AUXÍLIO AO
ALUNO EBD
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1º Trimestre de 2016 – CPAD
1º Trimestre de 2016 – CPAD
O FINAL DE TODAS AS COISAS – esperança e glória para os salvos
Comentários da revista da CPAD: Elinaldo Renovato de Lima
COMENTARIOS: EV. CARAMURU AFONSO FRANCISCO
LIÇÃO Nº 4 – ESTEJA ALERTA E VIGILANTE, JESUS VOLTARÁ
O principal objetivo
da revelação e do estudo da doutrina das últimas coisas aos servos do Senhor é
a criação e manutenção de vigilância, para que a vinda de Jesus não nos
surpreenda.
INTRODUÇÃO
- Ao iniciarmos o estudo da doutrina das últimas coisas, no
início deste trimestre, enfatizamos que Deus tem um propósito para revelar ao
homem o futuro, que nada tem a ver com mero exercício de curiosidade. - Deus
tem o máximo interesse que nós saibamos o que irá ocorrer no final dos tempos
para que sejamos vigilantes, ou seja, tenhamos todo o cuidado necessário para
não permitir que o nosso adversário nos engane e que venhamos a perder a
oportunidade de viver eternamente com o Senhor.
I – O QUE SIGNIFICA
VIGIAR
- Um dos principais,
senão o principal objetivo da revelação de Deus ao homem a respeito do futuro,
das coisas que brevemente hão de acontecer, é o de criar condições para que o
homem que Lhe serve seja vigilante e, assim, não venha a perder a oportunidade
de viver eternamente com o seu Senhor.
- Esta não é uma especulação teológica, mas o retrato puro e
simples do que se vê nas Escrituras. Quando proferiu o Seu sermão escatológico,
Jesus o concluiu com severas advertências a respeito da vigilância
(Mc.13:32-37), demonstrando, assim, que Seu objetivo em revelar tudo o que
havia revelado aos discípulos outro não era senão o de despertar neles o
cuidado e a vigilância. “E as coisas que vos digo digo-as a todos: vigiai.”
(Mc.13:37), são as palavras de Jesus. Mas o que é vigiar?
- Se formos ao Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa,
perceberemos que a palavra “vigiar” tem diversos significados, mas todos eles
devem ser enfrentados para que entendamos o que o Senhor Jesus tem a dizer a
respeito do tema, pois as Escrituras devem ser conhecidas em cada detalhe.
Neste dicionário, há seis principais acepções de “vigiar”, a saber:
1 observar com
atenção; estar atento a
2 observar
secreta ou ocultamente; espreitar, espionar
3 cuidar com
atenção, olhar por; velar
4 fazer
fiscalização de; controlar, verificar
5 permanecer
atento, alerta ou desperto 6 ficar de sentinela, de guarda, de atalaia
- Vigiar significa,
em primeiro lugar, observar com atenção, estar atento a. Quem vigia é quem
observa com atenção, que está atento. O Senhor revelou-nos o que irá acontecer
para que os crentes sejam observadores de tudo o que está acontecendo à sua
volta, a fim de que, com olhos espirituais, identifiquem e detectem nos
acontecimentos do dia-a-dia a iminência, a proximidade da volta de Jesus. É por
isso que não podemos concordar com aqueles que defendem que os crentes devem
viver separados dos demais homens, da comunidade, completamente alienados a
respeito do que acontece à sua volta. O crente deve ser uma pessoa bem
informada, que tenha conhecimento do que se passa na sua vizinhança, no seu
local de trabalho, na sua escola, no seu bairro, na sua cidade, no seu Estado,
no seu país e no mundo. O crente deve ser pessoa que tenha conhecimento de tudo
que está acontecendo, porque, só assim, poderá cumprir a ordem de Jesus, que é
a de vigiar, ou seja, estar atento às coisas que estão acontecendo. Jesus,
mesmo, jamais foi uma pessoa alienada, estava bem informado a respeito dos
fatos e deles se aproveitava para pregar o Evangelho (cfr. Lc.13:1-5).
- A informação, por si só, entretanto, não é suficiente.
Informar-se do que está ocorrendo no mundo é uma condição necessária, mas não
suficiente. Além de se informar de tudo o que se passa, o crente deve, também,
ter discernimento espiritual, ou seja, saber interpretar, à luz da Palavra de
Deus, sob a orientação do Espírito Santo, o significado de tudo quanto está a
ocorrer. O salvo é um homem espiritual e, sendo assim, tudo discerne sem ser
discernido por pessoa alguma (I Co.2:15).
