AUXÍLIO AO ALUNO
EBD
PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2016
ADULTOS - O FINAL DE TODAS AS COISAS - Esperança e glória para os salvos
COMENTARISTA: ELINALDO RENOVATO DE LIMA
COMENTÁRIO: EV. CARAMURU AFONSO FRANCISCO
INTRODUÇÃO AO TRIMESTRE
Estamos dando início
a mais um ano letivo da Escola Bíblica Dominical, agradecendo ao Senhor por ter
mantido, em nosso país, a liberdade de culto e de crença e, assim, podermos
estudar, sem restrições, a Sua Palavra.
Neste primeiro trimestre, teremos um “trimestre temático”, ou seja,
estudaremos um tema nas Escrituras Sagradas, mais precisamente a Escatologia,
que é a doutrina das últimas coisas.
Se terminamos o ano
de 2015 estudando o começo de todas as coisas, haveremos de, no início de 2016,
estudar o final de todas as coisas.
O estudo da escatologia é extremamente importante para o nosso
crescimento espiritual, pois demonstra que a Bíblia Sagrada é a Palavra de
Deus, porquanto o estudo da Escatologia mostra que Deus está no pleno controle
de todas as coisas e que, por isso, podemos n’Ele confiar plenamente.
Quando os crentes ficaram perplexos, olhando para o céu,
após a ocultação da figura física de Jesus, de imediato o Senhor mandou dois
anjos para lembrar àqueles discípulos que aquele Jesus, que havia acabado de
retornar aos céus, haveria de voltar da mesma forma que havia subido para a
glória (At.1:11).
Esta prontidão divina
em fazer os discípulos relembrarem as promessas de Jesus a respeito da Sua
volta revela-nos quão importante é o estudo das profecias bíblicas ainda não
cumpridas, daquilo que brevemente há de acontecer, para a vida espiritual de
cada cristão.
Com o impacto daquelas palavras, os discípulos encontraram
disposição para saírem do monte das Oliveira e iniciar um período de oração de
dez dias no cenáculo, dando início, assim, ao trabalho evangelístico que
perdura até hoje, quase dois mil anos depois, um trabalho feito sob a
perspectiva da volta de Cristo.
Como diz conhecido
hino da Harpa Cristã, “nossa esperança é Sua vinda”. Sem a perspectiva da volta
de Cristo, não há esperança para o crente, não há sentido em nossa vida
espiritual, a nossa adoração a Deus perde a razão de ser.
Não é, pois, por
outro motivo, que o nosso adversário tem procurado, de todas as formas, retirar
dos púlpitos as mensagens em torno destes assuntos, como também levantado um
sem número de seitas e heresias cujo intento é, de modo prioritário, alterar e
distorcer a verdade a respeito da doutrina das últimas coisas, visando, assim,
estabelecer um ambiente de confusão e de desesperança entre os crentes.
Este trimestre
assume, assim, uma grande relevância para a Igreja, sendo uma rara oportunidade
para reavivarmos entre os crentes o interesse pelas coisas que brevemente hão
de acontecer, impedirmos que se apague a chama da esperança da volta de Cristo
e, com isso, impulsionarmos os crentes a realizarem a obra deste tempo do fim e
se prepararem para encontrar com o seu Senhor nos ares.
O trimestre pode ser
dividido em quatro blocos. O primeiro, uma introdução ao tema, com o estudo
dos aspectos gerais da doutrina das últimas coisas, que abrange a lição 1.
O segundo bloco diz respeito aos eventos escatológicos
concernentes à dispensação da graça e à Igreja, abrangendo os fatos que estão
profetizados ainda durante a presença da Igreja na Terra e os eventos que
ocorrerão com a Igreja após o arrebatamento, Este bloco contém as lições 2 a 7,
onde estudaremos os sinais da volta de Cristo, a necessidade da esperança do
retorno de Cristo e da vigilância por parte dos salvos, o arrebatamento, as
bodas do Cordeiro e o Tribunal de Cristo.
O terceiro bloco diz respeito aos eventos escatológicos que
não dizem respeito à Igreja mas que envolvem tanto judeus quanto gentios,
abarcando as lições 8 a 11, quando estudaremos a respeito da Grande Tribulação,
da vinda de Jesus em glória, do Milênio e do juízo final.
Por fim, no quarto bloco, que abrange as lições 12 e 13,
estudaremos sobre a consumação de todas as coisas, falando dos novos céus e da
nova terra e do destino final dos mortos.
A capa deste
trimestre apresenta-nos um relógio, que está se aproximando da hora cheia,
a nos lembrar o que nos fala o apóstolo João em sua primeira epístola, em I
Jo.2:18, quando o “apóstolo do amor” nos alerta que já estamos na última hora,
ou seja, que a volta de Cristo é iminente, que todos os salvos precisam estar
preparados, pois os sinais apontados pelo Senhor Jesus estão se cumprindo, a
nos mostrar que, muito breve, o Senhor virá buscar a Sua Igreja desencadeando
os últimos eventos preditos nas Escrituras Sagradas.
