quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Esboço da Lição 06 - Paciência: evitando as dissensões

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
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Texto: (Tg 5.7-11)
Esboço da Lição 06 - Paciência: evitando as dissensões - 1º Trimestre de 2017

INTRODUÇÃO

Nesta lição refletiremos sobre a paciência como virtude do fruto do Espírito, notaremos sua importância  à vida do autêntico servo de Deus nas mas diversas áreas, e por fim, veremos algumas exortações bíblicas sobre a motivação que temos, em cultivar a longanimidade.

I – A PACIÊNCIA E O SEU SIGNIFICADO

1.1 Definição do termo. Do grego “makrothumia” também traduzido por “longanimidade”. É a junção de “makros” que significa “grande ou longo” e “thumos” que quer dizer “ânimo ou disposição” (BARCLAY, 1988 p. 88). Essa palavra grega aponta para a grande paciência, para a grande tolerância, para a persistência em não se deixar arrebatar pelas emoções fortes. De acordo com Champlin (2004, p. 904), há catorze ocorrências dessa palavra grega no Novo Testamento (Rm. 2.4; 9.22; 2 Co 6.6; Gl. 5.22; Ef 4.2; Cl 1.11; 3.12; 1Tm 1.16; 2 Tm. 3.10; 4.2; Hb. 6.12; Tg. 5.10; 1 Pe 3.20; 2 Pe 3.15).

1.2 Como atributo Divino. A longanimidade ou paciência como atributo de Deus, refere-se ao Seu autocontrole com relação a Sua justa ira diante da rebelião e do pecado (Êx 34.6; Nm 14.18; SI 85.3; 86.15; 103.8; 145.8; Jn 4.2; Rm 2.4; 1 Tm 1.16; 1 Pe 3.20; 2 Pe 3.9). “Um Deus que é santo deve punir o pecado, no entanto, sua natureza amorosa retarda essa punição para dar tempo ao pecador de se arrepender e abandonar o pecado” (1Tm 1.16; 1Pe 3.20). Devemos observar, porém, que, embora a paciência de Deus não conheça limites com relação à Sua profundidade (Rm 5.20), Seu comprimento e largura são limitados (Gn 6.3; Rm 11.22-a) (TYNDALE, 2015, p.1101).

1.3 Como fruto do Espírito. A paciência como fruto do Espírito, trata-se da virtude gerada por Ele no crente, proporcionando a habilidade de suportar, de forma graciosa, uma situação insuportável e resistir, com paciência, o irresistível (2 Co 6.6). Segundo Gilberto (2004, p. 46) “A paciência como fruto do Espírito, capacita o crente a exercer o autodomínio (conter-se ou refrear-se) diante da prova. Não é precipitado em acertar as contas ou punir […] Todos estes aspectos da longanimidade são parte do processo que nos conforma à imagem de Cristo” (2 Co 3.18; Cl 3.10; 2 Pe 1.5-8). Por meio dessa virtude, o cristão tem condições de manter o equilíbrio em meios as provações e diante das afrontas, sem alimentar o sentimento de vingança, antes entregando tudo nas mãos do Senhor (Rm 12.19). “[...] Longanimidade é o amor sofrendo ou suportando” (OLIVEIRA, 1987, p. 140).

II – A IMPORTÂNCIA DA PACIÊNCIA NA VIDA CRISTÃ

O que tem longanimidade é longânimo, do hebraico “erek appayim”, que quer dizer “lento em irar-se”, e  literalmente, essa expressão significa “comprido de nariz ou comprido de rosto”, e veio a ser associada à idéia de irar-se com dificuldade (talvez devido ao fato de que é no rosto que a pessoa mostra suas emoções fortes, pelo que, a fisionomia seria indicadora dessas emoções) ou então, como outros têm sugerido, o nariz é um indicador da ira, visto que a pessoa respira forte ou mesmo resfolega, quando excitada pela ira (CHAMPLIN, 2004, p. 904). Vejamos a importância de possuir a paciência:

2.1 No relacionamento interpessoal. As primeiras qualidades do fruto do Espírito – amor, alegria e paz – são ingredientes essenciais de nossa vida espiritual interior, de nossa relação pessoal com Deus; os três seguintes começando com a paciência ou longanimidade, são manifestações exteriores do amor, da alegria e da paz em nossas relações com as pessoas  à nossa volta (GILBERTO, 2004, p. 76). Sobre a importância da longanimidade destacamos: (a) O apóstolo Paulo expressa aos Colossenses o desejo de que eles tenham essa qualidade (Cl 1.9-11); (b) uma das características do autêntico cristão (Cl 3.12); (c) deve ser exercitada com todos (1 Ts 5.14); (d) virtude imprescindível para o ministério do ensino (2 Tm 4.2); (e) pacifica as intrigas (Pv 15.18).

2.2 Prevenindo contra a dissenção. Sobre a dissenção, já temos visto ser uma das obras da carne listadas pelo apóstolo Paulo aos gálatas. Do grego “dichostasia”, significa “sedição, rebelião”, e também “posicionar-se uns contra os outros”; trata-se daquele sentimento que só pensa no que é seu, e não também no que é dos outros (LOPES, 2011, p. 245). Na igreja que estava em Corinto, Paulo faz uma incisiva advertência sobre esse sentimento presente entre os irmãos; apesar de ser uma igreja fervorosa onde havia manifestações diversas dos dons espirituais (1Co 1.7) contudo, o apóstolo os chama de crentes carnais e não de espirituais (1Co 3.1). “A rivalidade, motivada por egoísmo, só pode resultar em divisões que destroem a unidade da igreja. Aqui, Paulo não está falando de diferenças fundamentadas em crenças sinceras; ele está preocupado com divisões ocasionadas por motivos errados, cuja procedência é determinada pela natureza  pecaminosa”. (BEACON, 2006, p.72). Uma vez que havia dissensões no seio da igreja trazendo partidarismo (1Co 1.10-12; 3.1-4) como também prejuízo à liturgia do culto (1Co 11.17-21); para corrigir esses e outros erros, o apóstolo reafirma a necessidade de possuir o “fruto do Espírito” caracterizado pela sua principal virtude o amor (1Co 13.1-7).

