Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 06 – O TRIBUNAL DE CRISTO E OS GALARDÕES - 1º TRIMESTRE DE 2016
(I Co 3.11-15)
INTRODUÇÃO
O Tribunal de Cristo
é o julgamento dos servos de Deus quanto às suas obras na Terra (2Co 5.10; Rm
14.10). Analisaremos que neste julgamento não seremos julgados quanto à nossa
posição e condição de salvos, e sim, quanto ao nosso desempenho como servos do
Senhor. Pontuaremos ainda que nesse grande julgamento da Igreja, todos hão de
prestar contas de sua administração (Lc 16.2; 19.13), e que naquele dia, o
Senhor requererá o nosso “relatório” (Ml 3.16-18). E por fim, concluiremos
mostrando que o Senhor nos julgará quanto à mordomia daquilo que nos entregou
(Lc 12.16-20; 1Co 6.12; Ef 5.16; 1Pe 4.10).
I - O SIGNIFICADO DO
TERMO “TRIBUNAL DE CRISTO”
Tribunal de Cristo é o primeiro dos eventos depois do
Arrebatamento da Igreja. Paulo refere-se ao Tribunal como o “bema” (2Co 5.10). O bema era um
estrado ou plataforma, utilizado por oradores (púlpito) e atletas (pódio). Os
bemas históricos eram plataformas elevadas em que governantes ou juizes se
sentavam para fazer discursos (At 12.21) ou julgar casos (At 18.12- 17). O
Tribunal de Cristo é visto por alguns apenas como um lugar de recompensas
(LAHAYE, 2009, p. 462). Paulo, entretanto, chama-o de um lugar de compensação do
grego “komizo”. O Senhor atenta para
o que fazemos, seja bom “aghathos”
ou mau “phaulos” e seremos
compensados de acordo com nossas obras (1Co 3.10-15) (Ídem, 2009, pp. 204,
205).
II - DIFERENÇA ENTRE
O TRIBUNAL DE CRISTO E O GRANDE TRONO BRANCO
A Bíblia diz que Jesus é o “justo juiz”, de modo que todos
os julgamentos serão justos e irrecorríveis (2Tm 4-8; 1Pe 1.17) Deus julgará
tanto crentes quanto ímpios. O
julgamento dos ímpios será diante do Grande Trono Branco um evento descrito em
Apocalipse 20.15, o qual ocorre após o reino milenial de Cristo que será o
último julgamento antes da eternidade futura. O julgamento dos iníquos
levará a um sofrimento proporcional à sua iniquidade (Mt 10.15; 11.23-24; Lc
19.27). Já o julgamento dos justos levará a recompensas maiores ou menores, em
proporção à fidelidade de cada um (Lc 19.11-27). Os ímpios comparecerão perante
o Grande Trono Branco que se dará depois do Milênio, os crentes comparecerão
perante o Tribunal de Cristo que se dará antes do Milênio. E neste Tribunal, os
crentes serão recompensados tomando-se por base o quão fielmente serviram a
Cristo ( Mt 28.18-20; Rm 6.1-4; 1Co 9.4-27; 2Tm 2.4-8; Tg 1.12; 3.1-9; 1Pd 5.4;
Ap 2.10) (LAHAYE, 2009, p. 462).
III - QUEM SERÁ
JULGADO NO TRIBUNAL DE CRISTO
A doutrina do julgamento do crente trata-se do Tribunal de
Cristo, isto é, o julgamento da igreja após o seu arrebatamento (2Co 5.10; Rm
14.10; 1Jo 4.17). É o dia da prestação de conta da nossa vida; da nossa
mordomia cristã, da nossa diaconia. Segundo a Palavra de Deus, o julgamento do
crente é tríplice. No passado, o
crente foi julgado em Cristo, no Calvário, como pecador (2 Co 5.21). No presente, ele é julgado como filho de
Deus, durante a sua vida (1Co 11.31). No futuro,
será julgado como servo de Deus, quanto à sua fidelidade no serviço prestado a
Deus (1Co 4.2-6; 2Co 5.10). Não será um julgamento de pecados do crente (Rm
8.1; Jo 5.24), mas das obras do crente (Ap 22.12; 14.13). Todos os salvos serão
julgados, e não apenas alguns (Rm 14.10; 2Co 5.10). Neste contexto, está claro
que se referem aos cristãos, não aos não-crentes. O Tribunal de Cristo, desta
forma, envolve crentes dando contas de suas vidas a Cristo. Não devemos olhar
para o Tribunal de Cristo como Deus julgando nossos pecados, mas sim como Deus
nos galardoando por nossas obras (GILBERTO, 2009, p. 376 – acréscimo nosso).
