimita em todo o planeta.
OBS: Esta posição é defendida inclusive pelos que, como o pastor Ailton Muniz de Carvalho, creem ter havido descendentes do primeiro casal anteriores à queda. Eis o que diz este estudioso das Escrituras: “…Os filhos de Sete se preocupavam mais em teintegrarem-se com seu Criador do que em se reparar para dominar o mundo; com isto os filhos de Caim ganharam a dianteira em tecnologia e ciência. Por onde passavam dominavam o povo nativo [parte dos descendentes anteriores à queda, na concepção do pastor Ailton Muniz de Carvalho – observação nossa] com certa facilidade que não demoravam chegar onde quisessem.…” (Deus e a história bíblica dos seis períodos da criação. 4. ed., p.193). Ou ainda: “…Sem dúvida Caim foi o primeiro imperador da terra, que mais tarde ficou conhecida como terra do império sumério; ele tinha sede de poder. (…) Certamente Caim tinha acesso à tecnologia de todo tipo de armas convencionais (…). Na medida em que Caim vinha destruindo todo aquele povo sem piedade, porque nele não havia esse sentimento, vê-se que o que Caim queria mesmo era ser o primeiro ditador do mundo, de modo que fazia qualquer coisa paa atingir o seu objetivo.…” (Conheça-me: eu era como você, cheio de dúvidas!, pp.331-3).
II – A LINHAGEM DE SETE
- O texto sagrado, depois de ter descrito a civilização caimita, dá notícia de que o primeiro casal teve um outro filho, que lhes foi dado por Deus em substituição a Abel. Este filho foi chamado de Sete, cujo significado é “compensação”, “fundador”, “broto” ou “designado”.
- Ao ter este outro filho, Eva, mais uma vez atribuindo a Deus a bênção da maternidade, disse que Deus lhe havia dado uma semente em lugar de Abel. Vemos, pois, de pronto, que, quando Sete nasceu, Caim já havia iniciado a sua civilização, de modo que não chegou a conviver com Sete.
- Não é desarrazoado imaginar que, pelo próprio nome dado a Sete, cria o primeiro casal que, com Sete, se reiniciara a esperança de que se teria o cumprimento da vinda da “semente da mulher” que restabeleceria a comunhão entre Deus e o homem, já que Abel morrera e Caim se mostrara um “homem do maligno”, um homem avesso ao relacionamento com o Senhor.
- Sete mostrou-se, mesmo, ser a “compensação” da perda de Abel. Construiu uma vida em que deu prioridade a Deus, em que buscou servir ao Senhor, seguindo o exemplo deixado por Abel. Certamente instruído sobre o que acontecera, resolver “fazer bem” e, neste ponto, foi aceito por Deus. Tanto assim é que, quando teve o seu primeiro filho, deu-lhe o nome de Enos, nome cujo significado é “homem”, “humanidade”, “mortal”, “decadência”, tendo, a partir de então, se começado a invocar o nome do Senhor (Gn.4:26).
- O nome dado por Sete a seu filho era a demonstração desta mentalidade justa e que tinha como objetivo pôr Deus em primeiro lugar na vida sobre a face da Terra. Sete, diz o texto sagrado, foi criado à imagem e semelhança de Adão (Gn.5:3) e a busca da presença de Deus
consciência que Sete tinha da necessidade de dependermos de Deus, da impossibilidade de vivermos por nós mesmos, de querermos ser independentes de Deus.
- Sete tinha consciência plena de que o homem era mortal, não tinha como escapar da morte física, diante do juízo divino estabelecido quando da queda, como também da impossibilidade de acesso à árvore da vida e, em vez de tentar viver “sem Deus”, voltado única e exclusivamente às coisas terrenas, entendeu que a solução estava em buscar a Deus, em invocar o Seu nome, em construir um relacionamento com o Senhor e, confiando na promessa da vinda da “semente da mulher”, obedecer ao Criador.