- Tal discernimento somente advém de um relacionamento
íntimo com o Senhor, de uma vida de santificação, de uma maior aproximação ao
Senhor Jesus, de um maior distanciamento do pecado, o que, como vimos na lição
anterior, é efeito da esperança infundida no salvo pelo Espírito Santo (I Jo.3:2,3).
- Vigiar significa,
em segundo lugar, observar secreta ou ocultamente, espreitar, espionar. O
crente deve ser alguém que tenha discernimento, que possa ver além da
superficialidade, que investiga o lado espiritual dos acontecimentos. O crente
tem a mente de Cristo (I Co.2:9-16), ou seja, tem acesso à profundidade das
riquezas da sabedoria e da ciência de Deus (Rm.11:33) e, portanto, estando em
comunhão com o Senhor, deve saber interpretar os acontecimentos sempre pelo
ponto-de-vista espiritual. O crente, também, tem de ter o discernimento para
identificar as astutas ciladas do diabo. Para isto, devemos fazer como Esdras
que, no caminho para Jerusalém, orou e jejuou para sentir a mão de Deus sobre
si e sobre o povo que com ele estava e, somente assim, pôde chegar ao seu
destino, apesar das astutas ciladas do inimigo ao longo do caminho
(Ed.8:21-31).
- Tal discernimento exige o conhecimento das Escrituras e do
poder de Deus, o que nos faz evitar erros (Mt.22:29) e, também, impede que
sejamos enganados pelas mentiras da mídia que, como tudo no mundo, está no
maligno (I Jo.5:19).
- Vigiar significa,
em terceiro lugar, cuidar com atenção, olhar por velar. O crente deve
cuidar da sua vida espiritual, da sua comunhão com Deus, da sua salvação. A
salvação é algo que tem de ser preservado, conservado, como nos ensina a Bíblia
Sagrada, pois somente aquele que perseverar até o fim será salvo (Mt.24:13).
Por várias vezes, a Palavra de Deus nos aconselha a conservarmos uma vida de
comunhão com Deus, uma vida de santidade e de obediência aos mandamentos do
Senhor:
a) em Hb.3:6, é dito que somente aqueles que conservam
firmes a confiança e a glória da esperança até o fim podem dizer que são a casa
de Deus, que são templo do Espírito Santo, ou seja, que pertencem ao corpo de
Cristo e, por isso, serão arrebatados;
b) em I Ts.5:23, é dito que o crente tem de manter
conservado irrepreensível todo o seu ser (espírito, alma e corpo) para a vinda
de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, a mostrar, portanto, que a conservação
de nosso ser debaixo da potente mão de Deus é indispensável para que sejamos
arrebatados;
c) em Jd.1, os crentes são chamados de queridos em Deus Pai
e conservados por Jesus Cristo, a indicar que somente aquele que se mantém em
comunhão com o Senhor Jesus, que se submete a Seu senhorio, como vara ligada na
videira, será arrebatado no dia da vinda do Senhor e, por isso, o mesmo Judas
aconselha o povo de Deus a se conservar no amor de Deus, esperando a
misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna (Jd.21).
- Precisamos estar atentos às coisas espirituais, não
podemos nos distrair com as coisas desta vida, pois foi isto que fizeram os
seres humanos nos dias de Noé e farão aqueles que não serão arrebatados, como
nos diz o Senhor Jesus em Mt.24:37-39.
- O Senhor Jesus é bem claro ao mostrar que, nos dias de
Noé, as pessoas estavam tão envolvidas com as coisas desta vida (“comiam,
bebiam, casavam e davam-se em casamento”), que não deram qualquer atenção à
pregação de Noé, pregação que durou pelo menos cem anos (Cf. II Pe.2:5) e que
havia sido precedida pela profecia de Enoque (Jd.14). Totalmente envolvidas com
as coisas desta vida e com o pecado, pois até suas imaginações eram más
continuamente (Gn.6:5), simplesmente não perceberam o início do dilúvio e
acabaram sendo tragados pelo juízo divino. Que isto não aconteça conosco,
amados irmãos!
- Vigiar, em quarto
lugar, significa fazer fiscalização de, controlar, verificar. O crente
vigilante é aquele que vive conferindo a santidade, não a santidade dos outros,
pois o crente não deve julgar o semelhante, pois esta é uma tarefa exclusiva do
Senhor, o único juiz (Tg.4:11,12). O crente deve conferir a sua própria
condição espiritual, deve examinar-se constantemente e observar se está sendo
fiel ao Senhor, ou não. O autoexame é uma necessidade para o cristão, bem como
um anúncio da vinda de Jesus, como vemos, claramente, do ensino de Paulo sobre
a ceia do Senhor (I Co.11:26,28). O crente vigilante esforça-se para, a cada
momento, se autoexaminar e se manter com as vestes limpas para que possa
adentrar ao banquete nupcial das bodas do Cordeiro (cfr. Mt.22:11-14).