2.3 Um remédio contra ansiedade. De acordo com Andrade (2006, p.49) a ansiedade é: “Aflição, inquietação, preocupação. Estado de angústia que induz o ser humano a projetar, no futuro, perigos irreais, nascidos, via de regra, das interrogações do dia-a-dia”. A ansiedade tem sido responsável por grande parte dos problemas espirituais e emocionais de muitos crentes. Segundo Lopes (2007, p. 229): “A ansiedade é a maior doença do século. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, mais de 50% das pessoas que passam pelos hospitais são vítimas da ansiedade”. Em função disso, o Senhor Jesus adverte: “Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal” (Mt 6.34). O ansioso geralmente antecipa os problemas. A ansiedade produz o sofrimento antecipadamente; a ansiedade esgota as forças antes do problema chegar; por essa e outras razões precisamos da paciência como remédio para a alma (Fp 4.6; 1Pe 5.7).

III – EXORTAÇÕES À PACIÊNCIA

No último capítulo da sua epístola, o apóstolo Tiago pontua ricas recomendações e exortações a respeito de diversos assuntos, entre eles está a paciência necessária ao cristão. Destaquemos algumas delas:

3.1 A segunda vinda de Cristo, uma motivação à paciência (Tg 5.7-9). É importante destacar que a segunda vinda de Cristo é mencionada três vezes nessa passagem, por certo, com o objetivo de animar os irmãos a cultivarem a longanimidade ao terem em vista a bendita esperança da volta de Jesus (Tt 2.13). Ao ter essa esperança gloriosa em vista, somos fortalecidos para continuarmos sendo pacientes (Tg 5.8); não menos importante, Tiago lembra que a atitude inversa à vontade de Deus, ou seja, o crente não ser longânimo, será julgada (Tg 5.9).

3.2 Exemplos de paciência, uma referência a ser seguida (Tg 5.10,11). Para encorajar os seus leitores ao exercício da paciência, o apóstolo faz alusão a figuras e personagens que servem de modelo a serem seguidos. Vejamos:

3.2.1 O lavrador. Uma das atividades que mais exige paciência, com certeza, é de agricultor, isso se dá por razões conhecidas, pois, nenhuma planta cresce da noite pra o dia, pelo fato de o lavrador não controla as condições climáticas, etc. Na Palestina, o grão é plantado no outono e recebe a chuva temporã no final de outubro. Ele recebe a chuva [...] serôdia em março e abril, pouco antes de estar maduro. Durante todo esse tempo, o agricultor espera pacientemente pela colheita (BEACON, 2006, p.191). Por essa razão Tiago retrata o cristão como um “agricultor espiritual” à espera da colheita espiritual. A razão da sua paciência é sua esperança confiante na colheita, a ceifa faz a espera valer a pena (Tg 5.7). “Porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos” (Gl 6.9). “Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso coração” (Tg 5.8). Nesse exemplo a paciência é sinônimo de perseverança em aguardar pelos resultados (Hb 10.36-38).

3.2.2 Os profetas. Chamados para serem porta-voz de Deus, geralmente em períodos marcados por crises diversas, foram perseguidos e alguns mortos por sua fidelidade; perseguição essa, denunciada por Estevão diante do Sinédrio: “A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? até mataram os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo [...]” (At 7.52). Os profetas são exemplos de pessoas que suportaram as mais diferentes dificuldades de forma resoluta, para proclamar a verdade de Deus, servindo de referência conforme ensinou o Senhor Jesus: “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós” (Mt 5.11,12).

3.2.3 O patriarca Jó. Lembrado como exemplo de piedade (Ez 14.14,20), cuja integridade foi atestada pelo próprio Deus (Jó 1.1; 2.3). O patriarca por meio das aflições que enfrentou e venceu, tornou-se também um exemplo daqueles que por meio da perseverança e paciência, alcançam as bençãos do Senhor (Jó 42.10-17). Por meio desses exemplos Tiago deseja estimular os leitores a serem pacientes em momentos de aflições. Como um lavrador, esperamos a colheita espiritual, pois os frutos glorificarão a Deus; à semelhança dos profetas, testemunhamos apesar das perseguições; e como Jó, esperemos o Senhor cumprir seu propósito amoroso, sabendo que jamais causará qualquer sofrimento desnecessário na vida de seus filhos (Rm 8.28).

CONCLUSÃO

Concluímos que ter paciência é uma necessidade de todo cristão, diante das diversas situações a que estão  submetidos, como também nos tornar capazes de suportar e saber agir pacientemente, para conservação da unidade cristã evitando as divisões.

REFERÊNCIAS

BARCLAY, William. As obras da carne e o fruto do Espírito. VIDA NOVA.

CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS

LOPES, Hernades dias. Comentário Expositivo Gálatas. HAGNOS

OLIVEIRA, Raimundo de. As Grandes Doutrinas da Bíblia.CPAD

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD

TYNDALE,  Dicionário Bíblico. GEOGRÁFICA

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