Ao mesmo tempo, esta
ilustração faz-nos lembrar da advertência feita pelo apóstolo Pedro, em sua
segunda epístola, em II Pe.3:3,4, quando o apóstolo nos predisse que a
descrença na volta de Cristo e no cumprimento das profecias a respeito dos últimos
dias é obra de escarnecedores, de pessoas que vivem no pecado e, como agentes
do diabo, querem nos fazer crer que Cristo não mais virá e que, portanto,
podemos viver em dissoluções e em desobediência ao Senhor.
O comentarista desta lição é o pastor Elinaldo Renovato de
Lima, presidente das Assembleia de Deus em Parnamirim/RN.
Que o estudo da doutrina das últimas coisas possa nos fazer
aumentar a nossa esperança na volta de Cristo e nos levar a uma santificação
ainda mais intensa, pois somente aqueles que vigiarem e se mantiverem fiéis ao
Senhor poderá ver a face gloriosa do Senhor nas nuvens no dia do arrebatamento.
B) LIÇÃO Nº 1 –
ESCATOLOGIA, O ESTUDO DAS ÚLTIMAS COISAS
A promessa da volta de Cristo e as profecias escatológicas
são a razão de ser da esperança da igreja.
INTRODUÇÃO
- Estudaremos nesta lição a doutrina das últimas coisas, a
Escatologia, que são os ensinos bíblicos a respeito dos “últimos dias”,
entendidos estes como o tempo que se passa a partir da vitória de Cristo sobre
a morte e o pecado.
- A promessa da volta de Cristo e o fim do atual período da
dispensação da graça é a profecia mais repetida em o Novo Testamento e, por
isso, não deve nos surpreender o fato de que se trata de uma das doutrinas
contra as quais o adversário tem lutado duramente, buscando, assim, iludir os
incautos e roubar-lhes a esperança da glória futura.
I – A DOUTRINA DAS ÚLTIMAS COISAS: ESCATOLOGIA
– Uma das doutrinas bíblicas diz respeito ao ensino do que
Deus nos revelou a respeito das profecias relacionadas com o término da
dispensação da Igreja e os fatos subsequentes até o final da história humana,
ou seja, a chamada “doutrina das últimas coisas”, isto é, o ensino a respeito
dos últimos fatos que acontecerão na história da humanidade, doutrina esta que
recebeu o nome grego de “Escatologia”, palavra que significa literalmente
“estudo das últimas coisas”, pois vem do grego “escata”, que significa, as
últimas coisas, e “logos”, estudo.
- Antes de dar início ao estudo da doutrina das últimas
coisas, devemos entender, primeiramente, porque e para que Deus quis deixar
revelado ao homem o que iria acontecer, que é, precisamente, o objeto desta
doutrina bíblica. Ao mostrar as coisas que ainda iriam ocorrer, Deus quis não
saciar uma natural curiosidade do homem a respeito do futuro, que poderíamos,
inclusive, dizer que se trata de uma nota da própria natureza humana, mas,
sobretudo, mostrar, com isso, pelo menos três coisas, a saber:
a) Deus é soberano e, portanto, O Senhor de todas as coisas,
inclusive da história, a ponto de poder dizer, com antecedência, o que irá
acontecer.
b) O homem que decide servir a Deus não precisa ficar
atônito com relação ao futuro, pois sabe o que irá acontecer, porque certas
coisas têm acontecido, diante da revelação divina.
c) O homem que decide servir a Deus, por saber o que, porque
e para que as coisas à sua volta estão acontecendo, tem renovada a sua fé,
aumentada a sua esperança bem como o seu ânimo em servir ao Senhor enquanto
aqui viver.
- Devemos, portanto, ao estudar a doutrina das últimas
coisas, não nos deixar levar pela curiosidade pura e simples, nem enxergá-la
como um exercício de futurismo ou de adivinhação, mas, sobretudo, como um
eficaz e necessário instrumento para que venhamos a servir a Deus com mais fé,
esperança e disposição.
- A Escatologia é,
portanto, o estudo das coisas que foram reveladas por Deus e que se encontram
na Sua Palavra a respeito daquilo que ocorrerá no final dos tempos, no
final da história humana. Daí porque muitos relacionarem os estudos
escatológicos ao “fim do mundo”, expressão que não é errada, mas que é uma
simplificação muito grande que pode levar a erros. Os crentes sabem que este
mundo em que nós vivemos irá ser substituído por um novo céu e uma nova terra e
que, portanto, terá um fim, mas o crente não pode se iludir com discursos que
surgem a respeito do “fim do mundo”, como se isto fosse acontecer de forma
repentina, através de uma catástrofe, como se dizia no tempo da chamada “guerra
fria” (período entre 1947 a 1989, quando Estados Unidos e União Soviética se
enfrentaram, sem uma guerra direta, pelo controle do planeta). Os cristãos
devem aprender, pela revelação constante na Bíblia Sagrada, o que ocorrerá
antes deste final dos tempos e, no cumprimento das profecias, ter ainda mais
alicerçada a sua fé no Senhor.