- Sete dá origem, assim, ao primeiro “povo de Deus” sobre a face da Terra, um povo que aceitava o senhorio divino, a proeminência da vida espiritual sobre a vida material, um povo que reconhecia sua condição pecaminosa e a indispensável necessidade de se completar em Deus, de ter comunhão com o Senhor para que pudesse cumprir o propósito estabelecido para a sua existência, que desse sentido à própria existência.
- O filósofo judeu Fílon de Alexandria (20 a.C. – 50 d.C.) considerou Enos como sendo o “primeiro amante da esperança”, o “…o primeiro homem que viveu na expectativa de coisas boas e que se estabeleceu na esperança (…). O escritor sagrado nos diz que ele foi o primeiro que esperou no Pai e Criador do Universo…” (Sobre Abraão, II. Disponível em: http://www.earlychristianwritings.com/yonge/book22.html Acesso em 31 ago. 2015) (tradução nossa de texto em inglês).
- Sete demonstrou, assim, ter não somente crido na promessa da redenção, mas ter despertado a esperança de seu cumprimento, que poderia ser o seu filho Enos, daí ter lhe dado o nome de “homem” ou de “mortal”. Criando seu filho nesta esperança, começou a construir uma linhagem de pessoas piedosas, uma civilização que punha Deus em primeiro lugar na vida, que entendia que a vida só tem sentido se houver um relacionamento com Deus, se se buscar superar esta existência terrena mediante uma eternidade juntamente com o Criador.
- Por isso, muito propriamente, o pastor Ailton Muniz de Carvalho chama Sete de o “primeiro religioso voluntário”, pois é o primeiro que usa seu livre-arbítrio com o objetivo de buscar a Deus, de ter uma religação com Deus, mas não uma religação guiada pelo homem, e, sim, uma intenção de se religar com Deus com o reconhecimento da incapacidade do homem e da sua condição de degeneração em virtude do pecado. Sete reconhecia a depravação do gênero humano mas, também, a graça de Deus que era ofertada a todos os seres humanos.
- Fílon, ainda, considera que “…o homem que é cheio de boa esperança é também santo e digno de louvor, enquanto que, a contrário, aquele que não tem esperança alguma é maldito e culpável, sendo sempre associado com o medo, que é um mau conselheiro em qualquer emergência; pois é dito que não há algo tão hostil como o medo e a esperança e, talvez, possa ser dito corretamente que tanto o medo quanto a esperança são uma expectativa, mas uma é a expectativa de coisas boas e a outra, pelo contrário, de coisas más e as naturezas do bom e do mau são irreconciliáveis e jamais podem andar juntas…” (ibid.).
- Vemos, nesta afirmação de Fílon, um retrato bem evidente da distinção que havia entre a linhagem de Sete e a de Caim. Enquanto Caim saíra da presença de Deus totalmente desesperançado de que pudesse ser perdoado, não crendo na graça de Deus e, por isso, nada esperando em termos de salvação, a linhagem de Sete firmava-se pela esperança, pela crença na redenção, pela busca de um contato com Deus através da fé na vinda da “semente da mulher”.
- O povo de Deus sempre deve crer na Palavra de Deus e manter a esperança de ver cumpridas as promessas do Senhor. Não é, pois, coincidência alguma que, na galeria dos heróis da fé, esteja Enoque, que era da descendência de Sete, além de israelitas fiéis, bem como que o apóstolo João tenha dito que o segredo para a nossa santificação é, precisamente, a esperança que temos (I Jo.3:1-3). Paulo, aliás, mostra que a fé e a
esperança são as virtudes teologais que nos são dadas durante a nossa peregrinação terrena (Rm.5:1-4; I Co.13:13).
- Enos teve como filho primogênito a Quenã (Gn.5:9), nome cujo significado é “fixo”, “adquirido” ou “gerado”, uma variação do próprio nome de Caim. Temos aqui a ideia, já presente no primeiro casal, de que os filhos são “herança do Senhor” e de que havia uma intenção de se buscar sempre a presença do Senhor, de tudo se atribuir a Deus.