IV - QUANDO E ONDE
SERÁ ESSE JULGAMENTO
O Tribunal de Cristo acontecerá depois do arrebatamento da Igreja. Será realizado nos céus. A Bíblia ensina que este
julgamento será exclusivamente para os salvos arrebatados na vinda de Jesus. A
questão da salvação já foi resolvida. Não será um julgamento para condenação ou
salvação, será um julgamento para receber galardão conforme o que prometeu o
Senhor Jesus: “E eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo para dar a
cada um segundo a sua obra” (Ap 22.12).Se Jesus virá com o galardão, o
julgamento se dará logo após o Arrebatamento, ainda nos ares (1Ts 4.16,17; 2Ts
2.1; Mt 16.27; Ap 22.12; 1Pe 5.4), antes das Bodas do Cordeiro — nesta Ceia, a
Igreja já estará coroada (1Pe 5.4), vestida de linho fino, puro e
resplandecente (Ap 19.7-9). Os salvos de todas as épocas participarão dessa
reunião nos ares. Jesus disse que haverá recompensa na ressurreição dos justos
(Lc 14.14). Os heróis do AT que, tendo o testemunho pela fé, morreram sem
alcançar a promessa (Hb 11.39), ressuscitarão (1Co 15.51,52) para receber de
Cristo, o Justo Juiz, a coroa da justiça, pois, como Paulo, combateram o bom
combate, acabaram a carreira e guardaram a fé (2Tm 4.7,8). Todos os salvos
arrebatados serão julgados pelas suas obras, para receber ou não galardão (2Co
5.9,10; Rm 14.10-12; 1Jo 4.17) (LAHAYE, 2009, p. 463).
V - O QUE SERÁ
JULGADO
As más ações do cristão, quando ele arrepende-se, são
perdoadas no que diz respeito ao castigo eterno (Rm 8.1), mas são levados em
conta quanto a sua recompensa (2Co 5.10; Ap 14.13); isto é, tudo o que fizemos
fica registrado no Céu (Ml 3.16-18). No Arrebatamento, Jesus que conhece as
nossas obras (Ap 2.2,9,13,19; 3.8,15), trará consigo o resultado, a avaliação
de nosso trabalho. Existem cinco critérios deste julgamento que envolvem:
1º) a “lei da liberdade cristã” (Tg 2.12);
2º) a qualidade do trabalho que fazemos para Deus (Mt
20.1-16);
3º) o “material” empregado no trabalho feito para Deus (I Co
3.8,12-15);
4º) a conduta do crente por meio do seu corpo (2 Co 5.10) e
5º) os motivos secretos do nosso coração (I Co 4.5; Rm 2.16)
(GILBERTO, 2009, p. 376). O propósito do julgamento dos crentes diante do
Tribunal de Cristo é determinar se as obras de cada um foram dignas ou não. A
avaliação incluirá as obras em si, o zelo com que foram realizadas e o que as
motivou (LAHAYE, 2009, p. 464). Vejamos:
· As Obras. Aquilo que uma pessoa faz por
Deus é registrado em um memorial diante do Senhor dos Exércitos (Ml 3.16- 18).
As Escrituras prometem recompensas específicas para obras específicas (Mt
5.11-12; Lc 6.21-22; 14.12-14). Deus recompensará os crentes por todas as ações
que tiverem mérito ou valor eterno.
· Boas obras. Boas obras do grego
“agathos” podem ser definidas como aquelas que têm sido “manifestas, porque
feitas em Deus” (Jo 3.21; Ef 6.7-8; 1Ts 1.3). As boas obras são representadas
por ouro, prata e pedras preciosas. As boas obras também são chamadas de “fruto
de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus” (Fp
1.11; 2.13).
· Obras más. Paulo falou sobre a
possibilidade de ser “reprovado” ao não conseguir viver fielmente (1Co
9.24-27). Más ações do grego “phaulos” são desprezíveis aos olhos de Deus.
Podem ser chamadas de “obras mortas” ou “obras da carne”. O perigo de produzir
obras da carne reside no fato de que o trabalho do crente acaba sendo em vão,
inútil ou vazio (1Co 15.58; 1Tm 6.20; 2Tm 2.16; G1 4.9; Tt 3.9; Tg 1.26). Obras
más não possuem qualidade, por isso são caracterizadas como madeira, feno e
palha materiais de pouco valor ou durabilidade. Estas são as ações produzidas a
partir de motivações erradas (1Jo 2,28 versão atualizada).