- Parte considerável
das Escrituras Sagradas é formada de textos proféticos, mensagens de Deus
aos homens em que, não poucas vezes, o Senhor mostra todo o Seu controle sobre
a história da humanidade, revelando, com antecedência de séculos e milênios,
fatos que ainda iriam acontecer. O Senhor mostra, assim, que para Ele o tempo
simplesmente não existe, tudo é um eterno presente e que, por isso, é
necessário que n’Ele confiemos e Lhe obedeçamos, pois só assim teremos condição
de participar da eternidade na Sua companhia, pois nada Lhe foge ao controle.
- Alguns estudiosos da Bíblia, inclusive, dizem que a
Escatologia não abrange apenas os fatos históricos que ainda estão por
acontecer, dentro de nossa atual dispensação, mas abrange toda a atividade
profética constante das Escrituras, pois, as profecias a respeito da primeira
vinda de Jesus, por exemplo, são tão escatológicas quanto as profecias que se
referem à Sua segunda vinda, uma vez que, nos dois casos, o fato de Jesus já
ter vindo a este mundo uma vez não altera a circunstância de que Deus fez as
revelações antes que os fatos tenham acontecido, sendo, pois, uma ação divina
de igual natureza tanto num caso quanto noutro.
- Embora até concordemos com este ponto-de-vista, temos que
o objeto do estudo desta lição diz respeito aos fatos que ocorrerão a partir do
instante em que a Igreja se constitui no povo de Deus aqui na Terra, este
período de tempo na história humana em que Cristo concluiu a Sua obra de
reconciliação entre Deus e o homem e esta boa nova é anunciada a todas as
nações, com a plena e livre ação do Espírito Santo sobre a humanidade, pronta a
convencê-la dos seus pecados e a fazer prosperar a pregação do Evangelho, que é
levada a efeito pela Igreja.
- Dentro desta perspectiva, vemos que a doutrina das últimas coisas tem como profecia-chave, como elemento de
base, a revelação feita por Deus, através do anjo Gabriel, ao profeta e grande
estadista Daniel, conhecida como a “profecia das setenta semanas”, que se
encontra em Dn.9:24-27. É a partir desta revelação que se deve estruturar todo
o estudo das últimas coisas.
- O profeta Daniel, como sabemos, estava cativo desde a sua
adolescência na corte babilônica. Fiel a Deus, prosperou naquela corte,
chegando, mesmo, a atingir o ápice da carreira administrativa, tendo sido o
único homem que, em toda a história da humanidade, serviu a três civilizações
proeminentes distintas (Babilônia Média e Pérsia). Apesar de toda esta
proeminência, Daniel jamais se esqueceu de sua condição de judeu, de integrante
do povo escolhido por Deus e, até por causa da sua visão de estadista (o
estadista é aquela pessoa que, dentro de suas habilidades políticas, enxerga as
próximas gerações e não apenas a próxima eleição, como costuma ocorrer com os
políticos em geral), ao perceber que se completavam os setenta anos
profetizados por Jeremias para a duração do cativeiro, passou a indagar o
Senhor a respeito do futuro do seu povo, do futuro de Israel, já que não via
como, humanamente, no limiar do domínio persa sobre o Oriente, poderia haver a
restauração de Israel e o cumprimento das profecias até então existentes a
respeito de uma aliança perpétua entre Deus e o Seu povo.
- Em resposta a esta oração sincera de Daniel, Deus, então,
enviou o anjo Gabriel, que veio transmitir a mensagem divina relativa às
setenta semanas, mensagem esta que só foi entregue após uma luta espiritual
entre anjos, a demonstrar que o inimigo tentou (e sempre tentará) impedir que
houvesse esta revelação, porquanto o conhecimento a respeito do que vai
acontecer traz benefícios espirituais importantíssimos para os servos do
Senhor. Não é por acaso, portanto, que os falsos ensinos têm tido a escatologia
sempre como um dos alvos preferenciais, seja com distorções doutrinária, seja
com o relegar deste estudo ao último plano.
- Não é nosso objetivo aqui, até porque não é este o tema de
nosso estudo nesta lição, dissecarmos a profecia das setenta semanas de Daniel,
mas, sim, de demonstrar que é a partir do que está nesta profecia que devemos
compreender as profecias bíblicas ainda não cumpridas naquele tempo e, em
especial, as que ainda não se cumpriram no nosso tempo, ao mesmo tempo em que
destacamos alguns elementos presentes nesta profecia e que são a chave para uma
compreensão correta da escatologia bíblica.
- Em primeiro lugar, como vimos, a profecia veio em resposta
a um pedido do profeta Daniel, um servo de Deus, sobre o futuro do povo de
Deus, vez que se estavam cumprindo os setenta anos anunciados por Jeremias para
a duração do cativeiro. Portanto, a
escatologia está sempre relacionada com o futuro de Israel depois do cativeiro
da Babilônia. A relação, pois, entre a escatologia e o povo de Israel é
inevitável e sempre deve estar na mente dos crentes.
- Em segundo lugar, na profecia das setenta semanas, vemos
uma revelação destinada a um estadista experimentado, como era o profeta
Daniel, e a quem Deus já havia revelado o futuro da humanidade através da
revelação e interpretação de sonhos. Assim, um outro elemento que deve nos
chamar a atenção é que a escatologia
bíblica se relaciona, também, com o movimento do poder político entre as nações
sobre a face da Terra. Assim sendo, é impossível falarmos em termos
escatológicos sem avaliarmos o movimento do poder político entre as nações, ou,
para usarmos uma expressão muito em voga nos nossos dias, o cenário político
internacional.
