1º Trimestre de 2016 – CPAD
O FINAL DE TODAS AS COISAS – esperança e glória para os salvos
Comentários da revista da CPAD: Elinaldo Renovato de Lima
COMENTÁRIO: EV. CARAMURU AFONSO FRANCISCO
LIÇÃO Nº 5 – O ARREBATAMENTO DA IGREJA
O arrebatamento da Igreja é o fato que desencadeará o início dos acontecimentos
previstos nas Escrituras para o fim da história humana.
INTRODUÇÃO
- Vivemos a época da Igreja, a dispensação da graça, o
período em que o amor de Deus se apresenta da forma mais plena e ampla para
toda a humanidade, pois Deus mostrou o Seu mistério, que era o de Se humanizar
e providenciar, Ele mesmo, através da pessoa do Filho, a salvação do ser humano
e a reconciliação entre Deus e a humanidade. Entretanto, este período, em que
todo homem, de qualquer raça, tribo e nação, pode alcançar o favor imerecido de
Deus e obter o perdão de seus pecados, não é indeterminado, findará e, a partir
de então, começarão os fatos que são chamados pelos estudiosos da Bíblia de
“últimas coisas”. O primeiro destes fatos é o arrebatamento da Igreja.
- Nós, os salvos, membros do corpo de Cristo, temos o
arrebatamento da Igreja como sendo o nosso alvo, o nosso objetivo, a nossa
esperança. Como diz o refrão do hino 300 da Harpa Cristã, “nossa esperança é
Sua vinda, o Rei dos reis vem nos buscar. Nós aguardamos Jesus, ainda, ‘té a
luz da manhã raiar.” Que estas palavras do poeta sacro Almeida Sobrinho sejam
uma realidade em nossos corações, pois não há mensagem no Novo Testamento que
se repita com mais intensidade que a de que Jesus breve virá!
I – A IGREJA
PRIMITIVA ESPERAVA A VOLTA DE JESUS
- Como vimos na lição 2, o sermão escatológico de Jesus, o
Seu maior sermão registrado nas Escrituras, responde a uma indagação dos
discípulos a respeito do tempo em que o templo de Jerusalém seria destruído,
como também de quando seria a Sua vinda (cfr. Mt.24:1). Isto nos mostra, de
forma clara, que Jesus, em Seus ensinamentos, sempre deixou claro aos
discípulos que Ele haveria de voltar a esta Terra.
- A noção de que Jesus voltaria a esta Terra por uma segunda
vez, até a revelação proporcionada por Jesus a Seus discípulos, não era algo
tão evidente até então. Nas profecias messiânicas do Antigo Testamento, havia a
promessa da vinda do Messias, que livraria Israel dos seus inimigos bem como
estabeleceria um concerto eterno entre o povo e Deus, com o término dos pecados
e de toda a transgressão, mas nunca se havia cogitado, de uma forma clara, que
o Messias viria duas vezes. A profecia mais próxima a permitir uma ilação desta
natureza é, precisamente, a profecia das setenta semanas, onde se diz que, na
sexagésima nona semana, o Messias seria tirado e não seria mais (Dn.9:26), mas
uma pequena porção que passou despercebida pelos escribas e rabinos israelitas,
o que, aliás, foi explicado pelo apóstolo Paulo, que disse ter havido como que
um véu cobrindo e cegando o entendimento de Israel (cfr. II Co.3:14-16), para
que se abrisse a presente oportunidade para todos os gentios (cfr. Rm.11:25).
- A pergunta dos discípulos, entretanto, mostra que Jesus
lhes revelara, durante o Seu ministério terreno, mais este segredo, ou seja, o
de que o Messias viria, mas seria rejeitado por Israel e formaria um novo povo,
a Igreja (cfr. Ef.3:4-12), abrindo uma oportunidade a todos os seres humanos
para a salvação, num tempo indeterminado em que seria anunciado o Evangelho,
tempo que as Escrituras denominam de “hoje” (cfr. Hb.4:6-11), um “hoje”,
entretanto, que, como todo dia, findará à meia-noite (cfr. Mt.25:6), quando,
então, ocorrer o encontro da Igreja com Jesus, que é, precisamente, o
arrebatamento da Igreja.
- O arrebatamento da
Igreja é, portanto, o fato que porá fim à dispensação da Igreja, a este
tempo que estamos vivendo em que o Espírito Santo atua livremente, através de
todos os homens e mulheres que, independentemente de raça, tribo ou nação, aceitam
a mensagem do Evangelho, creem que Jesus é o Salvador e se submetem ao Seu
senhorio, passando a viver segundo a Sua vontade. Arrependendo-se de seus
pecados e passando a ser novas criaturas, os salvos em Cristo passam a formar a
Igreja e a fazer a vontade de Deus, anunciando, através de sua nova vida e de
palavras, confirmadas com sinais, que Jesus salva, cura, batiza com o Espírito
Santo e leva para o céu. Ao mesmo tempo que pregam o evangelho, os membros da
Igreja, que é o corpo de Cristo, não cessam de dizer, também, que Jesus breve
virá, que há um tempo para aceitarmos o perdão dos pecados oferecido por Deus
através de Jesus Cristo, preparando-se e desejando que Jesus venha para nos
buscar, pois, então, cessará o “dia aceitável do Senhor”, dando-se início ao
“dia da vingança do nosso Deus” (cfr. Is.61:2).
- Pelo que vemos, portanto, Jesus deixou bem claro aos discípulos a respeito da Sua volta, tanto
que é esta a mensagem que mais vezes se repete em o Novo Testamento. A
vinda de Jesus é o fato futuro que é aguardado pela Igreja, tanto que, no seu
instante mais solene, que é a celebração da ceia, ao tomar do pão e do vinho,
símbolos do corpo e do sangue de Jesus, aponta para a vinda do Senhor (cfr. I
Co.11:26).
- Os escritos dos
apóstolos mostram, também, com clareza, que a Igreja esperava ansiosamente a
volta de Jesus, ainda para os seus dias. Paulo discorre sobre o
arrebatamento (como teremos ocasião de ver infra) tanto na sua primeira carta
aos coríntios, no capítulo 15, como em sua carta aos tessalonicenses, no
capítulo 4. João refere-se à vinda do Senhor em suas epístolas, assim como
Tiago, Pedro e Judas. A revelação dada a João na ilha de Patmos, que resultou
no Apocalipse, é como que a coroação da esperança da igreja dos tempos
apostólicos na vinda do Senhor, esperança esta que não deveria cessar em
momento algum da história da Igreja, tanto que a última oração das Escrituras
outra não é senão o de pedido de volta do Senhor: “Ora vem, Senhor Jesus”
(Ap.22:20 “in fine”).