- Quenã teve como filho primogênito a Maalalel, nome cujo significado é “louvor de Deus”, a reafirmar o intento de se construir uma civilização baseada no senhorio de Deus e na absoluta necessidade que se tem de ter Deus como prioridade na nossa peregrinação terrena.
- Maalael teve como filho primogênito a Jarede, nome cujo significado é “descida”, “terra baixa”, nome que dá a ideia de permanência da ideia da incapacidade humana e da absoluta necessidade que o homem tem de Deus. Era um princípio deste povo reforçar a dependência de Deus na vida humana sobre a face da Terra. Uma das características do povo de Deus deve ser sempre a humildade. Por isso, o Senhor Jesus disse que devíamos aprender d’Ele que é manso e humilde de coração (Mt.11:29) e de sempre as Escrituras recomendarem que devemos nos humilhar diante de Deus (Tg.4:10; I Pe.3:6). Como diz a poetisa sacra Frida Vingren: “…às alturas santas ninguém voa sem as asas da humilhação…” (terceira estrofe do hino 126 da Harpa Cristã).
- Jarede, então, teve como filho primogênito a Enoque, nome que, como vimos, significa é “iniciado”, “ensino”, “professor”, “treinado” e “dedicado”, segundo os estudiosos. Ao contrário do primogênito de Caim, no entanto, este início aqui não tem a ver com uma vida independente de Deus mas, bem ao contrário, com o início da comunhão com o Senhor. Na sexta geração desta linhagem de Sete, chegava-se a uma intimidade com Deus, pois o texto sagrado nos diz que “Enoque andou com Deus” (Gn.5:22).
- Muito provavelmente é neste período que os filhos de Sete começam a ser contato com os filhos de Caim, que os dois povos iniciam uma mistura (Cf. Gn.6:1), que seria deletéria não só para a linhagem de Sete mas para toda a humanidade.
- Enoque, no entanto, diante desta nova perspectiva, de união de ambas as linhagens, dentro da proposta de dominação da civilização caimita, preferiu andar com Deus, não abandonar os princípios estabelecidos desde Sete. Há, aliás, quem diga que o nome de seu pai, Jarede, indique precisamente a “descida” espiritual dos setitas, que, assim, teriam iniciado a sua miscigenação com os caimitas. Ora, tal mistura, tal convivência comprometeu toda a santidade e boa esperança dos setitas pois, como disse Fílon, “…as naturezas do bem e do mau são irreconciliáveis e jamais podem andar juntas” (ibid.).
- Enoque é o primeiro profeta (Cf. Jd.14,15), aquele que primeiro foi constituído em porta-voz de Deus entre os homens, a indicar, assim, uma elevação na espiritualidade que experimentou a linhagem de Sete, precisamente no momento em que se iniciava uma mistura que seria fatal para este primeiro povo de Deus na face da Terra. Enoque, em sua profecia, acrescia à esperança que caracterizara a linhagem piedosa desde o início, a perspectiva de punição aos ímpios, de juízo sobre todos quantos recusassem a graça de Deus.
- Fílon afirma que “…o passo seguinte da esperança é o arrependimento dos erros cometidos e o aperfeiçoamento” (op.cit., III, end.cit) e o homem que demonstrou esta nova situação espiritual teria sido precisamente Enoque, que seria, assim, o “início” de um sistema de vida melhor, um “homem da mudança” de situação espíritual.
- Enoque viveu trezentos e sessenta e cinco anos sobre a face da Terra e não foi mais visto, pois Deus para Si o tomou (Gn.5:23,24). Enoque foi trasladado para não ver a morte, pois alcançou testemunho de que agradara a Deus (Hb.11:5,6). Deus faz de Enoque um sinal eloquente para toda a linhagem de Sete

de que o caminho para a vida, para o restabelecimento da comunhão com o Senhor era o da busca da intimidade com Deus, jamais o da mistura com a linhagem de Caim.