- A vigilância é, pois, um controle de qualidade da nossa
santidade, uma verificação ininterrupta de nossa comunhão com o Senhor.
Evidentemente que o crente vigilante não se considera alguém perfeito e imune
ao pecado, mas alguém que precisa diuturnamente da ajuda do Espírito Santo para
se manter santo e, para tanto, recorre aos meios de santificação deixados pelo
Senhor para que possamos nos manter separados do pecado: a Palavra de Deus
(Jo.17:17); a oração (I Tm.4:4,5), reforçada com o jejum (Mt.9:14,15); o temor
do Senhor (II Co.7:1) e a participação digna na ceia do Senhor (I Co.11:23-34).
- Exemplo da necessidade desta vigilância vemos na passagem da volta do povo
judeu para Jerusalém nos dias de Esdras. O escriba hábil na lei do Senhor
mandou que os maiorais dos sacerdotes, por serem consagrados do Senhor,
deveriam vigiar e guardar todos os tesouros que haviam oferecido ao Senhor o
rei da Pérsia e seus conselheiros, bem como seus príncipes, como os próprios
israelitas (Ed.8:24-29).
- Assim como aqueles homens escolhidos por Esdras, nós,
também, somos sacerdotes do Senhor (Ap.1:6), temos de ter consciência de que
fomos consagrados ao Senhor e, por isso, temos de guardar, com muito cuidado,
os tesouros que o Senhor nos tem dado, as bênçãos espirituais nos lugares
celestiais em Cristo (Ef.1:3), bênçãos que devemos oferecer a Ele, pondo-os em
exercício para o bem do povo de Deus e de toda a humanidade. Devemos lembrar
que, embora sejamos vasos de barro, recebemos um tesouro excelente, que deve
ser devidamente guardado (II Co.4:7).
- Vigiar, em quinto
lugar, significa permanecer atento, alerta ou desperto. A vigilância não é,
portanto, uma atitude episódica, um momento de reflexão ou de atenção
transitório, periódico, como na semana da ceia do Senhor ou quando vamos ao
culto ou a alguma reunião religiosa, mas uma atitude de vida, um modo de viver,
um comportamento contínuo que deve ser uma constante até a vinda do Senhor.
Temos uma figura elucidativa deste tipo de comportamento entre aqueles que
foram selecionados por Deus para estarem ao lado de Gideão. Os trezentos homens
escolhidos para compor este exército vitorioso eram homens que, ao tomarem
água, se comportavam como cães, pois permaneciam atentos, olhando tudo a sua
volta, por isso foram achados dignos de pertencer ao exército que venceu os
inimigos do povo de Deus. É este tipo de gente que o Senhor tem, também,
escolhido para tomar parte em Seu exército: pessoas que permanecem atentas em
todos os momentos.
- A vigilância é o oposto do sono e, portanto, não podemos
estar espiritualmente num estado de sono ou de torpor. As Escrituras são claras
ao indicar que há a possibilidade de o salvo estar espiritualmente dormindo,
como vemos em passagens como Rm.13:11, I Co.11:30 e Ef.5:14.
- Em Rm.13:11, o apóstolo Paulo, após ter mencionado como
deve se conduzir o salvo em Cristo Jesus, afirma que o crente deve conhecer o
tempo em que está a viver e observar que a nossa salvação está agora mais perto
de nós do que quando aceitamos a fé e, por isso, deve despertar do sono,
rejeitando as obras das trevas e se vestindo das armas da luz.
- Para escaparmos do sono espiritual, torna-se necessário
que tenhamos uma vida de santificação, que a cada instante nos distanciemos do
pecado e nos aproximemos de Deus, pois os sinais da vinda de Cristo mostram
claramente que estamos na iminência do arrebatamento da Igreja. Precisamos
conhecer os sinais dos tempos (Mt.16:3).
- Em I Co.11:30, o apóstolo Paulo fala de crentes fracos,
doentes e que dormem, ou seja, pessoas que estão negligenciando a sua fé e
pondo em risco a sua salvação. E qual o motivo disto? Diz o apóstolo que isto
se devia a uma participação indigna na ceia do Senhor, ou seja, um
comportamento negligente quanto à santificação, quanto à comunhão com o Senhor.