- Estes escritos dos apóstolos, por sua vez, mostram
claramente que os cristãos dos tempos apostólicos tinham uma viva esperança do
imediato retorno de Cristo para buscá-los. O fato de os apóstolos terem escrito
a este respeito revela que se tratava de um assunto presente na mente e nos
corações dos crentes. Já em Jerusalém, o fato de os crentes terem vendido todas
as suas propriedades e de passarem a viver numa comunidade sem maiores
preocupações com a vida secular (cfr. At.4:32-37) é um fator que revela que
esperavam Jesus para aqueles dias e com um ímpeto tal que se descuidaram
completamente da vida secular (e da própria evangelização do mundo), o que, sem
dúvida, havia sido aguçado pelo fato de a mensagem da volta de Cristo ter sido
reforçada pela visão angelical que se seguiu à ascensão do Senhor (At.1:10,11).
- Os crentes de Tessalônica, por sua vez, começaram a se
desesperar ao perceber que alguns crentes estavam falecendo antes da volta de
Cristo, a indicar, portanto, que também esperavam Jesus para os seus dias, o
que levou Paulo, em suas duas cartas àquela igreja, a fazer ponderações,
reavivando seus ensinamentos a respeito do tema, para que não houvesse, ali
também, exageros que levassem ao descrédito da mensagem escatológica,
descrédito este que já foi sentido pelo apóstolo Pedro, como fica claro na sua
segunda epístola, e que, assim como naquele tempo, tem sido uma das principais
armadilhas do inimigo no meio do povo de Deus (II Pe.3:3,4).
II – A IDEIA DA VOLTA
DE CRISTO NA HISTÓRIA DA IGREJA
- Entretanto, até por
conta de alguns exageros, a mensagem escatológica, paulatinamente, foi perdendo
força no meio da Igreja e, com a assimilação do paganismo, deixou, mesmo, de
ser até pregada e ensinada, pois, passou a ser adotada como doutrina
oficial da Igreja Romana, o “amilenismo”, ou seja, a consideração de que não
haveria um reino milenial de Cristo, de que o reino de Cristo é o tempo da Igreja,
de modo que se passou a dizer que a volta de Cristo somente se daria para o
julgamento final, no fim dos tempos, quando viria para julgar os vivos e os
mortos. OBS: Esta ideia foi cristalizada no chamado “Credo dos apóstolos”, que
tudo indica tenha sido formulado em Roma por volta do segundo século. Nele é
dito: “… E [creio] em Jesus Cristo, Seu Filho Unigênito e nosso Senhor, o qual foi
concebido pelo Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria, sofreu sob Pôncio
Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado. Desceu ao inferno. Ao terceiro dia
ressuscitou dentre os mortos. Subiu ao Céu e assenta-Se à mão direita de Deus
Pai, Todo-Poderoso. Dali virá para julgar a vivos e mortos.…” (grifo nosso)
- Assim, a expressão “volta de Cristo”, também chamada de
“advento” ou, ainda, “segundo advento”, passou a representar apenas o retorno
de Jesus para julgar os vivos e os mortos, no final da história da humanidade,
após o “triunfo” da Igreja, que prevaleceria sobre os incrédulos na face da
Terra, evangelizando o mundo todo. Seria, para se usar aqui da expressão de
Agostinho, o teólogo e filósofo que sistematizou a doutrina amilenista, a
vitória da “cidade de Deus” sobre a “cidade do diabo”. OBS: Não era esta,
porém, a ideia seguida pelos cristãos até a cristalização do Credo. Em sua obra
Teologia sistemática, Lewis Chafer faz questão de trazer à baila diversos
estudos de historiadores que evidenciam a crença da Igreja na segunda vinda de
Cristo antes do milênio, num contraste com a opinião adotada pela Igreja
Romana. Entre elas, merece ser transcrito trecho do grande historiador inglês
Edward Gibbon, nada simpático ao Cristianismo, em sua obra clássica Declínio e
queda do Império Romano: ‘…era universalmente crido que o fim do mundo estava
próximo. A abordagem da proximidade desse evento maravilhoso havia sido predita
pelos apóstolos. A tradição dela foi preservada pelos seus discípulos mais
antigos, e aqueles que entenderam o sentido literal deles nos discursos do
próprio Cristo foram obrigados a esperar a segunda vinda gloriosa do Filho do
homem antes que aquela geração fosse totalmente extinta.…’(op.cit., v.1, p.532
apud CHAFER, Lewis. Teologia sistemática, t.II, v.4, p.613).
- Este ponto-de-vista
distorcido das Escrituras foi o prevalecente na história da Igreja até o século
XIX, pois até mesmo os reformadores protestantes (Lutero, Calvino, entre
outros), apesar de já se vislumbrar uma certa preocupação escatológica, não se
debruçaram sobre este tema, centrando seus esforços de interpretação e de
estudo da Bíblia Sagrada sobre outros assuntos, como a doutrina da salvação
Entretanto, nunca foi unânime, pois o Senhor jamais deixa que a Sua Palavra
venha a ser totalmente sufocada, mormente no período em que vivemos, da
dispensação da graça. Vez por outra, ao longo da história da Igreja, havia
avivamentos e, nestes avivamentos, sempre surgia a verdade bíblica concernente
à vinda de Jesus para a Sua Igreja, a esperança e razão de ser da vida cristã.
- No século II, ou seja, no mesmo século em que surgiu o
Credo dos Apóstolos (vide supra), que cristalizou a visão amilenista, a Igreja
foi sacudida pelo chamado “movimento montanista”, assim denominado porque teve
em Montano a sua principal figura. Montano passou a anunciar o retorno iminente
de Cristo, reavivando, assim, a esperança da Igreja. Apesar de certos exageros
do movimento, o fato é que o movimento voltou a trazer a ideia da vinda de
Cristo e de que este seria o evento que desencadearia as últimas coisas. O
movimento, que surgiu por volta de 156, e que chegou a ter entre suas fileiras
a proeminente figura de Tertuliano, um dos principais “pais da Igreja” dos
primeiros séculos, perdurou até o século VI d.C. no Oriente.
- Com a Reforma, voltou-se a crer na segunda vinda de Cristo
como um evento distinto do julgamento final, ou seja, como um acontecimento que
antecederia o Milênio. Lutero, citado por Chafer, afirmou que “…Eu creio que
todos os sinais que devem preceder os últimos dias já têm aparecido. Não
pensemos que a vinda de Cristo está longe; olhemos com as cabeças erguidas;
esperemos a vinda de nosso Redentor com anelo e mente alegre.…” (apud CHAFER.
Lewis. Teologia sistemática, t.II, v.4, p.615), bem como Calvino, “…a Escritura
uniformemente nos ordena a olhar com esperança para o advento de
Cristo…”(Institutas da Religião Cristã, cap.25 apud CHAFER, Lewis, op.cit.,
p.615).
- A ideia da vinda de Cristo foi realçada durante o chamado
movimento petista, mais um avivamento da Igreja, ocorrido no século XVII, que,
inclusive, deu origem ao grande avivamento morávio. Um dos principais nomes
petistas a resgatar a ideia da volta de Cristo, inclusive com admissão do reino
milenar de Cristo, foi o alemão Johann Albrecht Bengel (1687-1752), cujos
comentários do Novo Testamento influenciaram muito John Wesley (1703-1791), que
foi também responsável por outro grande avivamento na Igreja.