- Deus falara com o Seu povo através de Enoque, o primeiro profeta, e, é através do próprio Enoque, que o Senhor dá um sinal aos setitas de que eles não poderiam se misturar com os caimitas, que deveriam buscar servir ao Senhor, pôr Deus em primeiro lugar. Trasladando Enoque da face da Terra, não permitindo que ele experimentasse a morte, o Senhor deixa claro aos setitas de que a promessa da redenção estava de pé e que não se poderia abandonar esta esperança por uma vida melhor sobre a face da Terra, pelo desfrute dos prazeres terrenos, sem esta esperança, que era o modo de vida seguido pelos caimitas.
- Fílon afirma que “…pois o transporte [i.e., a trasladação – observação nossa] mostra uma mudança e alteração; tal mudança é para melhor porque tem lugar através da Providência de Deus, pois tudo que está com Deus é honroso e vantajoso, já que o que destituído de qualquer superintendência divina é inútil e sem proveito. E a expressão ‘não foi achado’ é muito apropriadamente relacionada a ele [Enoque – observação nossa] cuja posição foi mudada, seja pelo fato de que sua vida culpável antiga ter sido quitada e cancelada, e não mais fosse encontrada, seja por não ter nunca existido, ou ainda porque aquele cuja posição foi mudada está arrolado em uma classe melhor, é naturalmente difícil de ser descoberto. Pois a maldade é algo muito extensivo e multiforme e, por isso, conhecida por muitas pessoas, as a virtude é rara, de modo que não é compreendida senão por muito poucas pessoas.…” (ibid.).
- Enoque manteve uma contínua comunhão com Deus, tornando-se profeta e gerando uma intimidade tal com o Senhor que obteve de Deus a superação da morte física, passando a ser um tipo daqueles que, no dia do arrebatamento da Igreja, tiverem o mesmo comportamento, e que, por isso, serão trasladados sem experimentar a morte física (I Co.15:51,52; I Ts.4:17).
- Notamos, aqui, algo que persiste até os dias de hoje. No meio do povo que se diz ser de Deus, há aqueles que se dedicam a servir a Deus, que buscam comunhão com Ele e que, por isso mesmo, serão tomados para Ele e os que, ao contrário, preferem se misturar com os incrédulos, ter comunhão com o mundo e que, por isso mesmo, terão o mesmo destino daqueles que não creem em Deus. É o que ocorrerá com os que se dizem cristãos no dia do arrebatamento da Igreja: os que guardarem a Palavra de Deus serão arrebatados (representados pela igreja de Filadélfia); os que se misturarem com o mundo, terão revelada a sua verdadeira natureza má e sofrerão com os incrédulos declarados o juízo divino (representados pela igreja de Laodiceia). A que grupo pertencemos, amados irmãos?
- Enoque teve como filho primogênito a Metuselá ou Matusalém, nome cujo significado é “homem do dardo”, “quando morrer isso virá”, nome que indica que Enoque estava a profetizar que o juízo divino não tardaria sobre os ímpios. Enoque, assim, mostrava que a decisão dos setitas de se misturarem com os caimitas não era da vontade de Deus e que tal miscigenação representaria a perda da santidade da nação setita e a consequente vinda do juízo divino. Com efeito, vemos que Metuselá, que foi o homem que mais tempo viveu sobre a face da Terra após a queda, morreu precisamente no ano do dilúvio. Deus avisava o povo setita da necessidade de arrependimento desde então, da necessidade de se ter uma vida separada do pecado, de uma vida de santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb.12:14).
- Metuselá teve como filho primogênito a “Lameque” e vemos aqui como já se desenhava o comprometimento da linhagem de Sete. Lameque, o descendente de Caim, é “homenageado” por Metuselá, que dá o seu nome a seu filho. Há aqui a nítida aliança que se firmava entre os dois povos, um elogio à violência, à imoralidade e tudo quanto representava a civilização caimita. Os setitas já estavam definitivamente absorvidos pela civilização caimita, passaram a integrá-la para desgraça da humanidade.