· A Motivação. Deus sonda a nossa mente e
o nosso coração a fim de nos determinar a recompensa. A motivação de nossas
obras também será revelada no Tribunal de Cristo (Lc 12.2-3). O propósito ou
motivação de um coração legitima ou invalida os atos de uma vida (Mt 5.16;
6.1-21). Quando as obras são feitas para que outros as vejam, perdem-se as
recompensas, pois, os desígnios do coração do homem serão manifestos. (1Co 4-5;
Ap 2.23). Embora um serviço exercido por motivos errados possa resultar na
perda de recompensas, ele ainda pode ter efeitos eternos (Fp 1.14-19)
VI - QUAIS SERÃO OS
CRITÉRIOS DESSE JULGAMENTO
Jesus não galardoará
apenas o crente apóstolo, pastor, bispo, missionário, reverendo, teólogo,
cantor etc. O prêmio da soberana vocação (Fp 3.14) será dado aos “servos bons e fiéis” (Mt 25.21,23). A
base do julgamento serão “as obras”,
e não “os títulos” (1Co 3.10-15; Rm
14.12; Ap 22.12). Este texto mostra que as obras aprovadas são as realizadas em
Cristo, o fundamento. Os elementos ouro,
prata e pedras preciosas representam o trabalho feito com humildade, amor e
temor, para a glória do Senhor (1Co
10.31). Já os materiais madeira,
feno e palha facilmente consumíveis pelo fogo, falam das obras feitas por
vaidade, motivações erradas e egoísmo, para receber glória e ser visto apenas
pelos homens (Mt 6.2,5). Somente serão galardoados aqueles cujas obras
resistirem ao fogo da presença do Senhor (Hb 12.29). Não existe aqui nenhuma
margem para o falso ensinamento romanista do purgatório, visto que, após a
morte, segue-se o juízo (Hb 9.27). A expressão “o tal será salvo” não denota que a salvação só acontecerá após
esse julgamento, pois, existirem obras que, apesar de inconvenientes, não
interferem, até certo ponto, na salvação (1Co 6.12; 10.23; Hb 12.1; 1Ts 5.22).
Este julgamento será baseado em tudo o que tivermos feito por meio do corpo (Rm
14.10; 2Co 5.10; Hb 4.13; Mt 10.26).
VII - AS RECOMPENSAS
DESSE JULGAMENTO
Precisamos saber de
antemão que o nosso primeiro julgamento já ocorreu no Calvário. Neste
julgamento Jesus foi julgado em nosso lugar, sofrendo o castigo do nosso
pecado, a morte, para que pudéssemos ser salvos. Agora, no Tribunal de Cristo,
o crente será julgado como servo, isto é, quanto ao seu serviço prestado a Deus
e o seu testemunho (Ap 22.12). Não se trata de julgamento dos pecados do
crente, pois, nossos pecados já foram julgados em Cristo (2Co 5.21; Gl 3.13). A
nossa salvação é pela graça e pela obra redentora que Jesus consumou por nós
(Hb 7.27). Haverá diferentes tipos de galardões simbolizados por coroas e as
Escrituras mencionam três dessas coroas. Vejamos:
· A Coroa da Vida. Esta coroa é concedida
àqueles que perseveram em meio às provações (Tg 1.2-3,12; Ap 2.10; 3.11). Os
crentes devem alegremente perceber as provações como oportunidades dadas pelo
Senhor para que cresçam e amadureçam. Sua motivação deve também proceder do
amor que sentem por Deus.
· A Coroa da Justiça. Esta coroa está
reservada àqueles que ansiosamente aguardam o retorno do Senhor (2Tm 4.6-8).
Amar a vinda do Senhor supõe uma vida de obediência. Tamanha fidelidade
proporciona certo grau de segurança enquanto o fiel aguarda o breve retomo do
Senhor.
· A Coroa da Glória. Esta coroa é
prometida àqueles que apascentam o rebanho do Senhor pelos motivos certos (1Pe
5.2- 4; Fl 4.1; Dn 12.3;1Ts 2.19; Pv 11.30). Os obreiros piedosos, dignos de
recompensa, são aqueles que servem de coração, e não por obrigação. São
exemplos de uma vida piedosa para o rebanho. Reconhecem a obrigação pela qual
prestarão contas ao supremo Pastor (Ez 34-2-4).
CONCLUSÃO
No Tribunal de Cristo
haverá muitas surpresas. Coisas encobertas, positivas ou negativas, virão à
tona naquele grande Dia (1Co 4.5; 2Co 10.17,18; Pv 25.27; 27.2). As obras que
ninguém vê aqui serão expostas pelo Senhor, naquele Dia, para que todos tomem
conhecimento (Hb 4.13). Sejamos fiéis a Jesus Cristo até ao fim (Ap 2.10;
3.11), para que tenhamos confiança no dia do juízo (1Jo 4.17) e recebamos a
coroa incorruptível (1Co 9.25).
REFERÊNCIAS
·
CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento
Interpretado – Gênesis a Números. HAGNOS.
·
GILBERTO, et al. Teologia Sistemática
Pentecostal. CPAD.
·
HOWARD, Rick. O Tribunal de Cristo.
CPAD.
·
PENTECOST, J. Dwight. Manual de
Escatologia. VIDA.
·
ZUCK, Roy B. Teologia do Novo Testamento.
CPAD.
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