- Foi somente a partir do século XIX, porém, que a ideia
bíblica da vinda de Cristo como um evento que antecede o reino milenial e que
se desenvolverá em duas fases distintas ganhou corpo, cremos que até comomais
um sinal da proximidade da volta do Senhor. Lamentavelmente, como afirma
Chafer, “…devido ao lugar central que a Soteriologia [doutrina da salvação,
observação nossa] tem recebido dos reformadores e dos escritos teológicos
subsequentes, é que não foi dada a devida consideração à verdade
profética…”(op.cit., p.595). No entanto, até como uma reação ao chamado
“movimento crítico bíblico”, que começava a influenciar os meios religiosos
europeus, com a sua ideia de que a Bíblia não seria infalível, bem como ao
próprio clima de sensação de fim de mundo surgido na Europa com a Revolução
Francesa e as guerras napoleônicas, alguns teólogos e ministros do Evangelho
passaram a se interessar pelo estudo das Escrituras e, particularmente, das
profecias bíblicas, tendo, então, se sobressaído alguns movimentos e
lideranças, entre os quais os chamados “irmãos de Plymouth”, que teve em John
Nelson Darby (1800-1882), inglês-irlandês, um de seus maiores expoentes e a
quem devemos o início do estudo da volta de Cristo sob a visão das dispensações
e, muito especialmente, o chamado “pré-tribulacionismo”, que é a linha de
pensamento adotada pelas Assembleias de Deus.
OBS: “…Darby acreditava que era essencial que a Igreja
tivesse uma correta esperança. Esta esperança ele entendia que era a segunda
vinda de Cristo. Em Sua vinda, sustentava Darby, Cristo levaria os santos para
a glória com Ele, para que ela se tornasse a noiva, a esposa do Cordeiro. Darby
insiste que ‘ nada é mais proeminente no Novo Testamento do que a segunda vinda
do Senhor Jesus Cristo.’ Ele aponta que é a promessa da volta de Cristo o que
foi primeiramente oferecido para consolar os discípulos que testemunharam a
ascensão do Senhor como se vêm em At.1:11. Conseqüentemente, diz Darby, ‘ não é
de forma alguma estranho que – imediatamente após a conversão ao Deus vivo –
que se passe a esperar pelo Seu Filho que virá da glória para nos livrar da ira
futura’ '…”( CRUTCHFIELD. Larry. John Darby:defensor da fé.
http://www.according2prophecy.org/darby.html Acesso em 13 set.2004) (tradução
nossa). - Não é por acaso que, ao lado de um estudo mais detido sobre este
tema, tenha a Igreja passado a experimentar um novo e vigoroso avivamento, que
desencadeou o surgimento do movimento pentecostal. Entretanto, com preocupação,
vemos que, nos últimos anos, este mesmo vigor na pregação da vinda de Cristo
tem se enfraquecido e cedido seu lugar a outras pregações, em especial a da
“teologia da prosperidade”, de forma que precisamos, mais do que nunca,
estudarmos e meditarmos nesta mensagem, que é a esperança da Igreja, a razão de
ser da nossa vida cristã. “Jesus breve virá” deve ser um tema constante de
nossas mentes e corações.
- Assim, quando
falamos em “volta de Cristo”, segundo os ensinamentos revigorados há pouco
mais de cem anos (mas que já eram ensinados por Cristo e pelos apóstolos, de
forma que não há sentido algum naqueles que procuram desacreditar estes ensinos
com o argumento de sua “modernidade”),
estaremos falando num episódio que tem duas fases bem distintas, a saber:
a) o arrebatamento da
Igreja, bem descrito por Paulo em I Co.15 e I Ts.4, que é o momento em que
se põe fim à dispensação da graça, quando Jesus vem buscar a Sua Igreja, nos
ares, para que ela não passe pela Grande Tribulação.
b) a vinda em glória
ou volta triunfal (em grego, a “parousia”), que é mencionada em passagens
como Zc.12:9,10; Ap.1:7; 19:11-21, entre outras, que é o momento em que Jesus
descerá no monte das Oliveira e impedirá a destruição de Israel, evento que
porá fim à Grande Tribulação e ao reinado do Anticristo, na conhecida “batalha
do Armagedom”.
- Nesta lição, trataremos apenas do “arrebatamento da
Igreja”, deixando a “vinda em glória” ou “volta triunfal” para a lição 9 deste
trimestre.
III – O QUE É O
ARREBATAMENTO DA IGREJA
- Conforme temos visto, graças à misericórdia do Senhor e à
ação do Espírito Santo, foi resgatada a verdade bíblica de que Cristo reinará
literalmente sobre a face da Terra por mil anos, cumprindo-se assim as
profecias messiânicas do Antigo Testamento. Entretanto, para que isto ocorra, é
preciso que Israel se converta, pois ele rejeitou a Jesus, abrindo, assim, a
oportunidade para a salvação dos gentios.
- Deste modo, faz-se preciso que o tempo dos gentios se
complete, ou seja, que termine a dispensação da graça, e, com ela, termine o
tempo do povo criado por Deus na Terra para esta dispensação, que é a Igreja.
Esta Igreja, formada tanto por gentios quanto por judeus (cfr. Ef.2:11-22), tem
uma promessa de Jesus, qual seja, a de que seria retirada da Terra para viver
com o Senhor para sempre (Jo.14:1-3).
- O trabalho da
Igreja, portanto, está limitado no tempo pela vinda do Senhor. Jesus mandou
que a Igreja pregasse o evangelho, mas, quando houver a conclusão desta obra,
“então virá o fim” (Mt.24:14 “in fine”). Estamos no “dia aceitável do Senhor”
(Lc.4:19 “in fine”), que é o tempo da Igreja. - Como já tivemos ocasião de
dizer neste trimestre, a doutrina das últimas coisas tem de ser entendida
dentro da perspectiva de que, para Deus, a Terra possui três povos, ou seja, os
gentios, os judeus e a Igreja (I Co.10:32) e os eventos relativos ao final da
história tem de levar em conta esta diversidade de povos.
- A Igreja está
esperando Jesus (I Co.1:7; Fp.3:20; Tt.2:13; Tg.5:7; II Pe.3:1-13; I
Jo.3:1-3; Jd.21); . Na ceia, anuncia a volta de Cristo; prega o evangelho para
que alcance todas as nações e o fim do seu tempo sobre a face da Terra; faz o
seu trabalho enquanto não se dá o início da última semana da profecia das
setenta semanas de Daniel; aguarda o livramento prometido pelo Senhor da “ira
futura” (I Ts.1:10).
- O arrebatamento da
Igreja é, precisamente, este acontecimento em que Jesus retirará a Sua Igreja
da face da Terra, no exato instante em que estiver para se iniciar a
septuagésima semana de Daniel, quando Deus, então, tratará com os outros
dois povos, Israel e os gentios. Será o “dia da vingança do nosso Deus”
(Is.61:2 “in fine”), o “tempo de angústia”, tanto para os judeus (Dn.12:1),
quanto para as nações (Lc.21:25), pelo qual a Igreja não passará.