- Em terceiro lugar, na profecia das setenta semanas, vemos
qual é o objetivo de todos os fatos que ocorrerão no período final da história.
O anjo Gabriel disse ao profeta que “…setenta semanas estão determinadas sobre
o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para extinguir a transgressão, e dar
fim aos pecados, e para expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar
a visão e a profecia, e para ungir o Santo dos santos…” (Dn.9:24), ou seja, a finalidade de todo este movimento
histórico outro não é senão pôr fim ao pecado que separa Deus do homem e,
com isto, reinstituir aquela comunhão plena que havia entre Deus e o homem
antes que os nossos primeiros pais pecassem. A história nada mais é do que o
período em que Deus e homem viveram separados um do outro por causa do pecado
cometido pelo homem e o fim da história será o fim desta separação, com o
retorno da comunhão entre Deus e o Seu povo, de forma absoluta, como se descreve
em Ap.21:3. Só então, quando o homem desfrutar desta comunhão plena com o seu
Senhor e Criador, não haverá mais necessidade de profecia ou de visão, passando
o homem a habitar plenamente no “Santo dos santos”, ou seja, na intimidade com
o Senhor, por intermédio do sangue de Jesus que já foi derramado no Calvário.
II – AS LINHAS DE
PENSAMENTO DA ESCATOLOGIA NA HISTÓRIA DA IGREJA
- A partir da profecia das setenta semanas, podemos elaborar
uma espécie de cronograma dos acontecimentos escatológicos, uma espécie de
calendário dos últimos dias, cujos eventos seriam estudados, à luz da Bíblia,
na doutrina das últimas coisas, considerando, logicamente, a versão restrita de
somente estudarmos aquilo que ainda não aconteceu a partir do nosso momento
histórico.
- A profecia das setenta semanas inicia, como não poderia
deixar de ser, com o término do cativeiro de Babilônia, que era o objeto da
preocupação do profeta Daniel, indagação a que se respondia com esta revelação
(cfr. Dn.9:2). Assim, a revelação dada ao profeta estabeleceu que haveria uma
ordem para a restauração e edificação de Jerusalém e que, a partir desta ordem,
haveria um tempo de sete semanas para o término da obra. Efetivamente, da ordem
dada por Ciro para a reconstrução de Jerusalém (II Cr.36:22,23 e Ed.1:1) até o
término da obra por Neemias (Ne.6:15), houve um período de 49 anos, ou seja,
sete semanas de anos.
- Em seguida, a profecia fala de “sessenta e duas semanas”
até a vinda do Messias, que era a grande promessa escatológica da época de
Daniel, conforme havia sido profetizado desde Moisés, mas, de uma forma direta,
através dos ministérios de Isaías e Miquéias. Quando verificamos os episódios
históricos, vemos que, entre a reconstrução de Jerusalém, terminada por
Neemias, e a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, passaram-se 434 anos, ou
seja, 62 semanas de anos.
- A profecia, então, diz que Messias seria tirado e não
seria mais (Dn.9:25). Isto se cumpriu literalmente, pois, realmente, os judeus
rejeitaram Jesus, mandando-o à crucificação (Mt.27:23-26), tendo, então, havido
a interrupção do relacionamento entre Deus e o povo judeu, que Paulo, em sua
carta aos Romanos, figura como sendo a quebra dos ramos naturais da oliveira e
o enxerto do zambujeiro (Rm.11:17-32). Há, então, uma parada na profecia das
setenta semanas, pois surge aí um período de tempo que não se refere ao povo de
Israel (a profecia das setenta semanas diz respeito ao povo de Daniel, ou seja,
a Israel, como se vê de Dn.9:24), que é o período chamado de “dispensação da
Igreja” ou “dispensação da graça”.
- Até este ponto, como se trata de fatos já acontecidos ao
tempo do surgimento da Igreja como o novo povo de Deus na Terra, não há
discussão. A polêmica aparece quando se trata de perguntar quando haverá o
cumprimento da última semana de Daniel e o que está para acontecer.
- Ao longo da história da Igreja, surgiram diferentes linhas
de pensamento a respeito destes dois assuntos, o que faz com que tenhamos,
necessariamente, diferentes escatologias, sendo necessário apresentarmos as
diversas linhas de pensamento e nos posicionarmos, para que venhamos a ter um
estudo profícuo e sem confusões.
- Com relação ao período da última semana de Daniel, tem
sido ele conhecido pelo nome de “Grande Tribulação”, expressão tirada de
Ap.7:14, qualificada como um “tempo de angústia que nunca houve” (Dn.12:1).