Quem não vigia, quem não permanece atento ao seu relacionamento com o Senhor,
permite que se tenha o surgimento de um sono espiritual, de um estado de torpor
que o faz perder, dia após dia, a comunhão com o Senhor.
- Lembramos aqui, aliás, de uma terrível doença existente na
África, a chamada “doença do sono”, que é provocada por um parasita de apenas
uma célula, o Trypanosoma brucei (espécie próxima do Trypanosomo cruzi, que
causa a doença de Chagas) que, uma vez introduzido no sangue da vítima, começa
a trazer inúmeros problemas de saúde, que, se não tratados a tempo, levarão o
doente à morte. Tudo começa com uma simples picada de uma mosca que é vetor da
transmissão e começa a trazer complicações, notadamente no sangue do doente,
que acabam por levar ao enfraquecimento, motivado pela anemia, à indolência, à
falta de ânimo, daí o nome de “doença do sono”.
- De igual modo, se dermos lugar ao diabo em nossas vidas, se
permitirmos que o pecado se introduza em nossa maneira de viver, acabaremos
fracos, doentes e acabaremos por sucumbir espiritualmente. Por isso, a Bíblia é
claríssima ao dizer que não devemos dar lugar ao maligno (Ef.4:27), bem como
que está o diabo pronto a tragar todos os que se descuidarem (I Pe.5:8).
- Não podemos nos descuidar. Mesmo um instante de sono
espiritual, uma “pescadinha”, como diz o vulgo, é suficiente para trazer grande
prejuízo para o crente, como salienta o Senhor Jesus na parábola do joio e do
trigo, quando mostrou que o joio pôde ser introduzido no campo precisamente
porque os homens dormiram e isto foi o suficiente para que o inimigo semeasse o
joio no campo (Mt.13:25). - Em Ef.5:14, o apóstolo Paulo também está a falar
sobre a conduta que deve ter o salvo em Cristo Jesus na sua vida sobre a face
da Terra e, mais uma vez, diz que o salvo não pode dormir, ou seja, não pode
viver imprudentemente, desperdiçando o tempo com as coisas desta vida e
deixando de observar a vontade do Senhor.
- A vigilância é um modo de vida, uma maneira de viver e,
isto, uma vez mais, tem a ver com a santidade, pois, como diz o apóstolo Pedro,
esta maneira de viver foi o resultado do resgate que tivemos por obra do sangue
de Cristo Jesus, um novo “modus vivendi” que é diferente daquele que recebemos
de nossos pais (I Pe.1:18,19), que é herança da natureza pecaminosa em que
fomos gerados (Sl.51:5).
- Vigiar, em sexto lugar, significa ficar de
sentinela, ficar de guarda, ficar de atalaia. O crente vigilante é um crente
que não só se precavém do mal e das astutas ciladas do diabo, como também
anuncia a todos quantos estão à sua volta do perigo que estão a correr, que dá
notícia da realidade, da verdadeira situação em que o mundo se encontra. Um
cristão sincero e verdadeiro jamais se cala diante do momento delicado e
importante que estamos vivendo, pois é consciente de que o servo de Deus, que é
feito conhecedor do cumprimento das profecias bíblicas e da proximidade da
vinda do Senhor bem assim de que estamos no final da dispensação da graça, não
será tomado por inocente se se calar (cfr. Ez.33:1-11). Por isso, o Senhor tem
levantado, no meio da Sua Igreja, desde o século XIX, homens e mulheres que,
com intrepidez e eloquência, têm sacudido o mundo com a mensagem que ficou um
tanto quanto abafada ao longo da história da Igreja: Jesus breve virá!
- Assim como Enoque e Noé, nos dias imediatamente anteriores
ao dilúvio, devemos também, por andarmos com Deus, sermos justos e retos e
acharmos graça aos olhos do Senhor, não podemos nos calar e devemos anunciar,
com palavras e obras, que o Senhor Jesus está voltando, que os sinais por Ele
anunciados estão se cumprindo e que é tempo de se arrepender dos pecados e
passar a servir ao Senhor, para se livrar da ira futura. - No entanto, é com
tristeza que temos visto desaparecer dos nossos púlpitos a mensagem da volta de
Cristo, apesar de ter sido este um dos pontos da mensagem que era constante e
incansavelmente pregada pelos missionários pioneiros das Assembleias de Deus no
Brasil: “Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e brevemente voltará”.