- A palavra
“arrebatamento” vem da expressão constante de I Ts.4:17, onde é dito por
Paulo aos tessalonicenses que os crentes serão “arrebatados” e se encontrarão
com o Senhor nos ares. Paulo estava ali falando a crentes a respeito da vinda
do Senhor, ou seja, o seu ensino dizia respeito à vinda de Jesus para a Igreja,
de forma que tudo ao que ele ali se referiu está relacionado com a Igreja, este
novo povo criado na dispensação da graça.
- “Arrebatamento”
significa “retirada repentina, rápida, de improviso”, normalmente com
violência. Tem o mesmo significado que “rapto”, que, aliás, é a palavra
utilizada para a tradução do termo grego de I Ts.4:17 na Vulgata Latina (a
tradução da Bíblia para o latim, a língua dos romanos e que até hoje é a
tradução oficial da Igreja Romana).
- O arrebatamento da Igreja, portanto, é a retirada
repentina, de improviso, dos membros do corpo de Cristo sobre a face da Terra,
antes que se inicie o período mais negro da história da humanidade. Jesus,
então, como diz Paulo, descerá até as nuvens e se encontrará com a Igreja, que
é a reunião dos salvos de todos os tempos, daqueles que creram na pessoa de
Jesus como seu único e suficiente Senhor e Salvador.
OBS: “…O Senhor não teria inaugurado uma Igreja que estava
apenas na fundação. Aqueles discípulos que acompanhavam Jesus, e existiam no
dia de Pentecostes, não chegavam a mil, eram apenas parte do fundamento da
novel Igreja. Muitos outros foram acrescidos depois daquele dia como fundamento
da Igreja Cristã, a exemplo entre eles destacou-se o Apóstolo Paulo. A Igreja
de Jesus Cristo é composta de bilhões vezes bilhões de almas, uma multidão que
homem algum jamais poderá calcular. Com certeza, a Igreja será inaugurada
quando todos os remidos, de todos os tempos, juntamente com os santos que
morreram desde o princípio da geração, e foram evangelizados por Cristo após a
ressurreição, estiverem reunidos em número incalculável, liderados pelo Senhor
Jesus Cristo, que irá adiante da grande multidão e nos apresentará ao Pai,
dizendo: Hebreus 2.13:’…Eis-me aqui, e aos filhos que Deus me deu.’…” (SILVA,
Osmar José da. Reflexões filosóficas de eternidade a eternidade, v.6, p.110).
Este pensamento do pastor Osmar José da Silva, aliás, dá o real significado
para a palavra “igreja”, ou seja, “reunidos para fora” (“ekklesia”). Só no dia
do arrebatamento, a Igreja será realmente reunida em sua totalidade e estará
para sempre fora deste mundo.
II – QUANDO SE DARÁ O
ARREBATAMENTO DA IGREJA
- A realidade do arrebatamento da Igreja, como vemos nas
Escrituras, tem também um aspecto importantíssimo: não há como se definir a data deste arrebatamento. Jesus foi bem
claro ao afirmar que “…porém daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do
céu, nem o Filho, mas unicamente Meu Pai.” (Mt.24:36; Mc.13:32).
- Esta afirmação de Jesus sempre intrigou e deixou perplexos
os estudiosos da Bíblia ao longo da história da Igreja. Como diz sabiamente
R.N. Champlin, “…para alguns comentaristas, essas são algumas das palavras mais
difíceis de entender que Cristo proferiu. A dificuldade não está em sua
interpretação, pois o sentido é perfeitamente claro; o problema está em sua
aceitação…” (O Novo Testamento interpretado, v.1, com Mt.24:36, p.566). Mas é,
precisamente, nestas horas que o estudioso da Bíblia deve demonstrar que, acima
da razão, está a sua fé na inerrância das Escrituras. Jesus disse que ninguém
saberia o dia da Sua volta e devemos nos conformar com esta assertiva, se é que
cremos que Jesus é o caminho, a verdade e a vida (Jo.14:6).
- Muitos, na sua resistência a este texto, chegaram, mesmo,
a deturpá-lo, tanto que alguns manuscritos eliminaram a expressão “nem o Filho”
de Mt.24:26, que, entretanto, é autêntico, até porque são perfeitamente
consonantes com o texto de Mc.13:32, onde não há esta omissão. Segundo estes
resistentes, o texto estaria negando a onisciência de Jesus, pois haveria algo
que Jesus não saberia, ou seja, o dia da Sua volta e, portanto, Jesus não seria
Deus.
- Todavia, não é isto o que o texto diz. O texto afirma que Jesus, enquanto homem, enquanto revelação
de Deus à humanidade, não estava autorizado e, por isso, em Sua humanidade, não
tinha o conhecimento (pois o conhecimento de Jesus enquanto homem tinha como
único objetivo a revelação do Pai aos homens – Jo.15:15), não ouviu do Pai
a data do arrebatamento da Igreja e, portanto, não poderia transmiti-lo aos
homens. Jesus em tudo foi obediente ao Pai (Fp.2:8), despojando-se dos Seus
atributos divinos para fazer a vontade do Pai. Assim, enquanto homem, em
obediência ao Pai, privou-se do conhecimento da data da Sua vinda, sem que
tenha deixado de, enquanto Deus, ter pleno conhecimento dela. Tanto que, ainda
hoje, pois que continua como homem e Deus no céu, também não revela esta data a
quem quer que seja.
- Por que Deus não revelou a data do arrebatamento da Igreja
ao Seu povo? Deus não revelou a data do
arrebatamento da Igreja para o Seu povo, porque não é Deus de confusão (I
Co.14:33). Sendo um Deus que quer que o homem retorne à Sua imagem e
semelhança, e, portanto, seja santo e viva em santidade (I Pe.1:15,16;
Ap.22:11), bem como um Deus que determina aos crentes que perseverem até o fim
para que alcancem a salvação de suas almas (Mt.24:13; I Pe.1:9) e que é este
instante final que determinará a sorte eterna do homem (Ez.18), como poderia
Deus anunciar a que dia viria o Seu Filho para arrebatar a Sua Igreja,
permitindo a salvação de todo e qualquer homem sem que se seguisse a
recomendação de santidade e de comunhão com Deus? Onde estaria a justiça e a
veracidade da Palavra de Deus? Vemos, portanto, que o caráter de Deus impõe esta incerteza da data do arrebatamento da
Igreja.
- Não é por outro motivo, pois, que a dispensação da graça é o “tempo que se chama hoje” (Hb.4:7), pois
o crente deve viver na perspectiva de que Jesus pode vir a qualquer momento, a
qualquer instante. Assim como Deus é um eterno presente, a vida de pureza, de
santidade e de comunhão do cristão com o seu Senhor deve ser um permanente
presente, uma realidade atual a todo tempo, pois Jesus pode vir a qualquer
instante. A vigilância é fundamental para o cristão, é uma atitude
indispensável para que alcancemos o fim de nossa fé, que é a salvação de nossas
almas, que somente ocorrerá no instante do arrebatamento da Igreja, quando
atingiremos a glorificação, de que Paulo fala no capítulo 15 de I Coríntios.