Basicamente, três têm sido os pensamentos a respeito de quando ocorrerá este
período, a saber:
a) o pré-tribulacionismo
– é a linha de pensamento que entende que a Grande Tribulação ocorrerá
imediatamente após o arrebatamento da Igreja, ou seja, a Igreja não passará
pela Grande Tribulação. É a posição oficial das Assembléias de Deus.
b) o mídi-tribulacionismo
– é a linha de pensamento que entende que metade da Grande Tribulação ocorrerá
antes do arrebatamento da Igreja, ou seja, a Igreja não passará pela segunda
metade da Grande Tribulação. É a posição que tem sido assumida no período
recente por diversos estudiosos da Bíblia, inclusive ensinadores vinculados às
Assembléias de Deus.
c) o pós-tribulacionismo
– é a linha de pensamento que entende que a Igreja sofrerá toda a Grande
Tribulação, negando até a existência do arrebatamento da Igreja como um evento
separado da vinda de Jesus em glória. É a posição oficial dos movimentos
adventistas.
- Com relação aos fatos que ainda irão acontecer,
independentemente do cumprimento da última semana de Daniel, há, ainda, uma
discussão a respeito do reino milenial de Cristo. Como já dissemos, um elemento
central da escatologia do Antigo Testamento era o estabelecimento do reino do
Messias em Israel, algo que, até hoje, é aguardado com ansiedade pelos judeus.
Esta esperança messiânica está patente na própria profecia das setenta semanas,
onde o Messias é citado nominalmente. Nesta mesma profecia, entretanto, é dito
que o Messias seria tirado e não seria mais, como a indicar que, na sua
primeira aparição, o Messias não cumpriria todas as profecias a respeito de um
reino que terá sobre as nações.
- Não foi difícil aos cristãos, então, ante os próprios
ensinamentos do Senhor, compreenderem que haveria um reinado de Cristo sobre a
Terra, algo que o Senhor deixou claramente para o futuro, quando indagado a
respeito pelos discípulos, pouco antes de Sua ascensão (At.1:6,7), e que foi
confirmado depois pelos anjos mandados após o desaparecimento físico do Senhor
(At.1:11). Este reino, inclusive, foi revelado à Igreja, duraria mil anos
(Ap.20:4), daí, então, passar a ser conhecido como o “reino milenial de Cristo”
ou, simplesmente, de “milênio”. - Pois bem, ao longo da história da Igreja,
surgiram, também, três linhas de pensamento a respeito do milênio, correntes
estas que também influenciam decisivamente o estudo da doutrina das últimas
coisas, a saber:
a) o pré-milenismo
– é a linha de pensamento segundo a qual o reino milenial de Cristo é anterior
ao julgamento final e ao fim da história humana, ou seja, antes do fim deste
mundo, Cristo ainda reinará mil anos sobre a Terra. É a posição oficial das
Assembléias de Deus.
b) o pós-milenismo
– é a linha de pensamento segundo a qual o reino milenial de Cristo é posterior
ao julgamento final e ao fim da história humana, ou seja, o milênio, na
verdade, é o estado eterno, o novo céu e a nova terra onde habita a justiça,
sendo a expressão “mil anos”, pois, metafórica, que significa a eternidade. É a
posição dos movimentos adventistas.
c) o amilenismo –
é a linha de pensamento segundo a qual o reino milenial de Cristo é a própria
dispensação da Igreja, ou seja, o reino de Cristo é o domínio da Igreja sobre o
mundo, o triunfo da evangelização. Quando todos os homens se converterem, virá
o fim da história. É a posição oficial da Igreja Romana.
- Percebe-se, de pronto, que o estudo da doutrina das
últimas coisas é difícil e exige muito cuidado por parte do cristão. Conforme
nos posicionamos nesta ou naquela linha de pensamento, a respeito destes dois
assuntos que advêm da profecia das setenta semanas, teremos conclusões
diferentes e, muitas vezes, contraditórias entre si. A verdade, sabemos, é
única, é uma só e, por isso, não podemos admitir interpretações conflitantes.
Admitimos, entretanto, que, em certos pontos absolutamente secundários,
poderemos até considerar pontos-de-vista nascidos em linhas de pensamento
diferentes, dentro da máxima cunhada por Agostinho, segundo a qual, em
teologia, devemos ter unidade nas coisas essenciais; liberdade, nas coisas
secundárias e caridade (isto é, o amor “agape”), em todas elas. As Assembleias de Deus adotaram
oficialmente as linhas pré-tribulacionista e pré-milenista. OBS: O item 11
do Cremos das Assembleias de Deus é bem claro a este respeito, “in verbis”:
“Cremos: Na Segunda premilenial de Cristo, em duas fases distintas. Primeira -
invisível ao mundo, para arrebatar a sua Igreja fiel da terra, antes da Grande
Tribulação; segunda - visível e corporal, com sua Igreja glorificada, para
reinar sobre o mundo durante mil anos. (1Ts 4.16. 17; 1Co 15.51-54; Ap 20.4; Zc
14.5 e Jd 14)”.
III – A NECESSIDADE
DO ESTUDO DA DOUTRINA DAS ÚLTIMAS COISAS
- Mas é necessário
estudarmos a “doutrina das últimas coisas”? Em que isto contribui para a
vida espiritual do cristão. Não bastaria a ele saber que Jesus vai voltar e se
manter preparado para esse grande dia?
- Em primeiro lugar,
devemos observar que este estudo é
necessário porque Deus não faz coisa alguma sem qualquer propósito ou
finalidade. Se parte considerável das Escrituras está relacionada com a
doutrina das últimas coisas, é sinal de que há necessidade de o homem saber as
coisas que irão acontecer, pois, se assim não fosse, Deus não “perderia tempo”
em revelá-las e em tanta quantidade.