- Vigiar, em sétimo
lugar, segundo o mesmo Dicionário Houaiss, do latim vigilo, as,ávi,átum,áre
'velar, vigiar, estar alerta, não dormir'. O crente vigilante, portanto, é
aquele que não dorme. Dormir, como vemos na parábola das dez virgens, tem o
significado de ter distraída a atenção para as coisas desta vida, descuidar da
presença de Deus nas nossas vidas. As virgens loucas não tinham azeite em suas
lâmpadas, ou seja, tiveram desviada a sua atenção para as coisas desta vida e
se descuidaram de ter o Espírito Santo em seu interior, o que acontece quando
nós O entristecemos (Ef.4:30). Não dormir é, portanto, não deixar faltar o
azeite, o que acontece quando fazemos a vontade do Senhor, quando seguimos a
Sua direção, quando nos inclinamos para as coisas do espírito (Rm.8:5-9).
- Lembramo-nos aqui da salutar recomendação do pregador: “Em
todo tempo sejam alvas as tuas vestes, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça”
(Ec.9:8). É absolutamente necessário que sempre estejamos a viver em santidade,
mantendo nossas vestes espirituais brancas, bem como que estejamos debaixo da
mão do Senhor, de modo a que o azeite, que é o Espírito Santo, possa nos
envolver totalmente.
- Somente os que mantêm as vestes brancas podem andar com o
Senhor, têm esta dignidade (Ap.3:4) e somente o farão se forem vigilantes. Foi
o que disse Cristo Jesus ao anjo da igreja em Pérgamo (Ap.3:3). - Somente quem
tem o óleo sobre a cabeça é integralmente envolvido pelo Espírito Santo, de
sorte que o óleo desce da cabeça até a orla do vestido e, deste modo, pode ter
comunhão com os irmãos e receber a bênção e a vida para sempre (Sl.133).
- A distração espiritual nada mais é, portanto, que o
envolvimento com as coisas desta vida, o que a Bíblia denomina de “embriaguez”.
A pessoa embriagada perde a noção do que está à sua volta, envolvido que está
pelos efeitos da substância que a deixou naquela situação.
- Por isso, a vigilância é associada, nas Escrituras, à
sobriedade, ou seja, ao estado contrário à embriaguez (I Pe.4:7; 5:8), que o
apóstolo Paulo diz ser o estado em que nos enchemos do Espírito (Ef.5:18). Se
buscarmos o conhecimento das Escrituras e do poder de Deus (Cf. Mt.22:29;
Mc.12:24), teremos a plenitude do Espírito Santo em nossas vidas e não nos
deixaremos envolver pelas coisas deste mundo, não permitindo que a “embriaguez
espiritual” tome conta de nós e nos faça perder a vigilância.
- Não foi, aliás, por outro motivo que o apóstolo Paulo
advertiu os crentes de Corinto para que vigiassem justamente e não pecassem,
porque alguns não tinham ainda conhecimento de Deus (I Co.15:34), ou seja,
estavam a negligenciar a intimidade com o Senhor, o que se faz através de um
acurado estudo e meditação nas Escrituras e de uma vida de oração em que se
busca receber as bênçãos espirituais, tais como o batismo com o Espírito Santo
e os dons espirituais. Esta é a justa vigilância, que, lamentavelmente, tem
faltado na vida de muitos que cristãos se dizem ser.
- Esta busca do conhecimento de Deus é incessante, não tem
limite, já que seu limite seria alcançar a estatura completa de Cristo
(Ef.4:13), alcance que não é só individual mas de todos os crentes. Por isso, o
mesmo apóstolo Paulo diz que devemos, nesta vigilância, esta\r sempre firmes na
fé, portarmo-nos varonilmente e sempre nos fortalecendo, numa atitude que
somente findará quando da glorificação, quando do arrebatamento da Igreja (I
Co.16:13).
- Visto o que é vigiar, é importante observarmos que a
vigilância tem dois aspectos adicionais importantíssimos que não podemos
negligenciar.
- O primeiro deles é
que a vigilância, embora seja uma atitude exigível de cada servo de Deus,
depende da ajuda do Senhor e, por isso mesmo, é resultado da esperança,
como vimos na lição anterior, é a confiança no auxílio divino.
- Para vigiar, o crente necessita da ajuda do Senhor, da
cooperação divina, pois, “se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a
sentinela” (Sl.127:1). Para vigiar, precisamos nos voltar ao Senhor e clamar
pela Sua ajuda, pela Sua orientação. Eis porque os meios de santificação são
absolutamente indispensáveis para que possamos ter uma vida de vigilância. A
vigilância é tarefa nossa, mas devemos sempre lembrar que somos, em tudo,
dependentes do Senhor.