- Não pode haver,
portanto, no coração do cristão, um sentimento diverso desta atualidade
permanente, deste preparo incessante para subir com Jesus. Devemos estar
preparados, com as nossas lâmpadas cheias de azeite, ou seja, em plena comunhão
com Jesus neste momento, agora, para que possamos nos reunir com os santos na
hora do arrebatamento. A Bíblia deixa bem claro que não podemos nos iludir com
as coisas deste mundo e começar a achar que “Jesus está demorando”. Este
pensamento ou sentimento de “demora de Jesus” é um indicador perigosíssimo para
o crente. É uma atitude típica daqueles que estão se desviando dos caminhos do
Senhor, como deixou claro o apóstolo Pedro, que diz que quem assim pensa são
“escarnecedores, que andam segundo suas próprias concupiscências” (I Pe.3:3).
- Pouco importa, para o crente fiel e sincero, que se esteja
esperando Jesus desde o ano 30 de nossa era e que, quase dois mil anos depois,
Jesus ainda não tenha vindo. Isto é irrelevante, pois o crente, como diz o
poeta sacro Justus Henry Nelson(1850-1937), tem plena convicção e diz: ‘…É
fiel, Sua vinda é certa. Quando…Eu não sei. Mas Ele manda estar alerta, do exílio
voltarei.” (parte da terceira estrofe do hino 36 da Harpa Cristã).
- Apesar do texto bíblico clarividente, não foram poucos os
que se aventuraram em marcar a data do arrebatamento da Igreja. Na própria
igreja apostólica, vemos que certas atitudes dos crentes foram resultantes de
cálculos que foram inadvertidamente feitos pelos crentes quanto à vinda de
Jesus. Como Jesus havia dito que não passaria aquela geração sem que o que Ele
havia predito no sermão profético acontecesse (Mt.24:34), certamente houve quem
achasse que, até o ano 40, ou seja, dez anos depois da morte, ressurreição e
ascensão de Cristo, Jesus voltaria, o que explica, plenamente, o comportamento
dos crentes em Jerusalém, como dissemos supra. Entretanto, veio o ano 40 e nada
aconteceu, o que gerou um certo descrédito no meio do povo de Deus.
- Aliás, um dos
grandes problemas destas designações de data da volta de Cristo é,
precisamente, a decepção que vem sobre a Igreja quando a data não se concretiza
(e jamais se concretizará, pelo que vemos nas Escrituras Sagradas). É uma
astuta armadilha do inimigo para fazer arrefecer no meio do povo de Deus a
esperança na vinda do Senhor. Pedro, por isso, foi bem incisivo ao alertar os
crentes para que não dessem ouvidos àqueles que desacreditassem na promessa da
vinda do Senhor, ainda que isto seja decorrência de precipitadas e atrevidas
previsões, previsões estas que jamais terão qualquer respaldo bíblico, pois,
conforme já visto, a Bíblia é clara ao afirmar que ninguém saberá a data do
retorno de Cristo, e isto, frisemos bem, é um efeito do próprio caráter de Deus
e, portanto, se é algo relacionado com o caráter de Deus, não tem como ser
mudado em hipótese alguma.
- A destruição do templo de Jerusalém, certamente, teve um
impacto imenso sobre os crentes, que viram, assim, o cumprimento de parte da
profecia de Jesus, mas, mesmo assim, apesar disto, não se viu o cumprimento da
vinda de Cristo e isto até colaborou para que a visão amilenista acabasse
tomando conta de parcela considerável da Igreja. Com a Reforma, entretanto, o
quadro começou a mudar, mas, já no século XIX, em meio ao avivamento
experimentado, logo surgiu alguém que se arvorou no direito de marcar a data da
volta de Cristo. Surgiu, então, o movimento adventista, liderado por William Miller,
que definiu a volta de Jesus, primeiro para 1847 e, depois, para 1848, gerando
mais uma decepção de grandes proporções, além de ter, de quebra, dado origem a
uma importante seita, atuante até os nossos dias, que é o sabatismo, que foi
construído sobre os escombros desta precipitada designação de data da volta de
Jesus.
- Por trás de outra estapafúrdia designação de data da volta
de Cristo está o surgimento de outra heresia, no século XIX, a saber, as
Testemunhas de Jeová, para quem o milênio se iniciou em 1914, ou seja, a época
de paz da humanidade prometida nas profecias messiânicas do Antigo Testamento
teria começado no ano em que estourou a Primeira Guerra Mundial! - Em 1992,
pudemos ver, também, a designação de mais uma data para a volta de Cristo e,
nesta oportunidade, no Oriente, mais precisamente na Coreia do Sul, um dos
países de maior crescimento da Igreja nos últimos tempos. Ali, um tal de
Bang-Ik-Ká, dizendo que o dia e hora da vinda do Senhor não podiam ser
revelados, mas que o mesmo não se daria com relação ao “período”, fixou que
Jesus voltaria durante a “festa dos tabernáculos” de 1992. Multidões se
reuniram em diversos lugares do mundo e, mais uma vez, nada aconteceu.
“Passarão os céus e a terra, mas as Minhas palavras não hão de passar”, disse
Jesus e, portanto, fiquemos com a Palavra de Deus, que diz que não temos como
saber quando Jesus voltará.
- É certo que sabemos que este dia está muito próximo, pois,
como vimos na lição 2, todos os sinais já se cumpriram ou estão se cumprindo,
não havendo, aliás, como sabermos quando o evangelho será pregado a todas as
gentes. Ora, precisamente porque não temos de detectar em que instante isto
ocorrerá e é este sinal que determina o fim (Mt.24:14 “in fine”), temos mais
uma prova de que o tempo da graça é “hoje” e não podemos, por isso, deixar que
nossos corações sejam endurecidos, mas que estejamos agora, neste momento, em
comunhão com Deus, para que possamos ouvir o clamor da última trombeta.
- Uma outra discussão que surge a respeito do momento do arrebatamento
da Igreja diz respeito a se ele se dará antes, no meio ou depois da Grande
Tribulação. Como vimos na primeira lição, conforme se responda a esta questão,
teremos as três linhas de pensamento existentes entre os chamados “milenistas”,
quais sejam: os pré-tribulacionistas, os midi-tribulacionistas e os
pós-tribulacionistas.
- Nosso entendimento, que é o oficialmente adotado pelas
Assembleias de Deus, é no sentido de que o arrebatamento da Igreja se dará
antes do início da Grande Tribulação. A Bíblia diz-nos que Jesus prometeu
livrar a Igreja da ira futura (I Ts.1:10), guardar da hora da tentação que há
de vir sobre o mundo (Ap.3:10), bem como que o diabo e seus anjos serão
precipitados sobre a face da Terra, quando, então, agirão com grande ira (Ap.12:7-12),
o que somente se explica pelo fato de os ares que hoje são por eles ocupados
terem de dar lugar ao encontro de Jesus com a Sua Igreja. Também é dito que há
um que resiste para que o Anticristo ainda não se manifeste e que não haverá
tal manifestação enquanto este não for tirado (II Ts.2:7) e sabemos que não há
como o Espírito Santo, dentro das obras que Lhe foram confiadas (Jo.14:16-18;
16:13- 15), deixar de atuar livremente sobre este mundo com a Igreja ainda aqui
habitando, pois isto contrariaria a promessa solene de Jesus de não deixar a
Igreja órfã. Ademais, o clamor pela vinda de Jesus é tanto do Espírito quanto
da Igreja (Ap.22:17). Por tudo isto, embora respeitemos os outros
pontos-de-vista, não podemos senão considerar que o arrebatamento da Igreja se dará no momento imediatamente anterior ao
início da Grande Tribulação.