- Em segundo lugar,
temos de ter a consciência de que, quando Deus diz ao homem o que irá
acontecer, está, sem dúvida alguma, mostrando ao homem que é o Senhor de todas
as coisas, que tudo está sob o Seu controle, inclusive a história humana. A
palavra profética mostra ao homem, ser racional e moral, que Deus é, realmente,
o Senhor da história e que está no controle de todas as coisas, tanto que, com
antecedência, diz o que irá acontecer. Através do estudo da Escatologia,
portanto, vemos que Deus é onisciente, porque sabe todas as coisas; onipotente,
porque tem poder para realizar aquilo que foi prometido e predito e
onipresente, pois está presente tanto no momento da profecia quanto no de seu
cumprimento. OBS: “…O primeiro motivo e mui principal por que Deus costuma
revelar as cousas futuras (ou sejam benefícios ou castigos) muito tempo antes
de sucederem, é para que conheçam clara e firmemente os homens, que todas vêm
dispensadas por sua mão. Arma-se assim a sabedoria eterna contra a natureza
humana, sempre soberba, rebelde e ingrata, ou porque se não levante a maiores
com os benefícios divinos, e se beije as mãos a si mesma, como dizia Job, ou
porque não atribua a cousas naturais (e muito menos ao caso) os efeitos que vêm
sentenciados como castigo por sua justiça, ou ordenados para mais altos e
ocultos fins por sua providência.…” (Antonio VIEIRA. História do futuro. Cap.
IV, § II.
http://www.google.com/search?q=cache:5PnmW3PGbLYJ:www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/futuro1.html+%22hist%C3%B3ria+do+futuro%2
2,+Vieira&hl=pt-BR Acesso em 16 set. 2004)
- Em terceiro lugar,
ao anunciar o que vai acontecer, Deus permite ao homem que tome uma decisão
consciente a respeito de seu destino eterno. Deus sabe que o homem não tem
condições de, por si só, vislumbrar o futuro e, como ser racional que é,
poderia, muito bem, questionar o que viria a ocorrer e, inclusive, de modo
legítimo, indagar sobre a justiça divina, uma vez que seria obrigado a confiar
em Deus e em Sua Palavra para ter a salvação, sem que Deus desse qualquer
garantia de que é, efetivamente, o Senhor de todas as coisas, o Criador do
homem. Através da palavra profética, entretanto, Deus mostra, claramente ao
homem, que a Sua soberania atual, que é verificada pelo homem com a sua razão,
não é algo passageiro ou pontual, mas é eterna, tanto que profecias têm sido
cumpridas infalivelmente e outras estão se cumprindo e outras ainda se
cumprirão. Deus, através da palavra profética, mostra a Sua justiça para com o
homem e não lhe permite rejeitá-l’O ou aceitá-l’O inconscientemente.
- Em quarto lugar,
Deus revela, nas profecias, os Seus propósitos, os Seus objetivos e para onde
deve o homem caminhar se quiser agradá-l’O. Tudo o que acontece tem como
objetivo extinguir a transgressão, dar fim aos pecados, expiar a iniquidade e
trazer a justiça eterna. Deus tem um plano para o homem e é um plano de bênção,
um plano de salvação. Nada acontece por acaso e Deus já tem revelado ao homem o
caminho que percorrerá para tornar a restabelecer a plena comunhão com o homem.
A palavra profética, estudada pela Escatologia, mostra-nos este trabalhar de
Deus, o Seu imenso amor e misericórdia para com os homens pecadores e Seus
propósitos de nos beneficiar imensamente.
- Em quinto lugar, ao
revelar o que vai acontecer, Deus nos faz ter discernimento a respeito dos
fatos que ocorrem à nossa volta. O cristão, conhecendo os propósitos
divinos constantes das profecias escatológicas, tem condições para ver em cada
fato noticiado, neste mundo onde o efeito dos acontecimentos é cada vez mais
imediato, praticamente em tempo real, a mão de Deus e o cumprimento das
profecias. Ao contrário dos demais homens, que não conhecem a Palavra, o crente
saberá bem definir o significado deste ou daquele evento, o seu papel dentro do
plano divino estabelecido pelo homem e, assim, fazer com que este acontecimento
venha a ser assimilado de forma a que se aproxime mais do Senhor e se prepare
para a iminente vinda para arrebatar a Sua Igreja. Através da Escatologia, o
homem terá condições de ser, do ponto-de-vista espiritual, tão vigilante e
consciente quanto o agricultor em relação ao tempo, uma situação cuja ausência
foi criticada por parte de nosso Senhor (cfr. Lc.12:54-56).