- Lameque teve como filho primogênito a Noé, noem cujo significado é “consolo”, “alívio”, “descanso”. Lameque já via o quadro difícil que se apresentava no mundo e,
- Esta afirmação de Lameque mostra, claramente, que a situação já se encontrava fortemente degenerada quando do nascimento de seu primogênito e que o prognóstico para a humanidade não era nada bom. Lameque teve a esperança de que, através de seu filho, se mantivesse a promessa da redenção, a promessa da vinda da “semente da mulher”, que restauraria a comunhão perdida com o Senhor e que se apresentava cada vez mais distante.
III – A DEGENERAÇÃO COMPLETA DA HUMANIDADE
- Moisés, então, revela-nos explicitamente a tragésia que foi a mistura entre a linhagem de Sete e a linhagem de Caim.
- Conforme já vimos, a civilização caimita era dominadora, algo bem apropriado para uma sociedade que se constrói deixando Deus de lado. No entanto, a dominação não se operou através da conquista militar. Alguns estudiosos, como o pastor Ailton Muniz de Carvalho, até defendem que tenha havido uma tentativa de dominação pela força das armas, mas que teria sido repudiada por uma intervenção divina, mas o fato é que a dominação se deu pela sedução, pela sensualidade.
- Com efeito, ante o crescimento populacional e o inevitável contato entre caimitas e setitas, a sensualidade dominante na sociedade da linhagem de Caim falou mais alto e começou a haver a miscigenação entre os “filhos de Deus” (os descendentes de Sete) e “as filhas dos homens” (descendentes de Caim) (Gn.6:1,2).
- O primeiro resultado desta miscigenação foi o abandono dos princípios piedosos da linhagem de Sete e a absorção da mentalidade materialista e profana construída pela linhagem de Caim. Surgiu, então, uma contradição em que o faziam os homens e o que Deus queria, a ponto de o Senhor ter estabelecido um limite de idade para os homens, cento e vinte anos, algo bem inferior ao que até então haviam vivido os homens (Gn.6:4).
- Esta mistura de civilizações trouxe o surgimento dos gigantes na terra, bem como o início da admiração pela valentia, pelo uso de violência, tanto que tais gigantes passaram a ser “varões de fama” (Gn.6:4). Era a prevalência do terreno sobre o celestial, do material sobre o espiritual, a degradação moral da linhagem de Sete.
- Não pode haver comunhão entre luz e trevas (II Co.6:14), de sorte que, quando alguém que serve a Deus, mistura-se com quem não serve, o resultado outro não é senão a perda da santidade por parte dos “filhos do dia”, a sua decadência moral e espiritual. Foi o que ocorreu com os setitas, com os israelitas e o que ocorre hoje com todos quantos se dizem cristãos se deixam iludir pelo engano dos falsos mestres e do mundo. Tomemos cuidado, amados irmãos!
- Tem início, então, a apostasia por parte do primeiro povo de Deus, apostasia que lança o começo do fim da dispensação da consciência.
- O resultado disto foi a multiplicação da maldade do homem sobre a Terra. O homem não só passou a praticar o mal indiscriminadamente, como também a imaginação dos pensamentos de seu coração passaram a ser continuamente má (Gn.6:5). Era a multiplicação da iniquidade, a intensificação do pecado.
- Temos, então, os chamados “dias de Noé” em que há uma deterioração da instituição familiar que, assim como não era mais levada em conta pelos caimitas, passou também a ser desconsiderada pelos setitas, a ponto de o Senhor Jesus ter dito que, nesta época, os homens “casavam-se e davam-se em casamento” (Mt.24:38; Lc.17:27), mostrando-nos que o casamento, elemento fundante da família segundo o modelo bíblico, era totalmente desrespeitado e desconsiderado, tendo prevalência os instintos sexuais, o culto


prazer, a concupiscência. Qualquer semelhança com o mundo em que vivemos na atualidade (mui especialmente entre os que cristãos se dizem ser) não é mera coincidência…
- Este predomínio da concupiscência também é evidenciada pelo Senhor Jesus, porquanto, no Seu sermão escatológico, é dito que os homens desse tempo “comiam e bebiam”, ou seja, buscavam tão somente satisfazer seus desejos e necessidades relativos às coisas desta vida, esquecendo-se completamente do que era espiritual, do que estava além da matéria.