III – COMO SE DARÁ O
ARREBATAMENTO DA IGREJA
- Como vimos, “arrebatamento” é rapto, retirada de surpresa,
retirada rápida, retirada repentina. A Bíblia dá- nos uma característica de que
como se dá um rapto no episódio narrado no livro de Juízes, a respeito do rapto
de mulheres pelos benjaminitas, a fim de impedir que a descendência de Benjamim
se perdesse, depois que haviam sido derrotados pelas demais tribos de Israel (Jz.21:13-25).
Diz o texto sagrado que os benjaminitas ficaram nas vinhas, em atitude de
emboscada e, quando passaram as mulheres, levaram algumas delas, pegando-as
rapidamente, com violência e imediatamente saindo daquele local, levando-as
para as suas casas. De igual modo, será o arrebatamento da Igreja.
- Assim como os benjaminitas estavam nas vinhas em atitude
de emboscada, ou seja, esperando a chegada do momento para arrebatar as
mulheres israelitas, de igual forma, o
Senhor Jesus está pronto, aguardando apenas a ordem do Pai para buscar a Sua
Igreja.
- Ao ser concedida
esta ordem, porém, algo deverá ser feito nas regiões celestiais. Afirmam as
Escrituras que o inimigo e as hostes espirituais da maldade habitam os lugares
celestiais (Ef.6:12), ou seja, por permissão divina, uma certa dimensão
celestial é habitada pelo adversário e por suas miríades angelicais, que vagam
sem local e sem destino por este universo, aguardando a execução da sentença de
suas condenações (Jó 1:7). Para que se faça o encontro de Jesus com o Seu povo
nos ares, ou seja, precisamente nesta região, que se encontra abaixo da glória
divina, será preciso que o diabo e seus anjos sejam dali retirados, o que será
feito pelo arcanjo Miguel, como se vê de Ap.12:7-9. Esta batalha no céu fará com
que o diabo seja precipitado sobre a Terra, ou seja, deixará os ares livres
para o encontro de Jesus com a Sua Igreja. Simultaneamente, como se revela no
livro do Apocalipse, se iniciará uma época terrível sobre os homens que aqui
ficarem, pois o diabo atuará como nunca sobre a face da Terra, irado e sabendo
que tem pouco tempo (Ap.12:12).
- Dada a ordem pelo
Pai, Jesus descerá do céu com alarido, com voz de arcanjo e com a trombeta de
Deus, ou seja, Jesus, uma vez mais, ingressará na nossa dimensão e, assim
como uma nuvem O ocultou, ou seja, impediu que Ele fosse visível a Seus
discípulos (At.1:9), agora voltará a ser visto pela Sua Igreja, igualmente nas
nuvens. É interessante observar que a promessa da volta de Cristo para a Sua
Igreja, feita logo após a Sua ascensão, é que Jesus “…há de vir assim como para
o céu O vistes ir…” (At.1:11 “in fine”). As Escrituras combinam-se em cada
detalhe e nada deixará de ser cumprido. No dia da ascensão, Jesus foi visto
pelos Seus discípulos (eram mais de quinhentos irmãos, diz-nos Paulo em I
Co.15:6) e, num primeiro instante, também só será visto pela Sua Igreja, pois
assim como subiu, irá descer,. Aleluia!
- Estes alarido, voz de arcanjo e trombeta de Deus
mencionados por Paulo (I Ts.4:16) estão de acordo com o que Jesus fala na
parábola das dez virgens, quando diz que, à meia-noite, ouviu-se um clamor, que
dizia: “Aí vem o esposo”. Por isso, alguns estudiosos das Escrituras, entre os
quais se inclui o saudoso pastor Severino Pedro da Silva, entendem que, no dia
do arrebatamento, os crentes fiéis serão, sim, avisados do evento, pois os
textos bíblicos falam a respeito de um clamor, de um aviso, de um chamado no
instante do arrebatamento. Jesus, mesmo, afirmou que as Suas ovelhas conhecem a
Sua voz (Jo.10:4). A presença do arcanjo, neste instante, como vimos,
justifica-se pelo fato de ter ele liderado a batalha contra o diabo e os seus
anjos, para a limpeza dos ares, a fim de que se tenha o encontro entre Jesus e
a Sua Igreja. Seria, assim, também um brado de vitória do arcanjo.
- De qualquer modo, o texto fala-nos, claramente, que Jesus, como um verdadeiro comandante e
líder, estará convocando o Seu povo para uma reunião, sendo este o sentido
do alarido, da voz de arcanjo e da trombeta de Deus. Lembremo-nos de que Moisés,
para reunir o povo, tocava trombetas especialmente fabricadas para esta
finalidade (Nm.10:1-10) e, agora, Jesus, a cabeça da Igreja, irá convocar,
reunir todo o Seu povo. Esta descrição do arrebatamento, portanto, permite-nos
ver, claramente, que se trata de um evento peculiar à Igreja, pois se trata de
chamar ao encontro do líder o povo, uma atração até os ares, quando Jesus se
faz acompanhar apenas do arcanjo (provavelmente Miguel, o único na Bíblia a ser
assim denominado).
- Muitos intérpretes discutem a respeito de eventual
distinção entre o alarido, a voz de arcanjo e a trombeta de Deus. Entendem
alguns que tudo é uma figura da ideia da convocação de toda a Igreja, de todos
os santos. Outros já acham que o alarido, ou seja, o grito, seria um chamado
aos mortos para a sua ressurreição (reportando-se aqui ao episódio da
ressurreição de Lázaro, em que Jesus clamou com grande voz – Jo.11:43); a voz
de arcanjo se referiria ao chamado dos crentes vivos, aqueles que estiverem
vigilantes, aguardando o Senhor com as lâmpadas cheias de azeite; enquanto que
a trombeta de Deus representaria a ordem de reunião dos vivos e dos mortos na
presença do Senhor nos ares.
- Com relação à trombeta de Deus aqui mencionada, não
podemos confundi-la com nenhuma das trombetas mencionadas no livro do
Apocalipse. Aqui se está falando da “trombeta de Deus”, que tem a função de
convocar a Igreja, para encontrar-se com Jesus nos ares. As sete trombetas que
se encontram no livro do Apocalipse fazem parte do sétimo selo (Ap.8:1,2) do livro
que fora aberto pelo Cordeiro (Ap.5:5), ou seja, são episódios e acontecimentos
que se dão “depois destas coisas” (Ap.4:1), ou seja, depois dos episódios
profetizados por Jesus para a Igreja nas cartas das igrejas da Ásia, em
especial, a carta dada a igreja em Filadélfia, onde Jesus prometeu “guardar da
hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam
na terra” (Ap.3:10b). Portanto, as sete trombetas dizem respeito aos juízos de
Deus sobre Israel e os gentios na Grande Tribulação, nada tendo que ver com a
trombeta de que estamos agora a tratar, que é a última trombeta da dispensação
da graça.