- Em sexto lugar,
vemos o próprio exemplo das Escrituras, que nos indicam a necessidade do ensino
desta doutrina à Igreja. O maior sermão do ministério de Jesus não é, como
alguns pensam, o sermão do monte ou, mesmo, a Sua oração sacerdotal, mas o
chamado “sermão escatológico”, presente nos três evangelhos sinóticos (Mateus,
Marcos e Lucas), onde Jesus trata das coisas que ainda iriam acontecer e do fim
do mundo (Mt.24:1-3). Não bastasse isso, a mensagem mais repetida no Novo
Testamento a respeito de Cristo não é a que Ele é Senhor ou Salvador, mas, sim,
a de que Ele voltará, o que é reproduzido “…em 318 vezes em 260 capítulos, numa
média de um versículo a cada 25, havendo, na Bíblia, oito vezes mais
referências sobre a segunda vinda do que a primeira.” (Cf. ESTUDO 6. A maior
festa da humanidade. pequenosgrupos.com.br /Downloads/ESTUDO%206.doc).
- Todos os apóstolos, em seus ensinos à Igreja, sempre
fizeram questão de alertar sobre o estudo da doutrina das últimas coisas, como
revelam as epístolas de Paulo, Pedro, João, Tiago e Judas, sem se falar no
livro do Apocalipse, que é todo ele dedicado “ às coisas que brevemente devem
acontecer” (Ap.1:1). Os escritos dos chamados “pais da Igreja”, ou seja, os
grandes líderes e ensinadores dos dois primeiros séculos da Igreja, depois dos
apóstolos, contêm sempre referências, quando não se trata do próprio assunto do
escrito, à palavra profética e à Escatologia, que, certamente, era um dos
fatores que maior ânimo davam aos milhares e milhares de mártires daquele
tempo.
- Em sétimo lugar,
por fim, vemos que o ensino da Escatologia é necessário para que o crente não
deixe de dar prioridade às coisas celestiais, para que o crente não seja
iludido pelas coisas desta vida. Com efeito, a partir do momento que o crente
tem descortinado o plano divino para o homem, o que está por vir, percebe que
não tem tempo para desperdiçar com as coisas do mundo, muito menos de se
prender por elas. É por isso, aliás, que a pregação da “teologia da
prosperidade” dos nossos dias só tem lugar depois da omissão da pregação da
doutrina das últimas coisas em nossos púlpitos. Jesus bem mostrou isto, ao dar
o Seu sermão escatológico, precisamente quando os discípulos ameaçaram se
deixar deslumbrar com o templo de Jerusalém(Mt.24:1-3). Imediatamente após
perceber que Seus discípulos poderiam dar valor às coisas desta vida, às coisas
passageiras, Jesus lançou da palavra profética e, assim, impediu que o foco dos
discípulos se perdesse. Assim devemos fazer nos dias em que vivemos: ensinar e
pregar a doutrina das últimas coisas, como forma de impedir que os crentes se
percam nas coisas desta vida.
- Sem que estudemos a doutrina das últimas coisas, pois, não
teremos como conhecer verdadeiramente o Senhor. Não teremos condição de
visualizar este Deus amoroso, misericordioso, interessado em que o pecado tenha
fim e que vivamos com Ele para sempre. Não teremos como chegar à conclusão de
que Deus é o Senhor eterno de todas as coisas e que tem o controle de tudo. Não
poderemos servi-l’O de forma correta e segundo a Sua vontade, vez que não
teremos como saber os Seus propósitos e objetivos, já que desconheceremos o Seu
plano. Sem a Escatologia, corremos sério risco de não termos qualquer
discernimento dos fatos que acontecem à nossa volta e de sermos surpreendidos
despercebidos quando da vinda de Jesus.
IV – O CONFORTO ADVINDO DO ENSINO DA DOUTRINA DAS ÚLTIMAS
COISAS
- Já vimos a necessidade de estudarmos a doutrina das
últimas coisas, mas há um fator que deve ser destacado dentro desta
necessidade, que é o relativo ao conforto, ao consolo que a doutrina das
últimas coisas traz ao crente.
- Como já dissemos mais de uma vez neste estudo, ao
estudarmos a doutrina das últimas coisas, compreendemos a soberania divina e,
mais até do que isto, vemos que Deus, realmente, não é só o Senhor de todas as
coisas, mas é o Senhor eterno de todas as coisas, ou seja, não só tem o
controle de tudo nas Suas mãos, mas este controle não teve princípio nem terá
fim.
- Ora, ao percebermos
que o nosso Deus é o Senhor eterno de tudo, isto, naturalmente, nos serve de
grande conforto, pois temos a clara noção e consciência de que estamos a
servir a um Deus poderoso e que tem tudo sob Seu controle. Assim, apesar das
lutas e dificuldades que estamos a passar, a despeito de todos os fracassos e
revezes que experimentamos aqui e ali (e dos quais, frisemos, não estamos
livres, sendo mentiroso o ensinamento em contrário, como o propalado pela
chamada “teologia da prosperidade” ou “doutrina da confissão positiva”), temos
a plena convicção, que é sobremodo potencializada e intensificada quando nos
propomos a estudar a Escatologia, de que tudo que acontece conosco está de
acordo com a vontade de Deus e não poderá nos abalar no nosso relacionamento
com o Senhor, se Lhe formos fiéis e obedientes.
- A palavra profética
tem, assim, uma finalidade de consolar o crente, de lhe dar conforto,
alívio espiritual e de lhe renovar a fé e a esperança no seu Senhor. Não foi
por acaso que a palavra profética sempre foi pronunciada em ocasiões em que se
fazia necessário trazer consolo, edificação, exortação e ânimo para os servos
do Senhor.