- Este estado de coisas motivou o juízo divino. Deus, em virtude de ser justiça, não poderia ficar inerte em meio a esta circunstância e deliberou destruir a humanidade (Gn.6:6:6,7). A terra estava corrompida e se encheu de violência (Gn.6:11,12).
- No entanto, Noé achou graça aos olhos do Senhor (Gn.6:8), porque era varão justo e reto, já que andava com Deus, seguindo, assim, o exemplo de seu ancestral Enoque (Gn.6:9).
- Fílon vê em Noé o terceiro degrau da espiritualidade. Após a esperança (representada por Enos) e do amor à virtude (representado por Enoque), tem-se a justiça, considerada a maior de todas as virtudes. Noé resolveu andar com Deus, manter-se separado do pecado e, por isso, ao contrário de todos os outros homens, agradou a Deus.
- O Senhor, tendo deliberado destruir a humanidade, resolveu revelar isto a Noé, reafirmando, assim, a própria profecia de Enoque. Vemos, então, que Noé passa a ser, também, um profeta, pois recebeu esta mensagem de Deus e a transmitiu para o povo de seu tempo, motivo pelo qual é chamado de “pregoeiro da justiça” (II Pe.2:5).
- Deus revela a Noé que haveria de destruir a Terra com água, com um dilúvio, e manda que Noé construísse uma arca para ser poupado do juízo (Gn.6:13-17), pois o Senhor estabeleceria um pacto com ele e sua família e, através dele, seriam também poupados os animais terrestres (Gn.6:18-21).
- Noé creu na Palavra de Deus e começou a construir a arca, o que durou cem anos, visto que tinha Noé quinhentos anos quando o Senhor lhe falou (Gn.5:32) e o dilúvio veio sobre a terra quando Noé tinha seiscentos anos de idade (Gn.7:6).
- Durante cem anos, Noé pregou que Deus haveria de destruir a terra com um dilúvio, que cairia água dos céus e isto faria com que se desfizesse a humanidade e toda a criação terrena, pregação esta que não fazia o menor sentido lógico, já que não chovia sobre a Terra (Cf. Gn.2:5,6).
- Mais uma vez, Deus mostra que não tinha prazer na morte do ímpio, mas antes em que ele se convertesse (Ez.18:23; 33:11). Deus oferecia, por meio de Noé, uma oportunidade para o arrependimento, para que toda a humanidade se voltasse para Deus, abandonando o pecado e crendo na redenção por intermédio da “semente da mulher”. Noé não só pregava, como também construía a arca, esta grande embarcação que, com certeza, causava admiração por parte de todos os homens. Noé não só falava, mas também vivia de acordo com o que cria. Agia pela fé (Cf. Hb.11:7), uma fé frutífera, uma fé acompanhada de obras, obras que acabaram por condenar o mundo que, na sua incredulidade, não deram crédito à mensagem da salvação, à mensagem do perdão, ao “evangelho da dispensação da consciência”.
- Por isso, Noé é chamado de “o herdeiro da justiça segundo a fé”, pois, pela sua vida justa, justiça esta que se traduziu no amor ao próximo, mediante a pregação. Por isso, amados irmãos, a exemplo de Noé, devemos também pregar o Evangelho e somente quem o faz, através de palavras e de atitudes, herdará o reino de Deus, será poupado do juízo divino. Temos sido como Noé? Pensemos nisso!
- O Senhor Jesus, pessoalmente, reconheceu o empenho de Noé, tanto que, ao vencer o pecado e a morte, descendo ao Hades, fez questão de pregar àquela geração que não creu nas palavras de Noé, lançando-lhes em rosto a sua incredulidade (I Pe.3:19,20).
- A geração de Noé, no entanto, preferiu seguir a mentalidade caimita de recusa de se apresentar diante de Deus. Toda a humanidade estava corrompida e desprezava o chamado ao arrependimento e, assim, o juízo tornou-se inevitável, como haveremos de estudar na próxima lição.
Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco



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