- Feita a convocação,
ocorrerá a ressurreição dos crentes que morreram no Senhor, daqueles que estão
dormindo no Senhor (I Ts.4:13). É importante observar que a Bíblia nunca
diz que o crente morre, mas, sim, que dorme no Senhor. Este “dormir no Senhor”,
ademais, não tem o significado de que o crente fiel que já morreu esteja
inconsciente, não tenha noção do que está se passando, como defendem, entre
outros, os adventistas. Jesus deixou claro, no episódio do rico e Lázaro
(Lc.16:19-31), que os fiéis, ao morrerem, têm a separação do homem interior
(alma e espírito) e do homem exterior (corpo). Entretanto, permanecem
conscientes e estão aguardando a ressurreição no seio de Abraão, ou seja, no
Paraíso, como Jesus disse ao ladrão da cruz (Lc.23:43).
- Nesta ressurreição, os crentes que estavam mortos, terão a
reunião do seu homem interior (alma e espírito) com o seu homem exterior
(corpo). Só que este novo corpo não será o mesmo corpo que tinham antes de sua
morte física, mas, a exemplo do que ocorreu com o Senhor Jesus na Sua
ressurreição, receberão um corpo glorificado, um corpo espiritual, um corpo
celestial. Paulo bem explica isto em I Co.15:40-50. Completarse-á, então, o
processo da salvação e os fiéis atingirão a glorificação, que é o estágio final
da salvação. Dotados de um corpo glorificado, a exemplo do seu Salvador,
poderão, assim como Ele o fez, adentrar nas mansões celestiais.
- Todos os que morreram em Cristo, ou seja, aqueles que
creram em Jesus como seu Senhor e Salvador e que já estiverem mortos no dia do
arrebatamento da Igreja, ao ouvirem o alarido, ressuscitarão e, novamente,
serão corpo, alma e espírito, mas, como vimos, terão um corpo glorificado, um
corpo que não estará mais submetido às leis físicas, um corpo igual ao de Jesus
após a Sua ressurreição. Por isso, poderão encontrar com Jesus nos ares, pois a
lei da gravidade não poderá mais ter qualquer efeito sobre seus corpos, como
também poderão, doravante, participar da dimensão da eternidade. E, assim como
Cristo Se tornou invisível aos homens, os crentes, apesar de serem milhões de
milhões, milhares de milhares, não serão vistos nem notados pelos demais seres
humanos.
- Discute-se, aqui, se ressuscitarão apenas os que morreram
na dispensação da graça ou todos aqueles que creram em Jesus, em todas as
épocas, ou seja, aqueles que “todos estes, [que] tendo testemunho pela fé, não
alcançaram a promessa; provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para
que eles sem nós não fossem aperfeiçoados” (Hb.11:40). A questão é polêmica,
mas o texto que mencionamos, no nosso modesto entendimento, permite-nos
observar que todos os fiéis a Deus, de todas as épocas, estão envolvidos no
arrebatamento, até porque consideramos que a ida de Jesus ao Hades foi com o
objetivo de dar testemunho da salvação a todos os mortos e, assim, fazer os
fiéis conscientes de em que haviam crido. Mas é questão polêmica, que comporta
várias interpretações, sendo um assunto nitidamente secundário e no qual, como
já ensinava Agostinho, deve haver liberdade.
- Completada a ressurreição dos crentes
mortos, segue-se a transformação dos crentes que estiverem vivos no dia do
arrebatamento da Igreja. Paulo diz que, de modo algum, os crentes vivos
precederão aos que já haviam morrido (I Ts.4:15; I Co.15:52). Assim que todos
os mortos ressuscitarem, os crentes que estiverem vivos serão transformados, ou
seja, os seus corpos físicos, corruptíveis, de carne e osso, serão revestidos
da incorruptibilidade, o corpo material será absorvido por um corpo glorioso,
um corpo espiritual, um corpo celestial que substituirá o corpo anterior e,
assim, os crentes vivos serão, igualmente, glorificados e postos em condição de
se encontrarem com Jesus e com os crentes ressuscitados nos ares. Este processo
de transformação é descrito por Paulo em I Co.15:51-54. Não é de admirar que
isto ocorra. Não bastasse o fato de estar narrado na Bíblia e de nosso Senhor
ser onipotente, a própria ciência, desde a teoria da relatividade, tem afirmado
que a matéria pode ser transformada em energia, quando estiver na velocidade da
luz, tendo havido, também, um exemplo de absorção da matéria pelo corpo
glorificado, no episódio do alimento consumido por Jesus quando jantou com os
discípulos em Jo.21:13-15.
- Operada a
transformação dos crentes vivos, todos os crentes se encontrarão com Jesus nos
ares, ou seja, na região celestial que antes fora ocupada pelo adversário e
seus anjos, num encontro maravilhoso, onde haverá a reunião da Igreja, onde a
Igreja se tornará, efetivamente, o conjunto dos “reunidos para fora do mundo”
(“ekklesia”). Esta reunião é o resultado da colheita de almas feita durante a
história da humanidade, a ceifa produzida pelo amor de Deus (Jo.4:34-38), o que
nos faz lembrar da “festa das trombetas”
(Nm;29:1), o Ano Novo Judaico (Rosh Hashanah), celebrada no início do sétimo
mês (setembro/outubro em nosso calendário), a primeira de um ciclo de festas
que ocorria neste mês, que, consoante os rabinos judeus, é também chamado de
“Iom Há-Zikaron”, ou seja, “Dia da Recordação”, quando “…Deus Se recorda ‘das
ações e do destino de cada homem, de suas obras e seus caminhos, seus
pensamentos e planos, suas fantasias e sucessos’… (AUSUBEL, Nathan. Rosh
Hashanah. In: A JUDAICA, v.6, p.732), a indicar, portanto, o início do juízo
divino. Era um dia de jubilação, ou seja, um dia de alegria, porque o povo de
Deus tinha de lembrar da misericórdia divina e de que, por ela, escaparia ao
juízo divino.