- Na profecia-chave da Escatologia, ou seja, nas setenta
semanas de Daniel, a revelação profética foi trazida a Daniel para que ele
tivesse renovado o seu ânimo e a sua esperança em Deus e completasse o seu
ministério, ainda que em terra estranha. Tendo dedicado sua vida a administrar
um povo estrangeiro com sucesso e tendo tido a oportunidade de participar do
máximo poder político de seu tempo, Daniel, ao compreender que estava
terminando o tempo do cativeiro, não vislumbrou como Israel poderia ter o
destaque profetizado por Isaías, Miquéias e outros, dentro da ordem mundial
então existente. Assim, foi buscar a Deus, para que pudesse ter um rumo na sua
vida, para que pudesse compreender o que deveria fazer para agradar a Deus e
contribuir para o cumprimento das profecias, para o bem de seu povo, sem deixar
de fazer o que estava fazendo no lugar que havia sido posto por Deus. O Senhor,
então, para consolar e animar o Seu servo, fez-lhe a revelação das setenta
semanas, mostrando, assim, que um dos objetivos da palavra profética, da
Escatologia é, precisamente, o de animar o crente a cumprir o seu ministério.
Graças à palavra profética, pôde Daniel ir até o fim (Dn.12:13).
- Quando Jesus foi ocultado dos olhos dos discípulos, que
ficaram impactados com este “sumiço”, de imediato o Senhor mandou que dois
anjos renovassem aos discípulos a promessa da volta de Cristo (At.1:11),
renovação esta que foi suficiente para que mais ou menos 120 discípulos
deixassem o monte das Oliveiras e partissem para um período indeterminado de
oração no cenáculo, para cumprir a ordem de Jesus. Foi a palavra profética o
fator que os animou a fazê-lo e que permitiu que toda a obra de evangelização
do mundo, que prossegue até hoje, tivesse início. O papel da mensagem
escatológica, portanto, como se pode bem ver neste exemplo, é dar a necessária
esperança, o ânimo indispensável, para que a obra de Deus tenha seguimento até
a volta do Senhor. Por isso, a ceia do Senhor não só nos faz recordar o
sacrifício de Cristo no Calvário, não só atesta a nossa comunhão uns com os
outros e com o Senhor, como também aponta para a vinda do Senhor, a fonte de
nossa esperança (I Co.11:26).
- Ao escrever para os tessalonicenses, Paulo deixa explícito
este papel da palavra profética, da doutrina das últimas coisas para a Igreja.
Ao saber do desespero que tomara conta dos crentes de Tessalônica em virtude da
morte de alguns irmãos antes do retorno de Cristo, Paulo, na carta que lhes
escreveu, faz uma recapitulação dos seus ensinos anteriores a respeito das
últimas coisas (I Ts.1:9,10), dizendo, nesta “revisão”, que aqueles ensinos
deveriam servir-lhes de consolação (I Ts.4:13-18). Aliás, não é à toa que, nos
cultos fúnebres, via de regra, estas palavras de Paulo sempre sejam repetidas e
pregadas, pois não há maior consolo para uma família cristã enlutada do que a
certeza de que esta separação do ente querido será passageira, se todos se
mantiverem fiéis até o dia do arrebatamento da Igreja !
- A palavra
profética, ou seja, a doutrina das últimas coisas dá sentido e razão de ser
para os sofrimentos e perseguições sofridas pelos cristãos. Diz-nos o
escritor aos hebreus que Jesus suportou a cruz porque via o gozo que Lhe estava
proposto (Hb.12:2). Assim também, o crente que conhece o que vai acontecer no
futuro, sabe o que está reservado para quem se manter fiel e, por isso, pode
agir como os mártires do passado, como, por exemplo, o apóstolo Paulo que, em
sua última epístola, podia dizer que “…desde agora, a coroa da justiça me está
guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a
mim, mas também a todos os que amarem a Sua vinda.” (II Tm.4:8). Como um crente
pode ter esta confiança, se não tiver aprendido a doutrina das últimas coisas ?
- A doutrina das
últimas coisas, por fim, dá ao crente o que Pedro denominou de “ânimo sincero”
(II Pe.3:1). Quando o crente tem consciência das coisas que devem acontecer,
não há como deixar de o crente ter ânimo, pois sabe que o Senhor é o dono de
todas as coisas para todo o sempre. Como diz Pedro, quando lembramos dos
ensinos a respeito da vinda do Senhor, compreendemos quem são os apóstatas e
não nos deixamos levar por eles, tendo nossa confiança apenas em Deus.
Suportamos as afrontas, os sofrimentos e as perseguições e caminhamos, com
muita esperança e alegria, ao encontro do Senhor. Por isso, a palavra do crente
que conhece Escatologia só pode ser a veiculada por Paulo: “maranata”, ou seja,
ora vem, Senhor Jesus!
Fonte: http://www.portalebd.org.br/index.php/adultos/14-adultos-liccoes/737-licao-1-escatologia-o-estudo-das-ultimas-coisas-i
Ev. Dr. Caramuru Afonso
Francisco
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