- O segundo deles é
que a vigilância está associada a uma vida de oração, inclusive a oração
intercessória, como vemos em Ef.6:18. A vigilância deve sempre ser acompanhada
da oração, oração que seja perseverante e que, inclusive, envolva a intercessão
em favor dos santos. A vigilância não é individualista, mas também deve ser uma
atitude que leve em conta o próximo, ainda que seja por intermédio da
intercessão.
- O Senhor Jesus, quando do episódio do Getsêmane, deixa-nos
isto bem claro, ao afirmar que, por não terem se mantido em oração, Seus
discípulos mais próximos, em especial Pedro, haviam negligenciado na vigilância
(Mt.26:40; Mc.14:37; Lc.22:46). A oração é indispensável para que mantenhamos
uma vida de vigilância. Como diz o refrão de conhecido hino de autoria de Fanny
Jane Crosby (1820-1915): “Vigiar é ordem santa, vigiar em oração. Breve Cristo
voltará, para os céus nos levará”.
- Pedro, que foi pessoalmente repreendido pelo Senhor Jesus
quanto a esta falta de vigilância no Getsêmane, demonstra ter aprendido esta
lição, pois, em sua primeira epístola, recomenda a todos os crentes que
vigiassem em oração (I Pe.4:7).
II – O QUE SIGNIFICA
NÃO VIGIAR
- Apesar da exortação do próprio Senhor ser no sentido de o
crente ter de vigiar durante todo o tempo, tem sido uma constante, na história
da Igreja, movimentos que têm posto em segundo plano, quando não em último
plano, a promessa da vinda de Jesus. Seja por meio da retirada total do tema do
discurso eclesiástico, seja através de decepções com as falsas profecias de
designação de datas para o tão aguardado retorno, muitos crentes têm
negligenciado e deixado de esperar Jesus. Uma vida cristã sem esta esperança é
uma vida sem alento, sem perspectiva da eternidade, uma vida que passa a ser
perigosamente envolvida com as coisas deste mundo e que tem grande
probabilidade de ser sufocada por estas mesmas coisas, como ocorreu com a
semente que brotou entre os espinhos (Mt.13:22).
- Esta atitude de pouco caso, de negligência, de pouca
atenção à volta do Senhor, entretanto, é exatamente o estado de espírito que
caracterizará o mundo no tempo do arrebatamento, pois assim foi predito nas
Escrituras. Jesus disse que as pessoas estariam despercebidas assim como a
geração do dilúvio e a geração de Sodoma e Gomorra estavam completamente
indiferentes ao tempo da iminente destruição de que foram vítimas (Mt.24:37-39;
Lc.17:28-30).
- A atitude que Jesus
espera de cada crente com relação à Sua vinda não é outra senão a vigilância.
"E as coisas que vos digo digo-as a todos: Vigiai" (Mc.13:37). Estar
vigilante é estar atento, é estar prestando atenção a todos os acontecimentos,
a tudo que ocorrem à sua volta, buscando ver nisto os sinais da proximidade da
vinda de Jesus. Muitos crentes têm entendido a mensagem da vigilância de um
ponto-devista meramente intelectual, ou seja, procurar discernir nos fatos
históricos, nas notícias do dia-a-dia, demonstrações da iminência do retorno de
Cristo. Não censuramos este comportamento. Devemos ler um jornal, uma revista,
ouvir ou assistir a um noticiário com discernimento espiritual, observando em
que cada fato é o cumprimento de uma das profecias bíblicas a respeito da volta
do Senhor. Entretanto, não devemos apenas nos ater a isto, que nos poderá levar
a um intelectualismo estéril e até aos mesmos erros de previsão supramencionados,
mas devemos ter uma atitude de fé e de esperança no nosso caminhar com Cristo.
Quando temos a convicção de que Cristo pode voltar a qualquer momento, que os
sinais de Sua vinda estão se cumprindo a todo instante, passamos a ser muito
mais cuidadosos com nossa vida espiritual, temos um ânimo renovado para
vivermos em santificação e para estarmos preparados para ouvir a última
trombeta. Como as virgens prudentes da parábola, podemos voltar nosso alvo a
cultivarmos a presença do Espírito Santo em nossas vidas e, com azeite
suficiente, podermos até tosquenejar, mas jamais deixar de perder de vista a
promessa do retorno do Senhor.
- Quando Jesus nos fala de negligência, de pessoas que
ficarão indiferentes à iminência da volta de Cristo, não está, como parece, se
referindo aos incrédulos, aos ímpios, àqueles que não O conhecem como Senhor e
Salvador, àqueles que não crêem em Seu nome. Quando verificamos a parábola das
dez virgens, percebemos que as dez estavam num mesmo ambiente físico, tendo
todas elas tomado a deliberação de ir ao encontro do esposo (Mt.25:1).