- “…O dia 1 de Tishrei inicia a Festa das Trombetas ou Yom
Teruah (O Dia do Estrondoso Despertar) ou ainda o Rosh Ha’Shanah (Cabeça do
Ano, o dia do Som do Shofar). Essa é a única Festa que começa com a Lua Nova. O
Shofar [isto é, a trombeta – observação nossa] tinha suma importância na
celebração do Ano do Jubileu. Como todos os meses do calendário, o primeiro dia
de Tishrei começa com o brilho de uma lua nova. Os vigias no oriente de Israel
ficavam observando até que surgisse o primeiro raio ou sinal da lua nova e esse
sinal era transmitido rapidamente de vigia em vigia até chegar no Templo. O
sacerdote ficava em pé no parapeito a sudeste do Templo e soava o Shofar para
que fosse ouvido em todo vale ao redor. Assim que o sacerdote soava o Shofar,
os tementes a Deus, verdadeiros servos, interrompiam imediatamente a colheita,
mesmo que ficasse ainda mais para ser colhido, deixavam tudo lá mesmo, no
campo. Era época de trigo e eles paravam tudo e se dirigiam para o Templo, para
adoração do dia de ano novo, a Festa das Trombetas. Jesus usou essa ilustração
para descrever a sua Segunda Vinda. Paulo associa claramente o “soar das
trombetas” com a Segunda Vinda de Cristo sobre as nuvens (1 Tessalonicenses
4.16-17 e 1 Coríntios 15.51- 52). Isaías associou o uso do Shofar com a vinda
do Messias (Isaías 51.9 e 60.1). Paulo associou o despertamento estrondoso com
o Shofar e com o arrependimento dos pecados e citou Isaías 60.1 em Efésios
5.14-17. O Rosh Ha’Shanah é também chamado de Yom Ha’Din, o Dia do Juízo, uma
época em que as cortes celestiais se reúnem e fazem uma análise completa da
vida de cada pessoa. Os 30 dias de Elul, antes do primeiro dia de Tishrei é,
então, tempo de se voltar para Deus e os 10 dias que precedem ao Yom Kippur
(Dia do Temor, Expiação), são chamados de Dias de Temor ou “Os Dias Terríveis”.
Exatamente como o Judeu faz anualmente, vemos que precede o encerramento do
Rosh Ha’Shanah e que inaugura o “Dia do Senhor” (Sofonias 2.1-3). .…” (VIEIRA,
Dionei Cleber. Escatologia – As festas judaicas e seus significados. Disponível
em: http://dcvcorp.com.br/?p=230 Acesso em 16 nov. 2015). OBS: Os 30 dias antes
do Rosh Hashanah, ou seja, os 30 dias do mês do mês de Elul, o sexto mês, são
uma figura do tempo da Igreja e do comportamento que devem ter os crentes, pois,
como diz Nathan Ausubel: “…Cada pessoa, diziam eles (os Sábios Rabínicos da Era
PósDestruição do Segundo Templo, observação nossa), para poder alcançar aquele
estado de elevação em Rosch Hashanah, tinha que se preparar, primeiro, por meio
de orações constantes, de introspecção, e — ainda mais — pela prática diária
entre seus semelhantes de atos de benevolência (em hebraico: guemilut
chasadim). Em consequência, durante todo o mês de Elul, que precede a Rosh
Hashanah, o homem devoto deveria ocupar-se da contabilidade de sua alma. Tinha
que se examinar destemidamente, perscrutar todas as suas ações com isenção
escrupulosa, e verifica-las, item por item, em confronto com os 613 mandamentos
das Escrituras (mitzvot) para descobrir onde havia falhado, ou que leis morais
havia violado. Era costume (e ainda é até cento ponto) entre os devotos, nesses
trinta dias preliminares de autopurgação, meditar e manter grave silêncio,
estudar a Torah e pronunciar orações de penitência, entoar hinos do saltério
hebraico e suplicar sem cessar o perdão de Deus.…” (op.cit., pp.733-4).
- É por isso que não
se pode admitir a “teoria do arrebatamento parcial” defendida por alguns
estudiosos, que dizem que somente os crentes que “amarem a vinda do Senhor” e
que estiverem “vigilantes” serão arrebatados e os demais ficarão para a Grande
Tribulação. Não há sentido algum nesta teoria, pois o corpo de Cristo é uno
(Rm.12:5; I Co.10:17; I Co.12:12; Ef.4:4), não admite ser dilacerado, ser
separado. A propósito, como prova desta unidade, em verdadeira figura, o corpo
físico de Jesus Cristo não foi quebrado quando da Sua morte (Jo.19:33-36),
como, aliás, já havia sido predito (Sl.22:17).
- O texto bíblico é claríssimo ao dizer que todos os
crentes, sem qualquer exceção, serão arrebatados e se reunirão com o Senhor nos
ares( I Ts.4:16,17). Os que não estiverem vigiando, os que não amarem a vinda
do Senhor não serão arrebatados, porque não serão verdadeiros e genuínos servos
de Deus, não fazem parte da Igreja, sendo, apenas, “falsos irmãos” (II Co.11:26;
Gl.2:4), pessoas ou que nunca creram verdadeiramente no Senhor, verdadeiro joio
no meio do trigo, ou que, apesar de terem crido, negaram o Senhor que os
resgatara, apostatando da fé (II Pe.2:1-3; I Tm.4:1; II Tm.4:3,4).
- É oportuno aqui observar que este processo de ressurreição, de transformação e de reunião dos
crentes será efetuado pelo Espírito Santo, que levará a Igreja ao encontro
do Senhor Jesus nos ares, entregandoLhe a Noiva, como o pai da noiva ou o
padrinho, na falta do pai, costumam fazer nas cerimônias de casamento que
estamos acostumados a assistir. É obra do Espírito Santo o mover, o movimentar
(Gn.1:2) e o ressuscitar e transformar (Rm.8:11). Após a reunião e a realização
tanto do Tribunal de Cristo e das Bodas do Cordeiro, o Filho, então, entregará
a Igreja ao Pai (I Co.15:28; Hb.2:13).
- Todos estes eventos
ocorrerão em tempo ínfimo, pois a Bíblia diz que isto se dará “num abrir e
fechar de olhos” (I Co.15:52a), expressão que, no grego, é “atomo”, ou seja,
unidade que não pode ser dividida. Todos estes episódios se darão num intervalo
de tempo mínimo, dentro da dimensão humana, de forma repentina, imediata, como
convém ocorrer num rapto. Aliás, podemos fazer um paralelo da exiguidade de
tempo com os chamados “sequestros-relâmpago” que tanto têm trazido desassossego
e intranquilidade aos moradores das cidades brasileiras. Se homens perversos,
limitados e, no mais das vezes, sob tensão, somem com pessoas repentinamente,
para fazer-lhes mal, que podemos dizer do Senhor dos senhores e Rei dos reis,
quando tiver o propósito de libertar o Seu povo da fúria do inimigo e da
provação divina que se abaterá sobre a Terra?
- Jesus disse que o Filho do homem virá como o relâmpago
(Mt.24:27) e, como hoje sabemos, pela física, a maior velocidade que existe é a
velocidade da luz, na qual a própria matéria se transforma em energia. Na
velocidade da luz, como demonstrou Einstein, o tempo simplesmente não passa,
não existe. Por isso, a Bíblia afirma que o arrebatamento da Igreja se fará
“num abrir e fechar de olhos”, num instante que não será sequer notado ou
percebido pelos homens. Por isso, não há como fugirmos desta realidade: o
arrebatamento será instantâneo e não haverá tempo para reconciliações nem para
acertos de contas com Deus. Ou estejamos preparados a todo instante, sem
qualquer pestanejar, ou estaremos praticamente condenados a sofrer as agruras
da Grande Tribulação! Ora vem, Senhor Jesus!
Colaboração para o Portal Escola Dominical –
Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco
fonte:http://www.portalebd.org.br/index.php/adultos/14-adultos-liccoes/841-licao-5-o-arrebatamento-da-igreja-i
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