Trata-se, portanto, de uma figura de crentes, ou seja, pessoas que, uma vez na
vida, creram na Palavra de Deus e passaram a seguir a Cristo. Entretanto, ao
longo da caminhada, algumas destas pessoas passaram a se descuidar, deixaram de
crer, com suas ações, com seu modo de viver, na iminência da volta do esposo.
Quando achamos que Jesus não vem logo, que demorará, tomamos o caminho da
infidelidade (cfr. Mt.24:48-51).
- As virgens chamadas
néscias ou loucas demonstram toda a sua insensatez porque negligenciaram,
porque não mais se abasteceram de azeite, ou seja, passaram a desanimar, a não
mais pôr como prioridade de suas vidas a comunhão com Deus, o reino de Deus e a
sua justiça. Deixaram-se levar pelas coisas desta vida, pelas riquezas, pela
prosperidade material, pela posição social (e aqui está incluída a luta por uma
posição na igreja local, que é também um grupo social), pela fama e o azeite
passou a ser insuficiente para que continuasse a brilhar como luz do mundo. Na
correria pela busca das coisas perecíveis, das coisas passageiras, cansaram-se
e passaram a necessitar de um repouso.
- São estas as
pessoas que não mais se preocupam em refletir a glória de Deus (Mt.5:16; II
Co.3:18), mas que se contentam em brilhar em lugar de Cristo. São estas as
pessoas que se deixaram entorpecer pelo mundo e por toda a sua glória e que
adormecem de forma perigosa para a sua eternidade (I Co.11:30). Estes, quando
perceberem, terão perdido a oportunidade de se salvarem, porque não haverá
tempo para arrependimento, pois a vinda do Senhor será rapidíssima, como um
abrir e fechar de olhos (I Co.15:52), algo que a ciência diz que dura sétimos
décimos de segundo, ou seja, menos de um segundo. Estes são os negligentes, que
se avolumam aos milhares, aos milhões nos nossos dias dentro dos templos
evangélicos. São os crentes figurados em Laodiceia, que perderam a visão
espiritual, que se deixaram levar pelas atrações deste mundo e que serão
vomitados pelo Senhor naquele dia que tanto menosprezaram.
- Neste ponto, aliás, devemos observar algumas ciladas que o adversário tem posto diante dos crentes
para fazê-los negligenciar no aguardo da vinda de Jesus, ciladas estas
surgidas por causa do próprio estudo da doutrina das últimas coisas, a saber:
a) uma sensação de
que haverá uma segunda oportunidade – Muitos têm se deixado iludir com a
mensagem da “segunda oportunidade”. Ao descobrirem que haverá salvação na
Grande Tribulação, passam a imaginar que, se estiverem descuidados no dia da
vinda de Jesus, ao perceberem que Jesus arrebatou a Igreja, logo saberão que,
dentro de sete anos, Jesus voltará triunfante nas nuvens e, assim, se
reconciliarão com o Senhor no exato momento da conscientização, não deixarão
que o sinal da besta lhes seja posto e, assim, alcançarão a salvação.
- Ledo engano satânico este! Esta percepção da vinda de
Jesus e o arrependimento decorrente desta constatação não são obras que possam
ser realizadas única e exclusivamente pelo homem, mas, sim, é resultado da ação
do Espírito Santo na vida do homem e, neste momento da história, terá findado a
dispensação da graça e o Espírito Santo não mais agirá como age atualmente. Não
haverá espaço para esta lembrança e arrependimento. Desta forma, não é tão
automática assim esta suposta reconciliação.
- Como já dizia o profeta Jeremias: “Se te fatigas correndo
com homens que vão a pé, como poderás competir com cavalos? Se tão-somente numa
terra de paz estás confiado, que farás na enchente do Jordão? (Jr.12:5). Se
alguém, com a ação plena da graça de Deus, não conseguiu ser fiel, será que o
será quando as coisas ficarem bem mais difíceis? Parece irrazoável.
- Ademais, o ambiente espiritual estará extremamente mais
hostil que o atual e não cremos que alguém que não conseguiu ser firme com o
Senhor num ambiente de graça, possa tão facilmente aceitar servir a Deus quando
tudo lhe for contrário. Cuidado, não entre nesta armadilha de Satanás! Deixe de
pecar e volte para Jesus agora, enquanto é dia, pois a noite vem, quando ninguém
mais poderá trabalhar.
b) uma sensação de que se podem controlar os
eventos escatológicos – Outros, diante dos sinais apresentados pelas
Escrituras para a volta de Jesus, entendem que, como ainda falta a pregação do
Evangelho a todas as gentes, ainda há espaço para um período de prazeres e de
pecados. É só se manter informado a respeito da evolução da evangelização, dos
fatos relativos a Israel e às nações, para que não seja surpreendido com o
arrebatamento da Igreja.
- Não foi à toa que
muitos, logo após os atentados terroristas nos Estados Unidos em 11 de setembro
de 2001, retornaram rapidamente a suas antigas igrejas locais e resolveram se
reconciliar com o Senhor naquele país. No entanto, temos aqui um outro engano
da parte do adversário. Não há como sabermos quando os sinais do arrebatamento
se cumprirão. Todos serão apanhados de surpresa, como nos ensina o próprio
Jesus, e, quem estiver preparado, subirá. A única forma para termos a garantia
do arrebatamento, é seguir os passos bíblicos para tanto, ou seja, a vigilância
e a conservação da comunhão com o Senhor. Quem age desta maneira comete o mesmo
erro daqueles que designaram datas para o retorno do Senhor.
c) um aprendizado
distorcido da escatologia – Muitos, também, ao se enveredar no estudo da doutrina
das últimas coisas, acabam querendo saber mais do que foi revelado, são
envolvidos pela curiosidade e iniciam uma série de especulações que lhes leva a
uma distorção da doutrina bíblica. Não raramente confundem os ensinamentos
bíblicos com uma profusão de teorias, doutrinas e ensinos esotéricos e
ocultistas, cuja origem é o próprio adversário, criando uma série de
pensamentos e concepções que se infiltram no meio da igreja e cujo único
propósito é fazer o povo desacreditar na mensagem da vinda do Senhor.
- Por ocasião da passagem do ano 2000, não foram poucos os
crentes, em todo o mundo, que viam nisto um prenúncio da volta do Senhor,
chegando mesmo a ensinar que, nas Escrituras, estava escrito que “ao mil
chegarás, mas ao dois mil não passarás”, como se isto existisse na Bíblia,
quando sabemos que se tratava de mais uma das “profecias” de Nostradamus
(1503-1566), um astrólogo e ocultista francês que viveu no século XVI e cujos
escritos, obtidos mediante exercícios de magia negra e de adivinhação, enveredaram
pelo caminho de predições a respeito do fim do mundo e que, inadvertidamente,
têm sido misturados com passagens bíblicas.
- Assim, muitos passam a se guiar por estas falsas profecias
e, diante da não ocorrência dos fatos ali preditos, começam a entender que
Jesus demorará a vir ou que nem mesmo virá. Igual resultado temos visto na
disseminação da corrente midi-tribulacionista no estudo da escatologia, que,
diante da afirmação de que a Igreja passará metade da Grande Tribulação, tem
servido de impulso e incentivo a muitos para negligenciarem na fé, já que,
antes que Jesus venha, surgirá o Anticristo e, enquanto não surgir o homem do
pecado, não há iminência da volta do Senhor. Sabemos que este não é o objetivo
de muitos que defendem esta corrente de pensamento, mas, infelizmente, tem sido
este um efeito de tal ensino. Cuidado, porém, pois não é isto que ensinam as
Escrituras!
- Estamos realmente esperando Jesus? Como podemos dizer que
estamos esperando Jesus se tudo fazemos e planejamos em nossas vidas sem levar
em conta o iminente retorno do Senhor? Como podemos dizer que estamos esperando
Jesus se não procuramos manter uma vida devocional diária, com oração e
meditação na Palavra de Deus ? Como podemos dizer que estamos esperando Jesus
se não sentimos a urgência de evangelizar as pessoas e trazê-las para o caminho
da salvação? Como podemos dizer que estamos esperando Jesus se não pregamos
sobre a Sua volta e, ao em vez disto, preferimos discutir pontos difíceis das
Escrituras ou falar sobre prosperidade material? Como podemos dizer que estamos
esperando Jesus se não buscamos ter uma vida espiritual plena, revestidos de
poder, através do batismo com o Espírito Santo, e sendo usado por Deus com os
dons espirituais? Como podemos dizer que estamos esperando Jesus se não nos
preocupamos em demonstrar o amor de Deus por intermédio de ações concretas,
pois o amor divino não é um amor de palavra, mas de gestos efetivos ? Será,
mesmo, que estamos esperando Jesus devidamente preparados, como as virgens
prudentes?
Fonte:http://www.portalebd.org.br/attachments/article/816/Li%C3%A7%C3%A3o%204%201%C2%BA%20Trimestre%202016.pdf
Colaboração para o Portal Escola Dominical – Ev. Dr. Caramuru Afonso
Francisco
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